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Editorial

A incansável tragédia das queimadas sem controle, por Henrique Cortez

A tragédia das queimadas sem controle repete-se incansavelmente, ano após ano. Os criminosos são os mesmos de sempre e fazem parte da mesma sociedade abalada e prejudicada pela irresponsabilidade daqueles que sempre afirmam ”apenas” ter queimado um inocente roçado.

Todo grande incêndio florestal começa com uma ”inocente” queima de roçado, que qualquer produtor rural sabe ser o inicio dos incêndios florestais, ainda mais em época de estiagem.

Sabem, mas pouco se importam. Pouco se importam que, além dos inestimáveis prejuízos ao patrimônio natural, causam sérias conseqüências à saúde pública, atingindo principalmente as crianças e os idosos. Crianças e idosos dos outros.

A queima é simples, fácil e barata. Mas, entenda-se como barata porque todos os custos sócio-ambientais serão diretamente transferidos para a sociedade.

A destruição tem sempre a mesma causa – as queimadas ilegais por fazendeiros, pecuaristas e produtores rurais.

A fumaça e as cinzas atentam contra a saúde da população da periferia das cidades e populações indígenas. Populações com que o agronegócio e as autoridades não se preocupam. Melhor dizendo, não ligam mesmo.

A tragédia das queimadas sem controle é um imenso desastre sócio-ambiental, pelas suas conseqüências à saúde pública, pela destruição de centenas de nascentes e olhos d’água, pela modificação do micro-clima e, ao longo do tempo, por potencializar os períodos de estiagem.

Esta agro-selvageria irresponsável fará com que as próximas gerações recebam, como herança, apenas as cinzas da Amazônia e do Cerrado

As fotos abaixo, do incêndio no Parque Nacional de Brasília, ótimo trabalho do fotógrafo Antonio Cruz, da Abr, dão uma boa mostra do que acontece no Cerrado

Henrique Cortez, coordenador do EcoDebate