2016, artigo de Montserrat Martins

[EcoDebate] Uma das qualidades pessoais que o século XXI exige é conviver com a incerteza e as instabilidades, em contraste com o mundo razoavelmente estável e previsível (para o bem ou para o mal) dos séculos passados. Aproveite o 2016 no Brasil para exercitar essa qualidade, pois o cenário tem muito de imprevisível.

Iniciamos 2016 tal como 2015, com a economia recessiva, atentados pelo mundo e crise política no país. O governo faz o discurso da recuperação mas no cenário internacional se observa que a China pode desacelerar sua economia até mais do que o previsto, o que também nos afeta.

A verdadeira questão é qual o planejamento de médio e longo prazo que fazemos. Se você gasta seus recursos além da conta, passará os anos seguintes pagando contas. Se você não planejar sua carreira, não tem como aumentar seus ganhos. Você está fazendo uma atividade, mas gostaria de estar fazendo outra? O que é preciso para buscar a própria realização, desenvolver ao máximo suas potencialidades?

O mesmo questionamento vale sobre a vocação do Brasil, que não superou até hoje a fase de “país das commodities”, que vem a ser industrializadas na Ásia, Europa e América do Norte e recompradas por nós próprios, que vendemos as matérias-primas sem valor agregado. Uma situação que só pode ser revertida com planejamento estratégico para as próximas décadas, ao contrário dos planos de governo que miram apenas a própria reeleição, a cada 4 anos.

Na história da vida de cada um de nós há decisões para coisas imediatas e as que miram o futuro, das quais um dia podemos nos orgulhar ou nos arrepender. Há sacrifícios momentâneos para recompensas futuras, ou desperdícios de oportunidades e perdas de tempo. Há planejamentos bem ou mal sucedidos, há acertos ou erros que não foram previstos também.

O Brasil começa 2016 repetindo polêmicas de 2014 e 2015, centrados nos anos recentes, sem um debate sobre o planejamento estratégico do país. Mariana, o maior desastre ambiental da nossa história, decorre de falta de prevenção. A crise hídrica de Cantareira em SP e a agonia do Rio São Francisco também. O nosso perfil comercial, sem agregar valor aos produtos, também é fruto da falta de visão antecipatória.

Um novo ano tem caráter simbólico, de que tudo pode ser renovado. Que pode ser uma nova maquiagem, um artifício cosmético para melhorar a auto-estima imediata, ou algo mais profundo, uma mudança para hábitos mais saudáveis, com resultados mais duradouros. Que em 2016 possamos ir além do imediatismo nas nossas vidas e na do país, planejando um futuro melhor e mais consistente, sustentável.

Montserrat Martins, Colunista do Portal EcoDebate, é médico psiquiatra, bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais e presidente do IGS – Instituto Gaúcho da Sustentabilidade.

in EcoDebate, 11/01/2016

[cite]

[CC BY-NC-SA 3.0][ O conteúdo da EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, à Ecodebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]

Inclusão na lista de distribuição do Boletim Diário da revista eletrônica EcoDebate

Caso queira ser incluído(a) na lista de distribuição de nosso boletim diário, basta enviar um email para newsletter_ecodebate+subscribe@googlegroups.com . O seu e-mail será incluído e você receberá uma mensagem solicitando que confirme a inscrição.

O EcoDebate não pratica SPAM e a exigência de confirmação do e-mail de origem visa evitar que seu e-mail seja incluído indevidamente por terceiros.

Remoção da lista de distribuição do Boletim Diário da revista eletrônica EcoDebate

Para cancelar a sua inscrição neste grupo, envie um e-mail para newsletter_ecodebate+unsubscribe@googlegroups.com ou ecodebate@ecodebate.com.br. O seu e-mail será removido e você receberá uma mensagem confirmando a remoção. Observe que a remoção é automática mas não é instantânea.