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Manifestantes protestam contra danos ambientais em obras das Olimpíadas

 

Um grupo de ambientalistas fez, no sábado (28), um protesto contra danos ambientais causados por obras das Olimpíadas de 2016. O ato aconteceu em frente ao hotel onde estava reunido o Comitê Olímpico Internacional (COI), em Copacabana. No local, acontecia uma entrevista coletiva com o presidente do COI, Thomas Bach.

 

Ambientalistas protestam contra danos ecológicos em obras para Jogos Olímpicos de 2016, no Rio. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

 

Alguns manifestantes conseguiram entrar no hotel e passaram a denunciar, aos gritos, o que consideram crimes contra o meio ambiente, como a construção do campo de golfe em uma área verde da Barra da Tijuca e o corte de dezenas de árvores em uma área no Parque do Flamengo, para ampliação da Marina da Glória.

Eles tiveram que ser contidos pela segurança do hotel e por um contingente da Polícia Militar, que ficou posicionada do lado de fora, isolando o local. A manifestante Mariana Abreu, integrante dos grupos Ocupa Golfe e Ocupa Marina, disse que o objetivo era chamar a atenção para os danos ambientais que as obras olímpicas estavam trazendo para áreas verdes da cidade.

“O motivo do nosso protesto é a derrubada de 300 árvores no Parque do Flamengo, para fazer a obra da Marina da Glória. É a destruição da natureza na Lagoa de Marapendi, com o campo de golfe, que está expulsando toda a fauna local. É uma obra absolutamente desnecessária para as Olimpíadas. Está tudo sendo destruído”, lamentou a ambientalista.

O presidente do COI foi informado do protesto, mas disse que as Olimpíadas deixarão legados positivos para a cidade, inclusive na área ambiental, forçando a expansão do processo de limpeza da Baía de Guanabara. Ele lembrou da primeira vez que o Rio se candidatou às Olímpiadas de 2004, quando perdeu justamente por problemas ambientais.

“Estamos satisfeitos em saber que, graças aos Jogos, progressos têm sido feitos. Mas isso ainda não é suficiente. Eu fazia parte da comissão de avaliação para os Jogos de 2004. Vim aqui em 1996 e 1997 e já naquela época essas questões eram consideradas. A limpeza das águas havia recebido muitas promessas na época. O Rio não ganhou os Jogos, e nada aconteceu. Ficou até pior. Agora, já temos mais de 50% [das águas tratadas], e o estado está trabalhando para chegar a 80% de tratamento. Tudo isso, sem os Jogos, não teria acontecido”, disse Bach.

Sobre o campo de golfe, o presidente do COI salientou que o sistema de irrigação dos gramados não utilizará água potável nem prejudicará as lagoas da Barra e de Jacarepaguá. “A irrigação do campo de golfe não vai afetar os recursos de água potável da população. Parte do campo já estava comprometida como área de despejos de materiais. Além disso, será a primeira área de golfe pública do Rio de Janeiro. Há dois campos de golfe na cidade, mas ambos são privados.” Sobre o corte das árvores na Marina da Glória, o executivo não se manifestou.

Apesar das explicações, na saída do hotel Thomas Bach foi recebido com vaias e apitaços pelos manifestantes. Mesmo assim, ele driblou o esquema de segurança e tentou falar com os ativistas, mas não foi possível, por causa do barulho. Apenas recebeu um panfleto com as reivindicações do grupo. Um dos manifestantes carregava um cartaz com a frase “Thomas Bach nature killer”, ou “Thomas Bach assassino da natureza”.

A próxima visita de inspeção do COI ao Brasil acontecerá em agosto deste ano. Em 2015, estão previstos 21 eventos-testes para saber se as arenas esportivas estarão aptas a receber as competições em 2016.

Por Vladimir Platonow, da Agência Brasil.

Publicado no Portal EcoDebate, 02/03/2015


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