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Limpeza de locais de águas subterrâneas contaminadas pode exigir décadas

 

água contaminada

 

[EcoDebate] Pelo menos 126 mil locais nos EUA tem as reservas de águas subterrâneas contaminadas e requerem remediação, sendo que cerca de 10 % destes locais são considerados “complexos”, ou seja, cuja restauração é improvável de ser alcançada nas próximas décadas, devido a limitações tecnológicas. Esta conclusão consta de um novo relatório [Alternatives for Managing the Nation’s Complex Contaminated Groundwater Sites] da National Academy of Sciences. O relatório acrescenta que o custo estimado da limpeza completa nesses locais varia de 110 a 127 bilhões de dólares, mas os números, tanto quanto ao número de locais como de custos estão provavelmente subestimados.

Vários programas nacionais e estaduais de remediação foram desenvolvidos ao longo das últimas três décadas, visando mitigar os impactos negativos na saúde humana e reduzir os riscos ecológicos causados pela contaminação subterrânea.

O Departamento de Defesa dos EUA já gastou cerca de US $ 30 bilhões em remediação de resíduos perigosos para resolver heranças passadas de suas operações industriais. No entanto, estes locais representam cerca de 3,4 % do total dos locais que requerem remediação, mas muitos deles apresentam os maiores desafios técnicos para a restauração e com custos muito mais elevados

“A completa remoção de contaminantes da água subterrânea, possivelmente em milhares de locais nos EUA é improvável, e, ao que tudo indica, não existem inovações tecnológicas, em um horizonte de tempo próximo, que poderiam superar os desafios do restabelecimento das águas subterrâneas contaminadas para padrões de água potável”, disse Michael Kavanaugh, um dos pesquisadores envolvidos no relatório.

“O tema central deste relatório é a forma como a nação deve lidar com os locais onde a contaminação residual permanece acima dos níveis necessários para conseguir a restauração”, afirmou Kavanaugh.

O comitê disse que, se um remédio em um local chega a um ponto onde os gastos contínuos trazem pouca ou nenhuma redução de risco antes de atingir os padrões de água potável, uma reavaliação da estratégia para a limpeza do local, chamada de avaliação de transição, deve ocorrer. O comitê concluiu que economia de custos são esperados com a implementação oportuna do processo de avaliação de transição, mas o financiamento ainda será necessário para manter a gestão em longo prazo nesses locais complexos.

O relatório deve servir de alerta porque a situação no Brasil não deve ser muito melhor e sequer desenvolvemos um mapeamento das áreas em que as reservas de águas subterrâneas estão contaminadas, quanto mais o planejamento integrado de remediação.

No nosso caso, tal como nos EUA, acumulamos décadas de contaminação por rejeitos industriais e agrícolas, mas também acumulamos décadas de contaminação por poluentes orgânicos, em especial pelo esgoto despejado in natura.

O relatório, sobre os EUA, indica que, em um horizonte de tempo próximo, não surgirão novas tecnologias que permitam resolver a contaminação em menos tempo e com menor custos.

No nosso caso, sequer chegamos à necessária vontade política de identificar o problema, quanto mais resolve-lo.

Da redação do EcoDebate, com informações de Jennifer Walsh, da National Academy of Sciences.

EcoDebate, 09/11/2012

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Alexa

One thought on “Limpeza de locais de águas subterrâneas contaminadas pode exigir décadas

  • Muito relevante a divulgação dessa matéria.
    Justamente em relação ao uso das águas, o Brasil instituiu o sistema de cobrança pelo uso das águas públicas como política do SNRH – Sistema Nacional de Recursos Hídricos, sub-hierarquizado em Institutos de Gestão das Águas, em cada estado. Por outro lado, a gestão nacional do Meio Ambiente aplica o princípio de responsabilidade na contaminação das águas pelo regime de poluidor-pagador das contaminações com responsabilidades apuradas. Ainda não se tem um SNGL – Sistema Nacional de Gestão de Lixos, cujas destinações, em sua maioria lixões e aterros sanitários, degradam não apenas as águas como também o solo e sub-solo. Mas, ligado ao tema apresentado nesta matéria do Ecodebate, seria interessante saber se há perspectivas de se identificar, nas custosas e já aventadas como nem sempre suficientes remediações, quem pagará a conta, onde estão os responsáveis pela poluição e degradação ambiental e das águas. Esse tremendo problema nunca foi inserido nas explanações de desenvolvimento do modelo americano de desenvolvimento, como altíssimos custos descartados nos cálculos das produções e consumos, especialmente em razão da competição. Foi fácil competir descartando tais custos e jogando para as gerações futuras. E agora como ficará se faltarem recursos. É até absurda a alegação daqueles que usufruíram do desenvolvimento e riquezas geradas dentro de tal sistema irresponsável dizerem agora, águas passadas, que não terão recursos para solucionar o problema criado. É sempre assim. Enquanto farta a arca do tesouro, esbanjam, dilapidam, não contingenciam reservas de/para riscos futuros e agora, de mão abanando, falam em falta de recursos. E não serão apenas as centenas de bilhões de dólares estimados fragilmente nessa primeira abordagem que vem a público. Serão várias centenas de bilhões que irão beirar ou atingir o primeiro Trilhão e não se pode ter certeza que será o suficiente e que resolverá o problema. Brasil e desenvolvimentistas à la United States que ponham a barba de molho. Já temos bastante remediação a fazer e se continuarem no ritmo em que as coisas vão, por aqui, não vai ter nem royalties do pré-sal que dê conta. Quem se candidatará a ser Ministra de Meio Ambiente a quem virá caber a condução de um possível e necessário programa de “remediação” tupiniquim? Desafio lançado. Que se antecipem as abordagens e discussões, e os levantamentos reais do tamanho dessa “bomba-relógio”! Pagando para ver.

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