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Responsabilidade Social: o paradigma da competitividade, artigo de Gilberto Barros Lima

[EcoDebate] O sentimento da competição sempre esteve impregnado nas relações humanas, tal comportamento não se conteve apenas nos estádios e disputas esportivas, o ato de competir se tornou uma alavanca para o sucesso profissional, empresarial e também no reconhecimento pessoal.

Ressaltando também o fenômeno da penetração da internet, isso causou uma revolução mundial não apenas na forma como a sociedade se comunica e busca a informação, muito além disso, como na maneira de se pensar e fazer a publicidade de qualquer evento. O desenvolvimento tecnológico registrado nas ultimas décadas provocou essa transformação no mercado mundial em varias frentes.

Por sua vez, a exacerbada competitividade tem sido um paradigma marcante no atual contexto em que a sociedade vivencia mudanças extraordinárias. Embora esse aspecto seja necessário para o progresso dos avanços tecnológicos e sociais, a competitividade é uma característica de força que o ser humano utiliza em determinados espaços para desenvolver suas atividades.

O mundo continua mudando não trazendo apenas avanços, mas surgindo inúmeros problemas, crises, conflitos nas áreas políticas, econômicas e sociais. Contudo, no cotidiano global têm surgido alternativas que visam amenizar essa conflituosa realidade.

Nesse período histórico do século 21, temos ouvido constantemente que vivemos a chamada era da transparência, o momento em que tudo sabemos numa questão de segundos, esse fenômeno faz com que encaremos as oportunidades e preveniremos todos os riscos para que não impliquem em resultados negativos afetando a reputação corporativa.

Não são poucos os desafios no presente e no futuro, a extrema necessidade de rever conceitos e políticas industriais obriga também toda a sociedade mundial aderir a uma nova postura defronte a questão socioambiental. Daí surge como ferramenta essencial a Responsabilidade Social, reforçada pela ideia de que “O terceiro setor, mostra-nos o caminho de que o que importa é o objetivo comum, ou seja, o exercício da responsabilidade social. (ARAÚJO, 2006, p.73)”.

Durante muito tempo, ocorreu uma visão contrastante quanto à responsabilidade social pelo fato de que a boa imagem era resultante basicamente da qualidade de produtos e serviços. Essa rotina era amplamente amparada por estratégias de marketing eficaz, porém esse modelo ultrapassado está perdendo a vez porque as empresas procuram se inserir numa rede de demandas, cumprindo diversas obrigações e selando cada vez relacionamentos em escala global.

Outro ponto de vista sobre a obrigatoriedade de assumir a Responsabilidade Social é comentada por Augusto (2008, p.5) quando afirma sua opinião: Mais do que apoiadores da iniciativa, somos todos agentes e protagonistas de um momento histórico do nosso mercado que reflete envolvimento, engajamento e, principalmente, maturidade para compartilhar dúvidas e problemas comuns, frutos do fato de vivermos na era da maior mudança da história recente. Só com autoconhecimento, mergulho profundo em questões sérias e delicadas e a união entre pares é que se consegue dar um passo além e ir em direção a uma evolução da classe.

Independentemente de a Responsabilidade Social conquistar a cada dia um espaço significativo no panorama global, ainda temos algumas complexidades quanto à utilização desse instrumento. Para exemplificar, Araújo (2006, p.10) esclarece que “A responsabilidade social é um tema amplo que, ao contrário de assistencialismo, estabelece uma proposta de gestão de empresas para ações sociais com diferentes públicos”.

De outra forma, Araújo (2006) revela que a responsabilidade social empresarial é um instrumento recente, polêmico e dinâmico, ou seja, o envolvimento desde a geração de riquezas lucros pelas empresas, numa visão bastante simplificada, até a implementação de ações sociais no plano de negócios das companhias, em contexto abrangente e complexo.

Marinho (2008) exemplifica que o consumidor está cada vez mais consciente, além de exigente quanto a produtos e serviços, a sociedade atual demanda uma postura social e ambientalmente responsável por parte das empresas. Consequentemente isto implica que as transformações econômicas e naturais pelas quais o mundo passa obriga a conscientização geral, a fim de reverter os prejuízos já causados.

No mesmo pensamento, o processo histórico da Responsabilidade Social em nosso País apresenta as seguintes características: O histórico e a evolução da prática da responsabilidade social no Brasil não diferem muito do contexto mundial; alguns aspectos podem ser observados com a mesma intensidade e importância. Um primeiro fator que contribuiu para o surgimento de uma consciência mais acentuada da necessidade de mudanças no panorama social aconteceu nos anos 70, com a expansão e o surgimento das Organizações Não-Governamentais, conhecidas como ONG´s. (ARAÚJO, 2006, p.14).

O surgimento dessa nova conscientização frisada acima vem ao encontro do que se vê adiante. Isto implica que a Responsabilidade Social é um paradigma de competitividade necessário para se obter a sustentabilidade em todos os segmentos do mercado, empresas, governos e toda a sociedade mundial. Naturalmente é um caminho árduo para que sejam postas em prática todas as reformas urgentes vigentes no mundo capitalista.

Entre as principais e mais urgentes mudanças de comportamento em relação à Responsabilidade estão a manutenção do elo entre todos os envolvidos e não apenas a participação de um dos seus elementos. Cabe assinalar que o envolvimento e comprometimento de algumas empresas, um grupo de políticos interessados pela causa e uma parcela da sociedade tem se alistado nessa longa batalha para mudar o rumo catastrófico causado durante todos esses séculos.

Desde o surgimento da Responsabilidade Social, esses grupamentos procuram assimilar uma nova ótica que o futuro do planeta requererá para se desenvolver e crescer sustentavelmente. Nesse contexto surgem inúmeros conceitos ou mesmo jargões que enriquecem o vocabulário socioambiental.

Nessa gama de conceitos definimos o que é o empreendedor social, conforme relata Araújo (2006, p.70). O empreendedor social é aquela pessoa que possui o sonho e a vontade de transformar a realidade, mobilizando e sensibilizando pessoas para isso, pois sozinho o empreendedor social não conseguirá viabilizar esse sonho de transformação. Assim, o empreendedor social, além de pensar no coletivo, atua coletivamente.

Pensando dessa maneira o empreendedor social tem a relevante conscientização sobre toda a sua participação nesse longo processo. Isto também representa que reputação não se constrói de um dia para o outro […] (ARAÚJO, 2006, p.70).

Em consequência disso, Santa Cruz (2008, p.10) amplia essa presente preocupação com o empreendedorismo social: […] as empresas já não são consideradas apenas como entidades econômicas, geradoras de produtos e serviços. São avaliadas, e até fiscalizadas, como instituições sociais, como uma lista alentada de obrigações a cumprir. Precisam ser bons lugares para se trabalhar, boas vizinhas das comunidades onde atuam, demonstrar responsabilidade social, garantir diversidade no corpo de funcionários e transparência na relação com investidores, entre outras cobranças. Mais do que apenas produzir e vender, têm que cultivar relacionamentos com diversos públicos. Têm que conquistar e renovar constantemente, um mandato social para suas marcas.

Santa Cruz (2008, p.10) ainda continua sua postura quanto a reputação corporativa: “Porque se sabe que reputação é coisa frágil – um escorregão, como aprenderam a duras penas muitas empresas, pode comprometer o investimento de anos”.

É fundamental ter a habilidade de fazer diferente, pensar em soluções integradas, olhar as situações desde vários ângulos, trazerem soluções simples para problemas complexos, inovar, desconstruir e reconstruir processos (RIVELLINO, 2008, p.52).

Finalmente é reforçada a realidade de que a Responsabilidade Social veio para ficar, ser introduzida, entendida e principalmente vivenciada pela sociedade, pelo empresariado e todo o planeta.

Gilberto Barros Lima – Bacharel em Relações Internacionais, Pós-graduado em Gestão de Negócios Internacionais, Captador de Recursos (Fundraiser) do Centro de Recuperação Nova Esperança (CERENE), Professor Universitário de Responsabilidade Social e Metodologia da Pesquisa e do Ensino Superior. E-mail: gbarroslima@yahoo.com.br

EcoDebate, 04/04/2011

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One thought on “Responsabilidade Social: o paradigma da competitividade, artigo de Gilberto Barros Lima

  • Ira Marcia Arruda

    Artigo muito bom, esclarecendo que o capitalismo precisa
    mudar para não ser extinto; parar de sugar o ecosistema
    e seus habitantes para o lucro de poucos.

Fechado para comentários.