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Cabanagem, a maior revolta popular do país agora é game


Memorial Cabanagem (Belém – PA) Projeto de Oscar Niemeyer. Foto: Jefferson A. Capobianco, Flickr

[Por Luan Ribeiro, para o EcoDebate] A Cabanagem foi a única revolta em que os negros, índios e mestiços se uniram contra a elite política e tomaram o poder no Pará. Uma das causas da revolta foi a extrema pobreza das populações ribeirinhas e a ausência política à qual a província sofreu após a independência do Brasil. Apesar de ser de cunho popular, o movimento contou com a participação de pessoas da camada alta e média da nossa região, como o padre João Batista e o jornalista Vicente Ferreira Lavor Papagaio.

Bateu saudades dos tempos revoltos? Deu aquela vontade de se rebelar contra o sistema onde poucos ricos comandam muitos pobres? No game “Cabanagem”, criado pelo Laboratório de Realidade Virtual do Instituto de Tecnologia da Universidade Federal do Pará, pode-se abrir mão da realidade e voltar no tempo para este período da história Brasileira.

O jogo foi lançado em setembro deste ano e trata-se de uma mistura de estratégia e aventura com o objetivo de que o jogador tenha uma noção interativa da história do movimento cabano. Os líderes da revolta (Felipe Patroni, Batista Campos, Antônio Vinagre e Eduardo Angelim) estão presentes no Game, o jogador escolhe um destes para usar como personagem nas suas batalhas. E poderá viver na tela do computador os períodos da revolta que vão da chegada de Felipe Patroni no Pará, a fundação do jornal “O Paraense”, até o massacre conhecido como Brigue Palhaço (quando 256 revoltosos foram trancados dentro de um navio em condições precárias).

Oara o Professor doutor em Engenharia Elétrica e Computação Aplicada da UFPA, Manoel Ribeiro, os jovens cresceram com os videogames e a relação deles com o meio é mais do que diversão. A idéia é usar o game como uma forma lúdica de transferir conhecimento, ele não é tão profundo quanto um livro pode ser, mas tem um apelo muito mais forte. É sinônimo de diversão.
Fica a dica para quem tem interesse na história paraense, o game “Cabanagem” pode ser baixado gratuitamente no site www.larv.ufpa.br. Para jogar, é recomendável ter um computador com processador 3.0 GHz, 1 GB de memória RAM, placa de vídeo de 256 MB e sistema operacional Windows Xp ou Vista.

A ciência explica

A atração irresistível que exercem os jogos virtuais, especialmente sobre os jovens, está dando origem a uma nova cultura que S. Turhle chama de “cultura de simulação”. Esta autora, professora de sociologia da ciência no MIT (Estados Unidos), vem trabalhando, há décadas, sobre as relações entre crianças e adolescentes e computadores e jogos informatizados. Suas pesquisas revelam profundas transformações de ordem psicossocial provocadas pelo uso intenso destas máquinas de comunicação e informação que permitem aos jovens, sem sair de sua cadeira, não mais apenas assistir passivamente desfilar outros mundos, como na telinha da TV, mas criar eles mesmos seus próprios mundos e viver e interagir com outras pessoas no ciberespaço (Turkle, 1997).

Programas cada vez mais complexos (MUD – Multi User Domains), disponíveis na internet, permitem aos participantes criarem espaços virtuais e através deles interagirem com outros personagens criados por outros jogadores. Máquinas cada vez mais complexas possibilitam trabalhar com diferentes programas ao mesmo tempo, abrindo várias janelas na tela do monitor, e, por exemplo, fazer o exercício de matemática para a escola ou universidade, ao mesmo tempo em que participa de uma conversa(chat), de um jogo de avewnturas ou de “papéis” e mesmo de um jogo de sexo[Turkle, 1997, pg. 17]. Neste caso, a vida real está na janela do exercício de matemática e muitas vezes passa a ser encarada no mesmo nível das outras janelas: a realidade “vivida” e a realidade virtual acabam por serem percebidas como equivalentes [Belloni, 1999, p. 66].

*Luan Ribeiro é estudante de jornalismo do 4º período de jornalismo da Faculdade do Pará (FAP). Trabalho produzido para a disciplina Educação para a Mídia.

Colaboração de Rogério Almeida para o EcoDebate, 16/12/2009

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