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Antibióticos, antimicrobianos e antifúngicos contaminam os recursos hídricos

copo d'água

[Por Henrique Cortez, do EcoDebate] Antibióticos, antimicrobianos e antifúngicos contaminam os recursos hídricos da América do Norte, Europa e Ásia, de acordo com um novo estudo [Review of the Occurrence of Anti-infectives in Contaminated Wastewaters and Natural and Drinking Waters], publicado na edição online da Environmental Health Perspectives (EHP). Realizado por pesquisadores da Université de Montréal e do Environment Canada o estudo indica que fármacos anti-infecciosos, utilizados em seres humanos, animais e na agricultura, estão contaminando o meio ambiente e atingindo os reservatórios de água potável.

De acordo com os pesquisadores, os resíduos dos fármacos anti-infecciosos acabam atingindo os recursos hídricos nas regiões urbanas ou nas áreas agrícolas, o que aumenta o risco do desenvolvimento de bactérias resistentes, além de eventuais impactos na biota aquática.

O estudo avaliou três classes de antibióticos (macrolídeos, quinolonas e sulfonamidas) e o composto trimethoprim, em termos de presença na água na América do Norte, Europa e Ásia, identificando altas concentrações destes fármacos em águas residuais brutas, em comparação com águas residuais tratadas.

Os pesquisadores identificaram a contaminação de rios, lagos, estuários, bacias e até nas águas costeiras, o que pode ser um indicativo da crescente resistência microbiana aos antibióticos, antimicrobianos e antifúngicos.

Também identificaram uma crescente contaminação das águas residuais em decorrência da utilização agropecuária destes medicamentos.

Isto pode ser especialmente perigoso nos países em desenvolvimento, com sistemas de coleta e tratamento de esgotos precários e sem sistemas eficientes e seguros para tratamento de água para consumo humano e animal, efetivamente preparados para eliminar a presença de fármacos e outros contaminantes. Neste último caso, em especial, mesmo nos EUA e na Europa os sistemas de tratamento de água, em geral, não foram concebidos para eliminar medicamentos e hormônios.

O estudo “Review of the Occurrence of Anti-infectives in Contaminated Wastewaters and Natural and Drinking Waters,” publicado na Environmental Health Perspectives, foi realizado pelos pesquisadores Pedro A. Segura, Matthieu François ae Sébastien Sauvé da Université de Montréal e Christian Gagnon da Environment Canada Aquatic Ecosystem Protection Research Division.

O artigo, publicado na Environmental Health Perspectives, Volume 117, Number 5, May 2009, está disponível para acesso integral no formato HTML. Para acessar o artigo clique aqui.

Para maiores informações transcrevemos, abaixo, o abstract:

Review of the Occurrence of Anti-infectives in Contaminated Wastewaters and Natural and Drinking Waters

Pedro A. Segura,1 Matthieu François,1 Christian Gagnon,2 and Sébastien Sauvé1

1Département de Chimie, Université de Montréal, Montréal, Québec, Canada; 2Aquatic Ecosystem Protection Research Division, Environment Canada, Montréal, Québec, Canada

Abstract

Objective: Anti-infectives are constantly discharged at trace levels in natural waters near urban centers and agricultural areas. They represent a cause for concern because of their potential contribution to the spread of anti-infective resistance in bacteria and other effects on aquatic biota. We compiled data on the occurrence of anti-infectives published in the last 24 years in environmental water matrices. The collected information was then compared with the available ecotoxicologic values to evaluate potential environmental concerns.

Data sources: We used Web of Science and Google Scholar to search for articles published in peer-reviewed journals written in the English language since 1984.

Data extraction: Information on compound concentrations in wastewaters and natural and drinking waters, the source of contamination, country of provenance of the samples, year of publication, limits of quantification, and method of analysis was extracted.

Data synthesis: From the 126 different substances analyzed in environmental waters, 68 different parent compounds and 10 degradation products or metabolites have been quantified to date. Environmental concentrations vary from about 10–1 to 109 ng/L, depending on the compound, the matrix, and the source of contamination.

Conclusions: Detrimental effects of anti-infectives on aquatic microbiota are possible with the constant exposure of sensitive species. Indirect impact on human health cannot be ruled out when considering the potential contribution of high anti-infective concentrations to the spreading of anti-infective resistance in bacteria.

Address correspondence to S. Sauvé, Department of Chemistry, Université de Montréal, P.O. Box 6128, Station Centre-ville, Montréal, QC, Canada H3C 3J7. Telephone: 1-514-343-6749. Fax: 1-514-343-7586. E-mail: sebastien.sauve{at}umontreal.ca

Supplemental Material is available online at http://www.ehponline.org/members/2009/11776/suppl.pdf

This study was supported by the Fonds de Recherche sur la Nature et les Technologies du Québec, the St. Lawrence Action Plan, the Natural Sciences and Engineering Research Council of Canada, and the Canadian Foundation for Innovation.

The authors declare they have no competing financial interests.

Received 9 June 2008 ; accepted 21 January 2009.

* EcoDebate, 12/06/2009, com informações de Sylvain-Jacques Desjardins, Université de Montréal.

Nota do EcoDebate: sobre a contaminação das águas por medicamentos sugerimos que leiam, também, as matérias “Água dos EUA está contaminada com remédios” e “Água consumida por 41 milhões de norte-americanos está contaminada com medicamentos” .

Em relação à contaminação das águas no Brasil leiam “Estudo aponta contaminação em 70% das águas superficiais do Brasil. Apenas 25% do esgoto coletado no país é tratado“.

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