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Estudo avalia que a expansão dos agrocombustíveis pode ameaçar a biodiversidade na Europa

[Por Henrique Cortez, do EcoDebate] Pesquisadores e ambientalistas criticam a expansão dos agrocombustíveis pela sua pressão sobre as florestas dos paises em desenvolvimento e pelo potencial de reduzir a produção de alimentos.

No entanto, um novo estudo [Is biofuel policy harming biodiversity in Europe?], publicado na revista GCB Bioenergy, avalia que os mesmos riscos também ocorrem na Europa.

A demanda por agrocombustíveis é crescente, inclusive visando reduzir a emissão de gases estufa pelos combustíveis fósseis utilizados em veículos, que estimativas consideram como responsáveis por 25% das emissões atribuídas à demanda por energia.

A UE incentiva a produção de agrocombustíveis, tendo definido que, até o final de 2010, 5,75 do combustível veicular deverá ser biocombustível e, até 2020, deve atingir 10% do consumo total pela frota.

A agricultura européia é pesadamente subsidiada e a produção de agrocombustíveis é ainda mais e isto incentiva a conversão de áreas agrícolas para sua produção. A agricultura na Europa não utiliza intensamente o conceito de monocultura extensiva, sendo caracterizada pela diversidade de culturas. E isto acontece há séculos.

Além do risco de conversão de atuais culturas, ainda há a pressão para expansão sobre áreas florestais não protegidas, o que ameaçaria o meio ambiente, habitats e a biodiversidade. A biodiversidade européia, ao longo de séculos, não ‘aprendeu’ a conviver com monoculturas.

O etanol celulósico, considerado um agrocombustível de segunda geração, traria menor pressão sobre as áreas agricultáveis e sobre as florestas, reduzindo os impactos negativos.

Em síntese a pesquisa procura avaliar os impactos das monoculturas para produção de agrocombustíveis.

O resultado depende da ‘escolha’ do agrocombustível a ser produzido. Se a escolha recair sobre os agrocombustíveis de primeira geração (milho, soja, beterraba, girassol, canola, etc) certamente haverá perda de habitats. Se a opção for pelo agrocombustível de segunda geração (o etanol celulósico) os impactos serão significativamente menores.

A opção pelo etanol celulósico, no entanto, ‘esbarra’ em dois problemas: 1) a tecnologia ainda é experimental e sua produção, no estagio atual, é significativamente mais cara; 2) incentivar a produção do etanol celulósico significaria reduzir os incentivos e subsídios aos atuais produtores, o que geraria uma forte reação, com impactos políticos imprevisíveis, embora já se conheça a capacidade de organização e pressão dos agricultores europeus em defesa de seus subsídios.

O tema, cedo ou tarde, também será debatido no Brasil, no momento em que a tecnologia avançar o suficiente para tornar o etanol celulósico competitivo em relação à cana-de-açúcar.

O artigo “Is biofuel policy harming biodiversity in Europe?” está disponível para acesso integral no formato HTML. Para acessar o artigo clique aqui.

Abaixo transcrevemos o abstract:

Is biofuel policy harming biodiversity in Europe?
Jeannette Eggers, Katja Tröltzsch, Alessandra Falcucci, Luigi Maiorano, Peter H. Verburg, Erik Framstad, Gerald Louette, Dirk Maes, Szabolcs Nagy, Wim Ozinga and Ben Delbaere. GCB Bioenergy, 1, 2009, pp. 18-34 DOI: 10.1111/j.1757-1707.2009.01002.x

We assessed the potential impacts of land-use changes resulting from a change in the current biofuel policy on biodiversity in Europe. We evaluated the possible impact of both arable and woody biofuel crops on changes in distribution of 313 species pertaining to different taxonomic groups. Using species-specific information on habitat suitability as well as land use simulations for three different biofuel policy options, we downscaled available species distribution data from the original resolution of 50 to 1 km. The downscaled maps were then applied to analyse potential changes in habitat size and species composition at different spatial levels. Our results indicate that more species might suffer from habitat losses rather than benefit from a doubled biofuel target, while abolishing the biofuel target would mainly have positive effects. However, the possible impacts vary spatially and depend on the biofuel crop choice, with woody crops being less detrimental than arable crops. Our results give an indication for policy and decision makers of what might happen to biodiversity under a changed biofuel policy in the European Union. The presented approach is considered to be innovative as to date no comparable policy impact assessment has been applied to such a large set of key species at the European scale.

[EcoDebate, 28/04/2009]

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