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Recifes de coral começarão a dissolver quando a concentração de CO2 na atmosfera dobrar

Recife de coral na Flórida, EUA. Imagem do Florida Keys National Marine Sanctuary, NOAA's Coral Kingdom Collection
Recife de coral na Flórida, EUA. Imagem do Florida Keys National Marine Sanctuary, NOAA’s Coral Kingdom Collection

[Por Henrique Cortez, do EcoDebate] O aumento dos níveis de CO2 na atmosfera e seus impactos nos oceanos já estão prejudicando os recifes de coral e podem, efetivamente, ameaça-los de extinção. É o que diz uma pesquisa, a ser publicada na edição de 13/03, da revista Geophysical Research Letters.

Pesquisadores do Carnegie Institution e da Hebrew University of Jerusalem alertam que se a concentração de CO2 dobrar em relação aos níveis pré-industriais, os recifes de coral não apenar irão parar de crescer, como começarão a dissolver ao redor do planeta.

O aquecimento global e os níveis de CO2 na atmosfera impactam os recifes de coral, em razão da acidificação os oceanos (pelo CO2) e do aumento na temperatura da água (pelo aquecimento global). Estudos anteriores já haviam demonstrado que a acidificação e o aumento da temperatura da água inibem o crescimento dos recifes, mas, este é o primeiro estudo que avalia a possibilidade de que eles iniciem um processo irreversível de dissolução em poucas décadas, se os níveis de CO2 na atmosfera não forem reduzidos rapidamente.

Os resultados do estudo foram apresentados, no dia 25/02/2009, pelo pesquisador Ken Caldeira, do Carnegie Institution’s Department of Global Ecology, em audiencia na Câmara de Representantes (Câmara dos Deputados) no Congresso norte-americano (U.S. House of Representatives Subcommittee on Insular Affairs, Oceans and Wildlife , the Committee on Natural Resources).

Os pesquisadores trabalharam em diversos modelos climáticos, simulando os efeitos da temperatura e da química da água dos oceanos, para avaliar os impactos nos recifes de coral. Os valores de CO2 na atmosfera, para fins de simulação, utilizaram concentrações de 280 ppm (da fase pré-industrial) até 750 ppm do pior cenário possível.

Em 2008 foi estimado que a atual concentração de CO2 na atmosfera já supera 380 ppm e continua subindo.

Com base no modelo desenvolvido foram avaliados os impactos em 9000 recifes e, na maior concentração estudada (750 ppm), a acidificação da água do mar reduziria calcificação de três quartos dos recifes globais a menos de 20% de taxas pré-industriais. Esta taxa seria insuficiente para que os recifes pudessem compensar a dissolução natural e outros processos degenerativos.

Os pesquisadores, no entanto, acreditam que a situação pode ser ainda pior se os efeitos de branqueamento dos corais forem considerados no modelo estudado. O branqueamento do coral (bleaching) se refere à perda de algas simbióticas, que são essenciais para um crescimento saudável dos corais.

O branqueamento já é um problema generalizado e o aumento da temperatura é um dos principais fatores conhecidos.

De acordo com o seu modelo, os pesquisadores calculam que, nas atuais condições, cerca de 30% dos recifes já sofrem com o branqueamento e que, em níveis de CO2 de 560 ppm (o dobro dos níveis pré-industriais) os efeitos combinados da acidificação e branqueamento irão reduzir as taxas de calcificação dos corais de todo do mundo em 80% ou mais. Esta taxa de calcificação tornará todos os recifes vulneráveis à dissolução, mesmo sem considerar outras ameaças para os recifes, como a poluição.

Para acessar, no original em inglês, o depoimento apresentado na Câmara de Representantes (Deputados) no Congresso norte-americano clique aqui.

[Ecodebate, com informações de Ken Caldeira, Carnegie Institution]

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