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Governo quer aumentar uso de usinas termelétricas e Greenpeace critica proposta de aumento do uso de termelétricas

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse ontem (6), após a apresentação do Plano Decenal de Expansão de Energia 2008/2017, que, para atender ao crescimento da demanda do mercado nacional, o país terá que recorrer à produção de energia termelétrica, responsável pela emissão de gás carbônico. “Ou instalamos termelétricas ou faltará energia em alguns setores do país”, garantiu o ministro.

Lobão afirmou que o Brasil possui hoje em torno de 102 megawatts de energia instalados, mas que, em dez anos, será necessário produzir mais de 50 mil megawatts. Isto significa aumentar, em dez anos, 50% da potência atual instalada.

No Brasil, 85% da energia é oriunda de fontes hídricas. Este percentual, porém, deverá cair para 75% ao longo da implantação do Plano Decenal. Os outros atuais 15%, que vêm de térmicas de carvão, gás, diesel, só entram em funcionamento quando há falta de chuvas. “A matriz energética brasileira é a mais limpa do mundo”, destacou.

O ministro afirmou que a expectativa é que, dentro de 50 anos, o país chegue a 250 mil megawatts instalados, e para isso será necessário recorrer a algumas térmicas, entre as quais as nucleares, que têm custos módicos e são limpas. Serão implantadas inicialmente duas no Nordeste e duas no Sudeste brasileiro.

Lobão disse também que o governo continuará produzindo energia eólica, apesar de ser 50% mais cara que a hídrica. “A energia eólica é limpíssima, mas não podemos onerar o consumidor. Temos hoje em torno de 300 megawatts no Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Ceará. Vamos fazer um leilão específico em junho deste ano para três estados brasileiros”, informou Lobão.

Greenpeace critica previsão do governo de aumento do uso de termelétricas

A intenção do governo de diminuir a participação das hidrelétricas na matriz energética brasileira e aumentar a quantidade de energia gerada por termelétricas, prevista no Plano Decenal 2008/2017, apresentado hoje (5), não agradou a organização não-governamental Greenpeace, defensora do meio ambiente.

Para o coordenador de campanhas da entidade, Sérgio Leitão, isso mostra o desinteresse do governo com a geração de energias limpas. “O Brasil está indo na contramão do esforço que está sendo feito para diminuir a emissão de CO2, de apoiar a implementação de energias limpas e renováveis”, afirmou.

O Plano Decenal prevê que a participação das hidrelétricas na matriz energética brasileira vai cair dos atuais 85,9% para 75,9%. Por outro lado, o uso de termelétricas movidas a óleo combustível deve passar de 0,9% para 5,7% e a energia gerada por térmicas a carvão vai passar de 1,4% para 2,1%.

Durante a apresentação do Plano, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, justificou que as termelétricas são fundamentais para a segurança energética do país. “O ideal seria mantermos os mesmos percentuais de energia gerada a partir das hidrelétricas, mas todos sabem o quanto é difícil aproveitar melhor o potencial hidrelétrico do país”, disse.

O diretor do Greenpeace afirmou que há uma contradição entre o Plano Decenal e a posição do governo brasileiro ao apresentar, durante a Conferência das Partes sobre o Clima, na Polônia, um plano nacional de mudanças climáticas, no qual apostava na redução dos gases de efeito estufa.

“O governo tem vários representantes e não sabemos exatamente qual é a sua posição. Na prática, o que a gente vê é o Brasil sujando sua matriz energética, abraçando de novo energias sujas, antigas, e que são contrárias a qualquer esforço de uma redução das emissões de gases de efeito estufa”, afirmou.

Para Leitão, as energias renováveis são viáveis do ponto de vista ambiental, econômico e social. “O que precisa é que o governo tenha um compromisso sério com a energia de matriz limpa”, diz. Para ele, faltam políticas industriais do governo brasileiro para incentivar energias renováveis.

Leitão defende a expansão da matriz hídrica no país, por ser considerada limpa e barata. No entanto, ele alerta para a necessidade de um planejamento e da consulta às populações atingidas pela construção de novas hidrelétricas.

“Se esse setor for planejado a partir do interesse das empreiteiras, como foi na década de 70, nós vamos continuar assistindo a desastres ambientais como foi a Usina de Tucuruí (Pará) e Samuel (Rondônia)”, lembrou.

De acordo com o Plano Decenal, a previsão do governo é que a geração de energia nas termelétricas aumente de 1,9 mil megawatts para 10,4 mil megawatts até 2017. No caso das térmicas a carvão, a geração deve passar de 1,4 mil megawatts para 3,1 mil megawatts.

Em contrapartida, a geração de energia nas hidrelétricas deve passar de 84,3 mil megawatts em 2008 para 117,5 mil megawatts em 2017, e a geração de energia por meio de usinas movidas a biomassa e usinas eólicas deve passar de 1,2 mil megawatts para 6,2 mil megawatts.

Matérias de Lisiane Wandscheer e Sabrina Craide, da Agência Brasil, publicadas pelo EcoDebate, 07/02/2009.

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