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Para evitar racionamento, reservatórios terão metas a atingir em novembro

Os reservatórios de usinas hidrelétricas terão metas para atingir no fim de novembro, auge do período de estiagem, para minimizar os riscos de racionamento em caso de atraso nas chuvas. Essa nova política foi aprovada na quarta-feira pelo governo e depende apenas de regulamentação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para entrar em vigor. O nível-meta dos reservatórios, conforme a medida vem sendo chamada, deixará a ameaça de racionamento a curto prazo “próxima de zero”, assegurou ontem o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp. Por Daniel Rittner, do Valor Online, 20/06/2008.

O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), do qual Chipp faz parte, definiu que os reservatórios deverão chegar a 30 de novembro de 2008 com 53% de sua capacidade máxima, nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, e com 35%, na região Nordeste. Esse volume de armazenamento, explicou o diretor-geral do ONS, permitirá fazer uma travessia folgada de 2009, praticamente eliminando a possibilidade de uma crise de abastecimento. A nova política já estava em discussão, mas ganhou impulso após o susto vivido no último mês de janeiro, quando o atraso na chegada das chuvas fez ressurgir a possibilidade de racionamento.

As regiões Norte e Sul ficarão fora das metas. O Norte, por ter um regime hidrológico mais previsível e represas com menor capacidade de estoque. O Sul, pela possibilidade de receber até 6 mil megawatts (MW) de energia transferida do Sudeste durante o período seco. Chipp esclareceu que a política de metas para os reservatórios levará inevitavelmente a um acionamento maior de usinas térmicas. Alcançado o nível definido para o fim de novembro, o país ganha bastante conforto no ano seguinte: estaria descartado um racionamento mesmo na hipótese de haver o segundo pior regime de chuvas das últimas sete décadas no Sudeste, durante o período chuvoso (de dezembro a abril), e o pior de toda a história na região Nordeste.

“Isso muda completamente o paradigma da operação”, afirmou Chipp, que vê na medida um passo fundamental para diminuir a dependência exagerada do regime hidrológico. “O estoque de segurança é uma providência imprescindível para que o abastecimento não dependa tanto dos períodos chuvosos”, disse.

Certo de que “vamos diminuir os sustos”, Chipp manifestou a expectativa de que os agentes do setor elétrico contribuam com o aperfeiçoamento da nova regra, que irá à audiência pública na Aneel. Os níveis-meta estabelecidos para 2008 – que serão atualizados ano a ano – estão acima dos volumes armazenados nos reservatórios em novembro de 2007. Chipp disse que a nova política minimiza o custo das medidas adotadas para evitar problemas. “Quando se toma uma medida mais perto do problema acontecer, elas ficam mais caras. É melhor usar remédio em doses homeopáticas.”

Sistema Interligado Nacional terá mais 57 usinas

Por Chico Santos, Do Rio

Um total de 57 usinas de geração elétrica, sendo 44 termelétricas movidas a bagaço de cana e 13 pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) dos Estados de Goiás e do Mato Grosso do Sul cadastraram-se na Empresa de Pesquisa Energética (EPE) para se conectarem ao Sistema Interligado Nacional (SIN) por meio de 12 estações coletoras a serem construídas a partir de licitação a ser feita pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

No conjunto, elas representam uma potência de 2.968 megawatts, quase a capacidade individual das hidrelétricas do rio Madeira (Santo Antônio vai gerar 3.150 megawatts e Jirau, 3.300). Como são individualmente pequenas e situadas em áreas onde a rede do SIN é dispersa, é economicamente inviável para elas a conexão individual. Pelo cronograma, elas estarão todas interligadas de 2009 a 2011. Mas até segunda-feira todas terão de depositar garantias reais para ter direito ao acesso.

Enviado por João Suassuna, colaborador e articulista do EcoDebate.