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Notícia

Usina nuclear deve ser implantada na Bahia [vide nota do EcoDebate]

Estado é considerado forte candidato, já que desponta como o único produtor de urânio no país

A Bahia deve receber pelo menos uma das quatro usinas nucleares previstas para serem implantadas no Brasil até 2030. A estimativa se baseia no Plano Nacional de Energia (PNE) 2030, que indicou as margens do São Francisco como o lugar ideal para a instalação de uma central nuclear. Por possuir grande fluxo de água, o rio permitiria o resfriamento dos reatores das usinas sem maiores danos ao ecossistema. “Dos quatro estados banhados pelo São Francisco (Bahia, Alagoas, Sergipe e Pernambuco), a Bahia está mais gabaritada para ganhar essa primeira central, pois, além da sua posição geográfica, é o único estado brasileiro responsável pela matéria-prima utilizada no combustível dessas usinas, o urânio, retirado da mina de Caetité”, garante o secretário estadual de Ciência e Tecnologia, Ildes Ferreira de Oliveira. Por Graciela Alvarez, do Correio da Bahia, 20/05/2008.

Segundo o secretário, apesar de embrionária, a idéia já começou a ser amadurecida pelo governo baiano, uma vez que a construção de uma usina nuclear é um fator importante para alavancar o desenvolvimento da região.

“Se depender da minha vontade já estamos no páreo para disputar esse investimento. A implantação de uma termonuclear permite o crescimento econômico local, sem falar que serve como mais uma fonte de empregos”, opina Oliveira.

Quanto aos danos causados por esse tipo de geração de energia, ele ressalta que o mundo já dispõe de tecnologias ambientais suficientes para reduzir os resíduos radioativos gerados pela usina nuclear, além de condições seguras de armazenamento do combustível utilizado. “Não só devemos entrar na concorrência, como temos tudo para sairmos como estado vencedor”, completa.

Matéria enviada pelo Prof. João Suassuna, colaborador e articulista do EcoDebate
Não deixem de acessar o Portal da Rede Marinho Costeira e Hídrica do Brasil, para terem informações sobre a realidade nordestina.

Nota do EcoDebate

De um administrador público espera-se um mínimo de sobriedade e cuidado com projetos. Não se brinca com coisa séria.

Em primeiro lugar, jazidas de urânio não têm qualquer relação direta com usinas nucleares, simplesmente porque as usinas não usam minério de urânio como combustível.

Em segundo, uma usina nuclear é uma termelétrica cujas turbinas são acionadas por vapor. Logo, a oferta firme de água é componente essencial para sua viabilidade e segurança. As tais usinas projetadas no novo Programa Nuclear Brasileiro demandam um volume de água equivalente ao consumido por uma cidade de 100 mil habitantes.

E, deve-se supor, que até o secretário de Ciência e Tecnologia da Bahia saiba que o rio São Francisco agoniza, cada vez mais assoreado e com vazões perigosamente irregulares. Se, atualmente, já não existem volumes disponíveis para outorga cabe perguntar, de que rio São Francisco fala o secretário?

E, finalmente, quem combinou com a população ribeirinha se ela quer uma usina nuclear no seu quintal?

Só pode ser uma bricadeira de mau gosto.

Henrique Cortez
coordenador do EcoDebate