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Notícia

Estudo apresenta provas concludentes de que o aquecimento polar está sendo causado pela ação humana

[Conclusive proof that polar warming is being caused by humans]

Nature Geoscience, October 2008, Volume 1 No 10 pp635-718
Nature Geoscience, October 2008, Volume 1 No 10 pp635-718

Tanto a Antártida quanto o Ártico estão menos gelados devido ao aquecimento global, disseram cientistas na quinta-feira, num estudo que amplia a comprovação do impacto humano sobre o clima de todos os continentes.

“Pudemos pela primeira vez atribuir diretamente o aquecimento tanto no Ártico quanto na Antártida a influências humanas”, disse Nathan Gillett, da Universidade de East Anglia, na Grã-Bretanha, sobre o estudo que ele realizou com colegas de Estados Unidos, Grã-Bretanha e Japão. Por Alister Doyle, da Agência Reuters, com informações complementares do EcoDebate.

O Ártico sofreu um forte aquecimento nos últimos anos, e sua cobertura de gelo recuou em 2007 à menor extensão já registrada. Já na Antártida a tendência é menos clara – em alguns invernos das últimas décadas, houve expansão do gelo marinho, gerando dúvidas sobre o efeito global do aquecimento.

O Painel Climático da ONU, que reúne 2.500 especialistas do mundo, disse no ano passado que a pegada humana sobre o clima “já foi detectada em todos os continentes exceto a Antártida”, sobre a qual havia dados insuficientes para uma avaliação.

Em artigo na revista Nature Geoscience, os cientistas disseram que as novas descobertas preenchem essa lacuna.

O estudo, comparando temperaturas recordes e quatro modelos climáticos por computador, concluiu que o aquecimento de ambas as regiões polares provavelmente se explica pelo acúmulo de gases do efeito estufa, especialmente pela queima de combustíveis fosseis, e não por razões naturais.

A vinculação com as atividades humanas até agora era imprecisa porque há menos de 100 estações de medição de temperatura no Ártico e apenas 20 na Antártica, segundo os cientistas.

Enquanto a temperatura no Ártico subiu 2 graus Celsius nos últimos 40 anos, na Antártida o aquecimento foi inferior a 1 grau Celsius. O Ártico se aquece mais rápido do que a média do planeta porque a água, escura, atrai mais calor quando perde a sua cobertura branca habitual.

Cientistas estimam que o derretimento total do gelo da Antártida e da Groenlândia poderia fazer o nível global do mar subir cerca de 70 metros. O Painel Climático da ONU estima uma subida de 18-59 centímetros no nível do mar neste século, parte de um novo padrão que também deve incluir mais secas, inundações, ondas de calor e tempestades.

“Realmente precisamos prestar mais atenção ao que está acontecendo com as calotas polares”, disse Andrew Monaghan, do Centro Nacional para Pesquisas Atmosféricas dos EUA, em conferência telefônica junto com Gillett.

Questionado sobre se as descobertas afetariam sua opinião sobre o ritmo do degelo, ele disse: “Eu diria que ela se inclina um pouco mais para o lado sombrio do quadro”.

‘Attribution of polar warming to human influence’ by Nathan Gillett (UEA/Environment Canada), Phil Jones (UEA), Alexey Karpechko (UEA), Daithi Stone (University of Oxford/Tyndall Centre for Climate Change Research), Peter Scott (Met Office Hadley Centre), Toru Nozawa (National Institute for Environmental Studies, Japan), Gabriele Hegerl (University of Edinburgh), and Michael Wehner (Lawrence Berkeley National Laboratory, California) is published by Nature Geoscience on Thursday October 30 at 6pm, UK time.

Polar temperatures have been warming significantly over the past few decades. A comparison between observational temperature records and model simulations shows that temperature changes in both the Arctic and Antarctic regions can be attributed to human activity.

Attribution of polar warming to human influence
Nature Geoscience
Published online: 30 October 2008 | doi:10.1038/ngeo338

Nathan P. Gillett1, Dáithí A. Stone2,3, Peter A. Stott4, Toru Nozawa5, Alexey Yu. Karpechko1, Gabriele C. Hegerl6, Michael F. Wehner7 & Philip D. Jones1

The polar regions have long been expected to warm strongly as a result of anthropogenic climate change, because of the positive feedbacks associated with melting ice and snow1, 2. Several studies have noted a rise in Arctic temperatures over recent decades2, 3, 4, but have not formally attributed the changes to human influence, owing to sparse observations and large natural variability5, 6. Both warming and cooling trends have been observed in Antarctica7, which the Intergovernmental Panel on Climate Change Fourth Assessment Report concludes is the only continent where anthropogenic temperature changes have not been detected so far, possibly as a result of insufficient observational coverage8. Here we use an up-to-date gridded data set of land surface temperatures9, 10 and simulations from four coupled climate models to assess the causes of the observed polar temperature changes. We find that the observed changes in Arctic and Antarctic temperatures are not consistent with internal climate variability or natural climate drivers alone, and are directly attributable to human influence. Our results demonstrate that human activities have already caused significant warming in both polar regions, with likely impacts on polar biology, indigenous communities2, ice-sheet mass balance and global sea level11.
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1. Climatic Research Unit, School of Environmental Sciences, University of East Anglia, Norwich NR4 7TJ, UK
2. Atmospheric, Oceanic and Planetary Physics, Department of Physics, University of Oxford, Clarendon Laboratory, Parks Road, Oxford OX1 3PU, UK
3. Tyndall Centre for Climate Change Research, Environmental Change Institute, University of Oxford, South Parks Road, Oxford OX1 3QY, UK
4. Met Office Hadley Centre, Fitzroy Road, Exeter EX1 3PB, UK
5. National Institute for Environmental Studies, Tsukuba, Ibaraki 305-8506, Japan
6. School of Geosciences, The University of Edinburgh, Grant Institute, The King’s Building, West Mains Road, Edinburgh EH9 3JW, UK
7. Lawrence Berkeley National Laboratory, 1 Cyclotron Road, Berkeley, California 94720, USA

Correspondence to: Nathan P. Gillett1 e-mail: n.gillett@uea.ac.uk

[EcoDebate, 31/10/2008]

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