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Brasil deverá construir 50 usinas nucleares nos próximos 50 anos, afirma Lobão

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou ontem (12), em Angra dos Reis, que o Brasil já definiu como prioritária a retomada do programa nuclear brasileiro e que deverá construir cerca de 50 a 60 usinas nucleares nos próximos 50 anos – com capacidade de geração de aproximadamente mil megawatts cada unidade. Por Nielmar de Oliveira, da Agência Brasil.

As declarações do ministro foram dadas durante visita ao terreno onde será construída a Usina Angra 3, que deverá estar em operação, de acordo com a expectativa do ministério, em um prazo de cinco anos.

A unidade terá capacidade de gerar 1.405 megawatts de energia em sua potência plena. Para isto, ainda este mês, terá início a preparação do terreno onde será construído o canteiro de obras e o terreno onde será erguida a nova térmica.

“O problema surgido na Bolívia é mais uma prova de que nós teremos que dar continuidade ao nosso programa nuclear. O presidente [Luiz Inácio Lula da Silva] entende que a política nuclear é prioritária para o Brasil e Angra 3 é uma decisão pessoal do presidente – a partir de parecer do CNPE [Conselho Nacional de Política Energética].”

Lobão lembrou que já estão definidas a construção de quatro novas unidades nucleares – (duas no Sudeste e outras duas no Nordeste), com capacidade de geração de cerca de mil megawatts cada uma.

“No Nordeste, vários estados já manifestaram interesse em receber as usinas, entre eles Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia – todos querem as usinas. No Sudeste ainda não houve manifestação neste sentido. Mas há, sim, um programa em andamento a ser submetido ao CNPE para a construção de outras unidades totalizando 60 mil megawatts.”

Depois de lembrar que o país tem 100 mil megawatts de potência instalada, o ministro afirmou que não haverá qualquer problema para a obtenção do licenciamento prévio para o início das obras de construção da usina de Angra 3.

“Não há dúvidas de que as licenças não serão obstáculo e a usina será construída em cinco anos. Ao longo deste tempo todos os procedimentos legais necessários serão cumpridos. As exigências feitas pelo Ministério do Meio Ambiente chegam a 60 e todas, volto a repetir, estão sendo cumpridas ou serão ao longo da obra. Não há nenhuma possibilidade de a usina não ser construída em função dessas exigências.”

Lobão voltou a afirmar que o Brasil armazena de forma adequada o lixo nuclear. A respeito da exigência de que o país tenha um local definitivo para esses rejeitos, o ministro afirmou que nenhum país possui esse espaço.

“Nós estamos armazenando os nossos rejeitos de forma adequada e não há, em nenhum país do mundo, uma definição sobre um local definitivo para este armazenamento. Uma delegação da França esteve recentemente visitando nossas instalações e aprovou os nossos procedimentos – o consideraram adequados. E eles possuem uma vasta experiência no assunto. Mas vamos melhorar ainda mais”, destacou o ministro.

[Ecodebate, 13/09/2008]

Nota do Ecodebae:

Sobre as declarações do ministro Lobão sugerimos que leiam, também:

É prematuro falar na construção de 50 usinas nucleares no país, diz presidente da Aben

Nota do Ecodebate sobre a matéria ‘Brasil deverá construir 50 usinas nucleares nos próximos 50 anos, afirma Lobão’

One thought on “Brasil deverá construir 50 usinas nucleares nos próximos 50 anos, afirma Lobão

  • Miguel Lunetta

    Comentário aos próximos 50 anos de atividade nuclear
    1. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse que o Brasil vai construir uma usina nuclear por ano ao longo dos próximos 50 anos. E acrescentou: “O presidente Luíz Inácio Lula da Silva entende que a política nuclear é prioritária no Brasil e sua decisão é de que o processo para a instalação destas usinas deve prosseguir.”

    Segundo Lobão, as 60 exigências feitas pelo Ibama para que a licença de instalação fosse concedida estão sendo cumpridas “corretamente, a contento e dentro de um escalonamento.”

    Quanto à dificuldade de encontrar um local definitivo para o depósito dos resíduos nucleares, o ministro disse apenas que “a ferro e fogo um lugar definitivo não existe em lugar nenhum do mundo.”

    2. Deve-se considerar extraordinária e marcante a herança político-tecnológica que o governo quer deixar ao País para os próximos 50 anos. Enquanto países mais desenvolvidos em produção de energia por meio de usinas nucleares, desmontam suas instalações devido aos graves problemas ambientais que acarretam, o governo brasileiro assume a responsabilidade de brindar seu povo e suas regiões com a produção da energia mais suja que se conhece.

    Perguntamos: estão esgotadas as fontes de energia hidroelétrica no país? Porque não investir em complementar o eventual déficit de energias mediante a exploração de fontes limpas e inesgotáveis como a energia eólica, a energia solar, a energia das marés?

    Por qual motivo o Sr. ministro das Minas e Energia não divulga quais, entre as 60 exigências feitas pelo Ibama, estão sendo cumpridas? Quais lugares foram já designados para o depósito dos resíduos nucleares?

    Sem querer menosprezar a competência do Sr. Lobão, não excluímos que a escolha feita por Lula, foi baseada na ridícula identidade do primeiro nome do ministro com o do inventor da lâmpada elétrica. Mas isto não autoriza nem ministro nem presidente da república a violar os interesses do povo.
    Almejamos que o poder legislativo brasileiro oponha duro freio a tanta incompetência.

    Assinado: Miguel Lunetta.

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