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Pós Rio+20 sociedade civil promete assumir as rédeas de ações ambientais

 

Rio+40 - Charge por Jarbas para o DP Net, no Humor Político
Charge por Jarbas para o DP Net, no Humor Político – http://www.humorpolitico.com.br

Insatisfeitas com resultados da conferência, organizações anunciam união em um movimento global. Ministério do Meio Ambiente diz que o Brasil doará US$ 16 milhões para reforçar fundo e programa da ONU.

A Rio+20 terminou como um diálogo de surdos, em que os governos de 193 países reunidos no Rio de Janeiro pareceram não ouvir os apelos de milhares de organizações não governamentais, empresas, cientistas, academias e simples cidadãos do planeta.

Duas das mais importantes decisões foram adiadas: a definição dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, cuja conclusão foi agendada para 2013 com implementação a partir de 2015; e a discussão em torno do financiamento de iniciativas para atingir esses objetivos, delegada a um comitê intergovernamental cujos trabalhos devem se encerrar em 2014. Ambas as negociações só devem ser oficialmente iniciadas após a aprovação formal do documento da conferência pelos países membros das Nações Unidas na 68ª Assembleia Geral da ONU, que começa em setembro, em Nova York.

Diante de um documento final enfraquecido, líderes internacionais da sociedade civil decidiram ocupar o vácuo de poder e de propostas deixado pela própria conferência propondo um movimento global pela sustentabilidade. O apelo foi feito pelo ongueiro Kumi Naidoo, do Greenpeace, pela sindicalista Sharan Burrow, da União Internacional de Sindicatos, e pela representante da Cúpula dos Povos, a antropóloga Iara Pietricovsky.

A ideia é criar uma rede global que aproxime os movimentos, identificando propostas e críticas comuns. Em vez de defender só as bandeiras de cada grupo, o objetivo é criar uma agenda comum, para fortalecer alternativas ao modelo econômico atual e pressionar o poder público.

“É hora de todos sentarmos à mesa e esquecermos as divergências. A sociedade civil precisa se organizar, porque já sabemos que os governos não estão assumindo os compromissos necessários”, protestou Naidoo.

O canadense Maurice Strong, que ocupou a posição de secretário-geral da Rio 92, é voz de peso que engrossa o coro. “Parte do texto final da Rio+20 poderia ser impressa em papel higiênico. Há pontos importantes, mas há trechos muito fracos. Já o movimento da sociedade civil criou uma troca forte de experiências, que pode desembocar num movimento global mais organizado”.

Embora o documento final não inclua metas e compromissos específicos, a ONU afirmou, em balanço final da conferência, que mais de US 513 bilhões foram mobilizados em compromissos para o desenvolvimento sustentável. Além disso, 692 compromissos voluntários foram firmados por governos, empresas, grupos da sociedade civil, universidades e outros.

Rechaçando as críticas, a presidente Dilma Rousseff declarou que o resultado foi uma vitória da diplomacia brasileira e que se orgulha muito de o Brasil ter conseguido organizar uma conferência com respeito ao multilateralismo. Para ela a Rio+20 foi um ponto de partida, escrito, e nenhum país poderá esquecer ou deixar de cumprir o que foi acordado aqui.

“O que nós temos que exigir é que a partir deste momento as nações avancem. O que nós não podemos conceber é que alguém fique aquém dessa posição. Além dessa posição, todos podem ir, todos devem ir. Muitos países não quiseram assinar o financiamento. Agora temos que trabalhar para que isso seja colocado na pauta. Os países desenvolvidos não querem colocar, nós queremos”, disse a presidente.

US$ 16 milhões – Ao participar do Seminário “Os desafios do Desenvolvimento e da Sustentabilidade” representando a ministra Izabella Teixeira, a secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Samyra Crespo, afirmou que o Brasil fará mais do que as propostas presentes no documento final da Rio+20. Ela destacou que o Brasil reforçou sua liderança no multilateralismo com gestos efetivos, e não apenas simbólicos: o País vai doar US$ 10 milhões para um fundo de clima que vai ajudar países africanos e pequenas ilhas e outros US$ 6 milhões para o fortalecimento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).

“Aquilo que está no documento é a linha básica. Não significa que os países não podem fazer mais e o Brasil fará. Portanto, aguardem o Brasil, confiem no Brasil, fiquem apaixonados pelo Brasil, que esse é o nosso momento”, afirmou a secretária, citando as oportunidades que o País terá nas conferências de Qatar e Índia para mostrar seu desempenho.

Já Sérgio Besserman Vianna, presidente da Câmara Técnica de Desenvolvimento Sustentável do Rio, afirmou que a Rio+20 foi “muito boa” como evento, mas que o documento final da conferência “não está à altura do que percebemos como necessário”. Ele disse que teria apresentado uma opção mais ambiciosa para a discussão.

A crise econômica, segundo Besserman, tem sido responsável pela paralisação dos chefes de governo nos últimos anos, que “não conseguem se reunir e gerar ação sobre assunto nenhum desde 2008”. “A equipe é de uma excelência admirável, mas nós [o Brasil] fizemos a opção do mínimo denominador comum. Teria apresentado uma opção mais ambiciosa, embora o mais importante seja o momento histórico. Avançou-se muito”, disse o economista.

O desafio agora, segundo Besserman, é que os próximos 20 anos serão os mesmos para que o mundo deixe a crise de 2008 e também construa uma economia de baixo carbono.

Matéria em O Globo, socializada pelo Jornal da Ciência / SBPC, JC e-mail 4526 e publicada pelo EcoDebate, 27/06/2012

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