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Exploração da borracha na Amazônia foi um marco no século 19

[Por Michelle Magri para o Ecodebate] A extração e comercialização da borracha na região amazônica no século 19 constituiu uma parte importante da história econômica e social do Brasil. Com a Revolução Industrial, na Europa, a borracha, até então produzida apenas na Amazônia, foi um produto bastante procurado e valorizado pelo mercado internacional. Porém não por muito tempo. Para o professor e doutor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP), José Pedro de Oliveira Costa, a maior prova do fracasso da plantação de borracha na Amazônia foi a tentativa de Henry Ford, que decidiu plantar a borracha no País, mas não produziu os resultados esperados.

Como a borracha era matéria prima para muitas empresas estrangeiras, o governo brasileiro colocou à venda diversas propriedades no início do século 20. Com os anúncios, em julho de 1927, o americano foi o primeiro a comprar terras no vale do Rio Tapajós para produzir os pneus de seus próprios automóveis. Batizada de Fordlândia, a cidade comprada por Henry Ford, recebeu um investimento de 125 mil dólares para a exploração dos seringais.

Não demorou muito, a região montanhosa e o solo arenoso dificultaram o cultivo da borracha naquela região. O ataque de um fungo desconhecido pelos americanos também trouxe sérios prejuízos para a Companhia Ford Industrial do Brasil. Com perspectiva de recuperação, em 1934, a Ford transferiu-se para Belterra, município de Santarém. Alguns anos se passaram e a mudança não trouxe bons resultados. A baixa produtividade, a queda na demanda mundial por borracha e a produção sintética do produto levaram ao fracasso dos americanos na região do Tapajós, em 1945.

Segundo o professor, o fator determinante para o fracasso da Companhia na produção de borracha em Fordlândia foi a falta de critério técnico na escolha da área: “um pesquisador inglês levou a semente da borracha para ser testada nos jardins botânicos ingleses e plantadas na Malásia. Obteve-se mais sucesso lá do que na Amazônia, isso porque por alguma razão ecológica, elas puderam ser plantadas em plantações sequencias, e na Amazônia isso nunca foi bem sucedido porque se você isolar uma parte da floresta e plantar a borracha você vai ter fungos que não permitem esse desenvolvimento”, ressalta.

Ainda de acordo com o arquiteto, até hoje a borracha é uma atividade rentável no Brasil, porém não como foi na virada do século 19.

Michelle Magri – Estudante de jornalismo da Universidade Nove de Julho (UniNove) e integrante do 5° módulo Descobrir a Amazônia, Descobrir-se Repórter, realizado pela Oboré.

EcoDebate, 08/06/2011

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