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Pesquisadores brasileiros desenvolvem testes com vacinas contra a dengue

Três pesquisas acenam com a possibilidade de criação de vacinas contra os quatro tipos de dengue no Brasil, que poderão ser usadas no programa de imunização do Ministério da Saúde. O desenvolvimento das vacinas segue critérios internacionais de homologação de produtos farmacêuticos para uso humano, com três fases de testes de segurança e eficácia comprovada em amostras consecutivas.

A pesquisa mais adiantada é a do laboratório francês Sanofi Pasteur, que está na segunda fase de estudos clínicos. Os testes ocorrem no Brasil, Peru, na Colômbia, em Honduras, no México, em Porto Rico, Cingapura, nas Filipinas, na Tailândia e no Vietnã. Em todo mundo, mais de 4 mil pessoas receberam uma ou mais doses da vacina.

No Brasil, o estudo clínico é feito desde agosto do ano passado pelo Núcleo de Doenças Infectocontagiosas da Universidade Federal do Espírito Santo, com um grupo de 150 crianças e adolescentes de 9 a 16 anos. A vacina em teste é ministrada em três doses e o estudo tem a duração de 18 meses. A perspectiva da comunidade científica é que a vacina esteja disponível daqui a cinco anos, após registro na Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa).

O Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos Bio-Manguinhos, ligado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro; e o Instituto Butantan, vinculado à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, também fazem pesquisas para criação de uma vacina contra a dengue. Se conseguirem desenvolver as vacinas, as patentes serão nacionais.

De acordo com o diretor médico de ensaios clínicos do Instituto Butantan, Alexander Roberto Precioso, a primeira fase de estudos clínicos terá início no segundo semestre, com pessoas adultas que não sofram de diabetes, nem de hipertensão e que não tenham problemas nos pulmões ou no coração, bem como nunca tenham tido dengue, nem febre amarela.

“O objetivo principal é demonstrar a segurança da vacina”, afirma Precioso. De acordo com ele, a vacina foi testada em macacos, nos Estados Unidos. A patente da vacina testada foi cedida com exclusividade para o Butantan pelos Institutos Nacionais de Saúde (National Institutes of Health – NIH).

Já em Bio-Manguinhos, duas vacinas estão sendo desenvolvidas. A primeira experiência, exclusiva, é uma vacina recombinante feita a partir do vírus da febre amarela e do vírus da dengue. A outra tentativa, mais adiantada, é feita em parceria com o laboratório belga GlaxoSmithKline. Essa vacina está em estágio pré-clínico, de testes em animais.

Segundo a bióloga Helena Caride, que gerencia os projetos de desenvolvimento tecnológico das vacinas em Bio-Manguinhos, a intenção é fazer uma vacina que só exija duas aplicações em intervalo mais curto do que o da vacina em teste pela Sanofi Pasteur.

Helena lembra que o desenvolvimento de vacinas contra a dengue no Brasil não permite descuidar do combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus. “Ainda temos um caminho bastante longo para ter essa vacina no mercado e não sabemos como essa vacina vai se comportar. É muito importante continuar batalhando no combate ao mosquito vetor”, ressalta Helena, ao lembrar que “só a ciência de ponta não consegue fazer sozinha. O saneamento básico é fundamental. Questões de cultura e educação no Brasil também são fundamentais para melhorar a saúde pública.”

Reportagem de Gilberto Costa, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 18/04/2011

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2 thoughts on “Pesquisadores brasileiros desenvolvem testes com vacinas contra a dengue

  • O que há de veracidade no desenvolvimento de uma vacina vegetal na Universidade Estadual do Ceará? Sabiam que se trata de uma pesquisa que envolve o feijão-de-corda, um alimento presente na dieta cearense? Procurem saber e divulguem! É uma vacina genuinamente nordestina!!!!

  • Marco Krichanã

    Eis uma atualização do tema (jornal O Povo de 16/04/11):

    VACINA CEARENSE CONTRA A DENGUE

    Uece avança nas pesquisas. Pesquisadores conseguiram multiplicar a proteína que pode vir a se transformar na primeira vacina contra os quatro sorotipos

    A primeira vacina contra a dengue pode vir do Ceará. Pesquisadores da Universidade Estadual do Ceará (UECE) conseguiram isolar e multiplicar uma proteína capaz de gerar anticorpos contra os quatro sorotipos da dengue, inclusive a hemorrágica. A novidade tem movimentado a comunidade científica.

    “Ainda não se trata da vacina em si, mas de uma proteína candidata vacinal”, adverte a coordenadora do projeto Isabel Guedes. Isso porque precisam ser feitos testes clínicos e de produção em grande escala.

    O processo vem sendo estudado desde 2005. A equipe multidisciplinar é formada por agrônomos, biólogos, veterinários, químicos e bioquímicos. Outras pesquisas relacionadas ao tratamento e diagnóstico da dengue também estão sendo desenvolvidas e em fase de conclusão.

    O processo desta pesquisa que pode vir a ser a primeira vacina contra a dengue inicia com o isolamento dos genes dos quatro tipos de vírus da dengue. O material é injetado na planta do feijão de corda (vigna unguiculata), que acaba desenvolvendo tais proteínas. Depois é retirada essa proteína para ser injetada nos camundongos. A partir de sete dias, esses animais começam a produzir anticorpos considerados protetores contra a dengue. A expectativa é que os resultados sejam semelhantes em humanos.

    O microbiologista e pesquisador Isaac Neto explica que foram feitos os ensaios pré-clínicos. Falta a etapa clínica para otimizar essa descoberta. “Sabemos como produzir e isolar a proteína da planta. Estamos em busca de parceiros que comprem a ideia para multiplicar a técnica em escala industrial”.

    São muitas as vantagens desse tipo de vacina vegetal. A principal delas é por ser tetravalente, ou seja, age para os quatro tipos de vírus da doença. Outro ponto positivo está na matéria prima. A escolha da planta de feijão de corda se deu justamente por ser de fácil produção (já que está adaptada às nossas condições climáticas), baixo custo e com pouco registro de reações alérgicas. Uma única planta é capaz de produzir até 50 doses.

    A Uece protegeu a pesquisa por meio do seu Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT), através de depósito de pedido de patente junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Segundo a assessoria de imprensa da Uece, o NIT e a Rede de Núcleos de Inovação Tecnológica do Ceará (Redenit-CE) estão trabalhando na transferência desta tecnologia para o mercado, para que a vacina possa ser produzida em escala industrial. (Viviane Gonçalves)

    Mais um mosquito vetor da dengue
    Engana-se quem pensa que o Aedes aegypti está sozinho na proliferação da dengue. Pesquisas da UECE apontam que existe mais um mosquito como vetor natural da doença. É o Aedis albopictus.

    De acordo com a coordenadora do grupo de pesquisa, Isabel Guedes, a espécie é selvagem, mas já está adaptado à vida urbana. “O aedes albopictus já foi encontrado nas residências junto com o Aedes aegypti através do monitoramento do vírus na natureza. Essa espécie também é um transmissor da dengue”, atesta.

    A espécie também é conhecida como mosquito tigre asiático e tem origem no sudeste da Ásia. Assim como o Aedes aegypti, as larvas do albopictus se desenvolvem em criadouros como água contida em latas e pneus, por exemplo.

    O risco ainda é maior porque este mosquito ainda é selvagem e gosta de ficar no mato, podendo servir de ponte entre as florestas e as áreas urbanas para cerca de 20 viroses, inclusive a febre amarela.

    Atenciosamente,
    MK

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