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Artigo

Prevenção da violência escolar, artigo de Antonio Silvio Hendges

[EcoDebate] A violência escolar possui motivadores sociais, econômicos, culturais, familiares e comportamentais múltiplos, geralmente presentes nas comunidades em que as escolas estão situadas e nas quais se manifestam como sintomas das relações desequilibradas entre os diferentes atores sociais que compõe as atividades do ensino.

As soluções são complexas, multidisciplinares e transversais, sendo indispensável participação da comunidade escolar, agentes do Estado e organizações sociais através do desenvolvimento de projetos coletivos gerais e específicos que possam fortalecer as relações sociais de solidariedade, valorização da vida, proteção e garantia dos direitos básicos, entre os quais a educação de qualidade.

Embora a segurança e monitoramento ostensivo sejam indispensáveis, inclusive nas imediações das escolas, as atitudes preventivas e comunitárias certamente são muito mais eficientes, comprometendo todos os agentes envolvidos e fortalecendo as parcerias entre os principais interessados em uma educação segura e participativa. As escolas devem ser pólos aglutinadores nas comunidades em que estão inseridas, promovendo a cultura, a ética, a paz, a inclusão social e a educação de qualidade, priorizando a integração e o estabelecimento de relações multilaterais construtivas e democráticas. “Dessa forma, a gestão da escola assume uma “autoridade compartilhada” onde se delega poder aos representantes da comunidade escolar, que por sua vez assumem responsabilidades em conjunto. Para compartilhar a gestão deve-se envolver a comunidade escolar interna e externa, as diversas associações de bairro, o comércio, entre outros” (BEDENDO, PITTON, 2010, p. 64).

As parcerias entre os gestores do ensino e os diversos segmentos mutuamente complementares aos interesses da educação possibilitam que os recursos materiais e o trabalho necessário possam ser compartilhados, evitando-se a paralisação dos programas e das ações logísticas necessárias. A capacitação inicial e continua dos trabalhadores em educação para enfrentarem as situações de violência nas comunidades escolares deve ser constante através das universidades, secretarias e coordenadorias que realizam a formação e a gestão do ensino. A existência nas escolas de serviços eficientes de coordenação, orientação educacional e supervisão também são indispensáveis: “… se a gestão democrática visa à participação efetiva e imprescindível de todos aqueles que integram a escola, é necessário fortalecer, com base em seus princípios, grupos como os conselhos de direção e de classes, as equipes pedagógicas e de apoio administrativo” (BEDENDO, PITON, 2010, p. 65).

A valorização e fortalecimento dos conselhos escolares, círculos de pais e mestres (CPMs), entidades representativas e de organização dos alunos, realização de ações complementares ao ensino formal como oficinas de inclusão digital, grupos de teatro, espaços coletivos de manifestação, atividades sociais, culturais e esportivas são fundamentais para a pacificação das comunidades escolares e a prevenção de ações violentas individuais ou coletivas contra as pessoas e/ou patrimônio dos estabelecimentos de ensino. A manutenção de programas permanentes de inclusão social, valorização da educação e segurança pública de qualidade por parte do Estado também é indispensável para que o ensino possa cumprir sua missão de construir uma nova sociedade de paz, solidariedade e justiça.

Referências: BEDENDO, Andréia; PITON, Lucilene Rampazo. Violência Escolar: determinantes e prevenção. Os múltiplos olhares para o ensino de Biologia. Organizadores: Ana Maria dos Santos; Andréa Aline Mombach; Gabriela Cássia Consalter. Passo Fundo: Editora Berthier, 2010. p. 61-69.

Antonio Silvio Hendges, articulista do EcoDebate, é Professor de Biologia e Agente Educacional no RS. E-mail: as.hendges{at}gmail.com

EcoDebate, 13/12/2010


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