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Ambientalistas defendem moratória para projetos de geo-engenharia

ONU afirma que a questão será parte do próximo relatório do painel do clima, em 2013

Grupos de ativismo ambiental defendem que as Nações Unidas devam impor moratória sobre projetos de “geo-engenharia”, como vulcões artificiais e esquemas de semeadura de nuvens, criados para evitar contra o aquecimento global. Os ambientalistas temem que esses projetos, apesar da preocupação relacionada às mudanças climáticas, possam ameaçar a natureza e a humanidade.

Em um encontro sobre as perdas de espécies animais e vegetais da COP-10, em Nagoya, os grupos afirmaram que os riscos destes projetos podem ser muito altos porque os impactos da manipulação da natureza em grande escala não são completamente conhecidos. Reportagem da Agência Reuters.

Enviados de quase 200 países estão reunidos em Nagoya, Japão, para acertar metas para a luta contra a destruição das florestas, rios e recifes de corais que fornecem recursos para a subsistência humana e das economias.

A principal causa dos rápidos prejuízos na natureza é o aquecimento global, afirmam as Nações Unidas, que reiteram a urgência para que o mundo faça o possível para frear as mudanças climáticas e prevenir secas, inundações e elevação dos níveis dos mares.

Alguns países contam com projetos de geo-engenharia, que custam bilhões de dólares, como caminhos possíveis para controlar as mudanças climáticas através da redução da quantidade de luz solar que atinge a terra ou da absorção do excesso de gases estufa, particularmente o dióxido de carbono.

“É absolutamente inapropriado que um punhado de governos de países industrializados optem pela geo-engenharia sem a aprovação do resto do mundo”, defende Pat Mooney, da organização de advogados ETC Group, com base no Canadá. “Eles não deveriam proceder com esses experimentos ou com seus desenvolvimentos sem o consenso da ONU.”

Alguns grupos de conservação afirmam que a geo-engenharia é um dispositivo que alguns governos e empresas utilizam para deixar de tomar medidas que de fato diminuam as emissões de carbono.

O painel do clima da ONU afirma que a geo-engenharia será parte do seu próximo relatório em 2013.

Alguns dos projetos de geo-engenharia propostos incluem:

– A fertilização dos oceanos. Grandes áreas são aspergidas com ferro e outros nutrientes para, artificialmente, estimular o crescimento de fitoplâncton, que absorve o dióxido de carbono. Esse projeto pode provocar proliferação de algas tóxicas e matar peixes e outros animais.

– Pulverizar a atmosfera com água do mar para aumentar a refletividade e a condensação de nuvens, que assim mandariam mais luz solar de volta para o espaço.

– Colocar trilhões de pequenos refletores solares no espaço para cortar a quantidade de luz que alcança a Terra.

– Vulcões artificiais. Pequenas partículas de sulfato e outros materiais são lançadas à estratosfera para refletir a luz do sol, simulando o efeito de uma erupção vulcânica.

– Captura e armazenamento de carbono. Esse projeto é apoiado por um grande número de governos, e envolve a captura de CO2 de estações de energia, refinarias e poços de gás natural, para posteriormente bombeá-lo para camadas subterrâneas.

Mooney afirma que a COP-10, da Convenção da Diversidade Biológica (CBD) da ONU, deveria expandir a moratória na fertilização dos oceanos, acertada em 2008, para todos os projetos de geo-engenharia, apesar de a proposta ter encontrado resistência de alguns países, inclusive o Canadá, no início deste ano. O país afirmou, em Nagoya, que iria trabalhar junto às resoluções da CBD.

“O Canadá está preocupado simplesmente com a falta de clareza na definição das atividades que se caracterizam por ‘geo-engenharia'”, declarou a chefe da delegação canadense em Nagoya, Cynthia Wright. “Nós partilhamos da preocupação da comunidade internacional sobre os potenciais impactos negativos e estamos dispostos a trabalhar junto à CBD para evitá-los.”

Ambientalistas dizem que a geo-engenharia vai contra o foco das discussões de Nagoya, que buscam novas medidas para proteger a natureza até 2020, como aumentar o número de terras e áreas marinhas protegidas, reduzir a poluição e fiscalizar a pesca.

“Nós estamos definitivamente a favor da pesquisa em geo-engenharia, em todos os seus campos, mas não ainda de sua implementação. Ainda é muito perigoso. Nós não sabemos quais serão seus efeitos”, declarou François Simard, do grupo de conservação IUCN. “O que precisamos fazer para combater as mudanças climáticas é conservar a natureza, e não tentar transformá-la.”

Reportagem da Agência Reuters, no Estadão.com.br

EcoDebate, 22/10/2010



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One thought on “Ambientalistas defendem moratória para projetos de geo-engenharia

  • Antonio Silvio Hendges

    Informações importantes sobre geoengenharia, biologia sintética e nanotecnologia podem ser encontradas no site: http://www.centroecologico.org.br – Novas Tecnologias.

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