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Pesquisadores apontam sério risco de extinção dos corais e algas marinhas

 

recife de corais
Recifes servem de habitat para milhares de espécies de peixes, invertebrados e outros organismos marinhos. Foto: Francesco Ungaro/Unsplash/UFSC

Poluição e aquecimento do oceano potencializa o surgimento de patógenos mais resistentes e ameaça a produção de novos medicamentos

Por Ricardo Weg

As constatações são alarmantes. Os pesquisadores afirmam categoricamente que o aquecimento dos oceanos é gravíssimo, e em quinze anos, poderemos ter extinção em massa de corais e diversos tipos de invertebrados e algas marinhas. Com isso, a produção de novos medicamentos humanos, e a maioria da biodiversidade dos oceanos podem ser gravemente comprometidas.

Estudos realizados por pesquisadores de diversas universidades e discutidos após novos levantamentos de campo em Fernando de Noronha em meados de setembro, reforçam essas previsões.

“As melhores evidências nos colocam o ano de 2040, como um momento que podemos chegar no aquecimento de mais dois graus celsius na temperatura global. Se nós mantivermos queimando combustível fóssil como carvão e petróleo, da forma que fazemos agora, adicionando gases estufa na atmosfera, poderemos ser os causadores da sexta extinção em massa em nosso planeta”, aponta o professor PHD, Tito Lotufo, do Instituto Oceanográfico da USP (IOUSP), um dos pesquisadores que esteve em Fernando de Noronha.

“Esses resultados, revelados por estudos recentemente publicados, foram publicizados nas discussões que tivemos aqui em Fernando de Noronha, na expedição viabilizada pelo Programa Ecológico de Longa Duração (PELD ILOC), e pelo Projeto Coral Vivo, entre outras instituições e colaborações”, confirma o professor PHD, Paulo Horta, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

O alarme já disparou

O fato é que impondo aos nossos ecossistemas mais aquecimento e acidificação do oceano, isso compromete a saúde de corais, algas calcárias, e problemas em série para outros animais e plantas que dependem da estabilidade climática e da biogeoquímica, para sobreviver, para prosperar.

“As evidências científicas convergem que esse processo de aquecimento pode levar já em 2040 a um desaparecimento de até 70% dos nossos sistemas recifais, chegando aos 99 ou 100% no final desse século, ou seja, em 2100″, alerta Paulo Horta, caso o aquecimento seja de 2 graus ou mais.

Impactos na vida humana

Além da produção de medicamentos, da produção de pescados, da purificação do ar e da água, outros fatores impactam diretamente na vida humana ao destruirmos os recifes de corais e as florestas marinhas.

“Esses sistemas recifais protegem nossas cidades costeiras da erosão. Se continuarmos com o aquecimento global, praias de todo o mundo, conhecidas por suas belezas, serão erodidas. Todo o processo de urbanização, toda a infraestrutura urbana, será comprometida. Tudo isso depende dos sistemas recifais para se manter literalmente de pé”, aponta Paulo Horta.

Esses sistemas de fato filtram a água do mar, removendo poluentes e patógenos de todo o tipo, portanto as nossas praias por exemplo, que hoje são próprias para banho, poderão deixar de ser.

Alimentação e renda dependem de oceanos saudáveis

Não só a beleza da vida marinha está em risco. Se mantivermos o ritmo de destruição chegaremos num ponto de inflexão. “Se hoje os sistemas, apesar de suas fragilidades, e já estarem combalidos, ainda fornecem alimento para milhões de pessoas, em breve isso poderá deixar de existir”, alerta o professor Paulo Horta.

“Alimento e renda, é importante dizer. Porque sim, o turismo, a pesca, a maricultura, são atividades econômicas, que dependem de sistemas recifais. Essas florestas são construídas por animais e plantas. Todos nós, assim como os animais marinhos e plantas, dependem dessas florestas saudáveis”, destaca.

As florestas marinhas produzem oxigênio e absorveram milhares de milhões de toneladas de dióxido de carbono, e exportaram tudo isso para o oceano profundo.

Holocausto climático – Esses sistemas são fundamentais para a vida no planeta. No entanto, “desgovernos em diferentes escalas, municipais, estaduais, e claro, planetárias, estão alimentando o holocausto climático”, afirma o professor.

“Para termos governança planetária, governança do oceano e para que nós tenhamos ações implementadas em todos os mares, propusemos, discutimos aqui em Fernando de Noronha o programa ‘Florestas Marinhas para Sempre’.

Esse programa pretende garantir financiamento não só para diagnóstico mas para ações contundentes, emergentes e urgentes, de saneamento, de tudo aquilo que seja tratamento para sistemas recifais, sistemas marinhos costeiros adoecidos, para que eles eles possam ser devidamente e urgentemente restaurados, garantindo suas contribuições para a própria natureza, e para as nossas sociedades, hoje e sempre”, conclui Paulo Horta.

Ricardo Weg, jornalista e pós-graduando em Cultura Oceânica e Sustentabilidade (UFSC)

 

Citação
EcoDebate, . (2025). Pesquisadores apontam sério risco de extinção dos corais e algas marinhas. EcoDebate. https://www.ecodebate.com.br/2025/09/24/pesquisadores-apontam-serio-risco-de-extincao-dos-corais-e-algas-marinhas/ (Acessado em setembro 24, 2025 at 04:02)

 
in EcoDebate, ISSN 2446-9394
 

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