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Artigo

Energia hidrelétrica: crise nos Estados Unidos, problemas no mundo

 

Electricity Data Browser

Artigo de Vivaldo José Breternitz

A quantidade de energia hidrelétrica gerada no oeste dos Estados Unidos no ano passado foi a menor em mais de duas décadas: caiu 11% durante o ano hidrológico de 2022-2023 em comparação com o ano anterior, de acordo com dados do Electricity Data Browser da Energy Information Administration – foi a menor geração desde 2001. No hemisfério norte, o ano hidrológico começa em 1º de outubro.

A região compreendida pelos estados do Arizona, Califórnia, Dakotas, Nevada, Novo México, Oregon, Texas e Washington gera cerca de 60% da energia hidrelétrica do país e foi afetada por grandes secas.

Isso cria um ciclo vicioso: a seca reduz a quantidade de energia limpa e para evitar desabastecimento, as concessionárias acabam recorrendo aos combustíveis fósseis, o que leva a mais emissões dos gases geradores do efeito estufa, o que causa mudanças climáticas que pioram as secas.

O calor foi outro problema na região durante o último ano hidrológico – as temperaturas estiveram mais altas que o normal. Os estados dessa região dependem do derretimento lento da camada de neve para obter água durante os meses mais secos de verão, mas grande parte dessa neve derreteu mais cedo, em maio. Isso levou a disponibilidade de água a ficar abaixo da média pelo resto do ano hidrológico.

A geração de energia hidrelétrica em Washington e Oregon caiu bastante: 20% durante o último ano hidrológico – juntos, os dois estados representam 37% da capacidade hidrelétrica do país.

A Califórnia, por outro lado, experimentou uma trégua na seca que vem assolando o estado nas últimas duas décadas, mas não ficou imune aos problemas: houve recordes de neve e chuva em partes do estado, mas que causaram enchentes em algumas áreas.

A Energy Information Administration espera uma redução de 12% na geração de energia hidrelétrica em todo o oeste dos Estados Unidos no ano hidrológico 2023-2024 em comparação com o ano anterior. E sempre que há menos energia hidrelétrica, há mais poluição trazidas por usinas que queimam gás e carvão, que tem a produção aumentada.

O que aconteceu nos Estados Unidos aconteceu em escala global em 2023: as emissões globais de gases de efeito estufa, relacionadas à energia, aumentaram 410 milhões de toneladas métricas, o que equivale aproximadamente à poluição gerada por mais mil novas usinas a gás.

E isso aconteceu principalmente em função das secas nos Estados Unidos e na China, que acabaram sendo responsáveis por 40% do aumento das emissões globais no ano passado, conforme dados da International Energy Agency.

Vivaldo José Breternitz, Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – vjnitz@gmail.com.

 

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in EcoDebate, ISSN 2446-9394

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One thought on “Energia hidrelétrica: crise nos Estados Unidos, problemas no mundo

  • Artêmio Riboldi Júnior

    A questão das hidrelétricas nos EUA é de mudança de foco de utilidade. De geradoras para complementares. Teria que implantar turbinas reversas na maior parte das usinas em bacias com desertos. Bacias como do rio Snake deveriam ter só turbinas reversas. Implantar usinas fotovoltaicas, em alguns casos flutuantes nos lagos. De dia a energia seria de fonte solar, a noite hídrica. Poderia ainda ter o bônus de Lagos cheios, com maior irrigação nas plantações, teria retirada de CO2 da atmosfera.

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