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Narrativas corporativas de NET ZERO não se traduzem em ação climática

 

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Narrativas de emissões líquidas zero das empresas muitas vezes servem como gerenciamento de reputação simbólica em vez de um modelo para ação climática transformadora

Muitas das maiores corporações do mundo adotaram promessas de redução de carbono “líquido zero” (net zero) porque sentem a necessidade de se conformar ao “comportamento apropriado” esperado ou correr o risco de danos à reputação, revela um novo estudo.

Embora “emissão zero” tenha se tornado um tema dominante para empresas que comunicam suas credenciais de mudança climática, muitos compromissos corporativos não têm a substância necessária para impulsionar mudanças reais.

Publicando suas descobertas na Applied Corpus Linguistics, pesquisadores da Universidade de Birmingham concluem que as narrativas de emissões líquidas zero das empresas muitas vezes servem como gerenciamento de reputação simbólica em vez de um modelo para ação climática transformadora.

Os pesquisadores analisaram mais de 1.200 relatórios de sustentabilidade de empresas da Fortune Global 500 entre 2020 e 2022.

O estudo é a primeira análise linguística em larga escala do discurso de emissões líquidas zero entre essas empresas. Ele combina análise quantitativa de texto com interpretação qualitativa para revelar como a linguagem molda as narrativas climáticas corporativas.

Eles descobriram que a adoção de metas de zero emissões líquidas é impulsionada por uma combinação de pressões, como mandatos legais, imitação entre pares e expectativas sociais. Empresas de petróleo e gás, sob intenso escrutínio, parecem motivadas por preocupações com a legitimidade, enquanto as empresas financeiras enfatizam alianças e alinhamento entre pares.

O estudo destaca recentes retrocessos nos compromissos climáticos de grandes empresas como BP e Shell, levantando preocupações sobre a resiliência das estratégias climáticas corporativas diante das pressões geopolíticas e econômicas.

Os pesquisadores descobriram que o termo “emissão zero” apareceu em relatórios de quase três quartos das empresas analisadas, mas muitas organizações usam uma linguagem vaga e ambiciosa, enquadrando a emissão zero como uma “jornada” ou “ambição”.

Muitas estratégias incluem o estabelecimento de metas de emissões e a elaboração de relatórios. No entanto, medidas de maior impacto, como energia renovável e reforma estrutural, recebem menos ênfase — refletindo uma narrativa mais ampla, “tecno-otimista”, que prioriza a inovação em detrimento da mudança sistêmica.

Embora algumas empresas tenham se comprometido a abordar todas as categorias de emissões, muitas — especialmente no setor de petróleo e gás — se concentraram apenas nas emissões diretas, omitindo as emissões indiretas substanciais geradas por seus produtos.

As empresas de serviços financeiros frequentemente faziam referência à participação em alianças para atingir zero emissões líquidas, como a Aliança de Proprietários de Ativos Net-Zero, convocada pela ONU. Essas afiliações eram usadas para legitimar suas credenciais climáticas, mas as estratégias reais para atingir zero emissões líquidas permaneciam vagas.

Fonte: University of Birmingham

Referência:

Matteo Fuoli et al, Corporate buzzword or genuine commitment? A corpus-assisted analysis of corporate ‘net-zero’ pledges by major global corporations, Applied Corpus Linguistics (2025). DOI: 10.1016/j.acorp.2025.100142

 

Citação
EcoDebate, . (2025). Narrativas corporativas de NET ZERO não se traduzem em ação climática. EcoDebate. https://www.ecodebate.com.br/2025/09/04/narrativas-corporativas-de-net-zero-nao-se-traduzem-em-acao-climatica/ (Acessado em setembro 4, 2025 at 09:51)

 
in EcoDebate, ISSN 2446-9394
 

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