Cartilha ensina boas práticas agroflorestais
Segundo a cartilha, de download gratuito, a diversidade de espécies no sistema promove benefícios que atendem a uma série de demandas da agricultura familiar.
Publicação de grupo da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da USP integra o plano nacional Plantar Árvores e Produzir Alimentos Saudáveis, e está disponível gratuitamente no Portal de Livros Abertos da USP
Com o objetivo facilitar o planejamento, implantação, manejo e monitoramento de Sistemas Agroflorestais (SAF), utilizando metodologias participativas de base agroecológica, foi lançada a cartilha Manejo de Sistemas Agroflorestais. A publicação integra a série Produtor Rural (número 87), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP em Piracicaba, e busca levar conhecimento técnico e prático ao campo, promovendo a aplicação da ciência na rotina do agricultor. A série aproxima pesquisadores, estudantes e produtores para melhorar a produtividade e a sustentabilidade agrícola. Está disponível para download gratuito no Portal de Livros Abertos da USP.
A cartilha é resultado do Projeto Dandara: transição agroecológica em territórios de reforma agrária, e articula-se junto ao plano nacional do MST Plantar Árvores e Produzir Alimentos Saudáveis, que tem como objetivo facilitar o planejamento, implantação, manejo e monitoramento de Sistemas Agroflorestais (SAF), usando metodologias participativas de base agroecológica, em parceria com famílias dos Assentamentos Dandara e Reunidas, na cidade de Promissão, em São Paulo.
O projeto também apoia a restauração ecológica de Áreas de Preservação Permanente (APP) e Reserva Legal (RL), conciliando a produção de alimentos com a adequação ambiental dos lotes.
Elaborada pelo Grupo de Extensão Universitária Territorialidade Rural e Reforma Agrária (Terra) da Esalq, a publicação reúne os conhecimentos construídos coletivamente ao longo das oficinas de planejamento dos SAFs, entre 2022 e 2023, e pretende auxiliar agricultores nas demandas de manejo das espécies arbóreas do sistema. Para as SAFs do projeto foram escolhidas espécies produtivas: o café, a pupunha e uma alta diversidade de frutíferas. As espécies agrícolas anuais ficaram a cargo de cada família incluir de acordo com suas preferências.

Diversidade de espécies
Segundo a cartilha, a diversidade de espécies no sistema promove benefícios que atendem a uma série de demandas da agricultura familiar, como a produção de alimentos saudáveis, conservação do solo e sua fertilidade, controle de erosão, economia de água, ciclagem de nutrientes, resistência a eventos climáticos e menor dependência de insumos, como fertilizantes químicos e agrotóxicos. Mas para que esse potencial se torne realidade, é preciso um bom manejo do sistema, como escrevem os autores, pontuando princípios e técnicas agroecológicas, como cobertura do solo, adubação verde e poda, luminosidade e fertilidade.
Traz também como é feito o planejamento do SAF: “O desenho ou o croqui de um SAF serve para o planejamento inicial da agrofloresta, indicando o tamanho da área a ser plantada, as espécies escolhidas e suas respectivas posições na linhas e entrelinhas do SAF, bem como os espaçamentos utilizados”, afirmam os autores. Uma das principais características apontadas nas oficinas foi a de alocar os SAFs próximos às residências para facilitar o manejo e irrigação, além do espaçamento, suficiente para permitir produtividade agrícola e evitar sombreamento excessivo. Há também informações sobre podas (curta, média e longa) e seus métodos e ferramentas, além de tipos, como a de formação de copa para frutíferas ou de limpeza.
O projeto Dandara surgiu da parceria entre a Cooperativa dos Produtores Campesinos (Coprocam) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), com o Núcleo de Apoio à Cultura e Extensão em Educação e Conservação Ambiental (Nace-Pteca) da Esalq, que contou com financiamento e apoio técnico da empresa AES Brasil e da ONG WeForest.
A cartilha Manejo de Sistemas Agroflorestais pode ser acessada na íntegra neste link.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394
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