EcoDebate

Plataforma de informação, artigos e notícias sobre temas socioambientais

Notícia

Estudo revela danos da crise climática na saúde pública

 

A crise climática não é um problema do futuro: ela já está aqui e ameaça nossa sobrevivência

Pesquisa mostra como eventos extremos e mudanças ambientais estão aumentando doenças, lotando emergências e pressionando sistemas de saúde em colapso.

A crise climática já deixou de ser uma ameaça distante para se tornar um problema urgente nos corredores dos hospitais e nos prontos-socorros do mundo todo.

O estudo “Understanding the health impacts of the climate crisis”, publicado no Future Healthcare Journal, revela como as mudanças climáticas estão transformando a saúde pública e sobrecarregando sistemas médicos que já operam no limite.

A pesquisa, que analisa dados globais, aponta que desastres naturais, ondas de calor, poluição do ar e surtos de doenças infecciosas estão se tornando mais frequentes e intensos, levando a um aumento drástico na demanda por atendimento médico – muitas vezes em regiões já fragilizadas pela falta de recursos.

Impactos na saúde pública: doenças em ascensão e grupos vulneráveis

  1. Avanço de doenças infecciosas
    • Mosquitos e patógenos em expansão: Temperaturas mais altas e chuvas intensas estão ampliando o habitat de vetores como o Aedes aegypti, aumentando casos de dengue, zika e chikungunya em áreas antes consideradas seguras.
    • Zoonoses em alta: Desmatamento e alterações ecológicas elevam o risco de novas pandemias, como visto com a COVID-19 e a febre amarela.
  2. Doenças respiratórias e cardiovasculares
    • Poluição do ar e queimadas: Partículas finas de incêndios florestais (como os da Amazônia e do Pantanal) agravam asma, bronquite e aumentam o risco de AVC e infarto.
    • Ondas de calor extremo: Temperaturas recordes levam a desidratação, insolação e pioram condições crônicas, como diabetes e hipertensão.
  3. Transtornos mentais e deslocamentos forçados
    • Trauma pós-desastres: Enchentes, furacões e secas prolongadas causam estresse pós-traumático, ansiedade e depressão em sobreviventes.
    • Migrações climáticas: Populações desabrigadas por eventos extremos enfrentam condições precárias, aumentando surtos de doenças em abrigos temporários.

Colapso nos hospitais e sistemas de emergência

  1. Sobrecarga nos prontos-socorros
    • Após eventos como enchentes ou ondas de calor, os hospitais registram picos de até 40% a mais em atendimentos de emergência, segundo o estudo.
    • Exemplo recente: No Rio Grande do Sul, as enchentes de 2024 não só causaram mortes, mas também interromperam o funcionamento de hospitais, com UTIs inundadas e falta de medicamentos.
  2. Falta de infraestrutura adaptada
    • Muitos hospitais não têm resfriamento adequado para suportar temperaturas extremas, colocando pacientes (especialmente idosos e bebês) em risco.
    • Falhas no abastecimento: Secas afetam o acesso à água potável, essencial para higiene hospitalar, enquanto tempestades interrompem energia e redes de transporte de insumos.
  3. Profissionais de saúde sob pressão
    • Médicos e enfermeiros enfrentam jornadas exaustivas durante crises climáticas, com aumento de casos complexos (ex.: insuficiência renal por desidratação em idosos).
    • Falta de treinamento: Poucos sistemas de saúde incluem protocolos para doenças climático-sensíveis, como hipertermia ou intoxicação por fumaça de queimadas.

O Brasil na linha de frente da crise

O estudo destaca o país como um dos mais afetados:

  • Amazônia: O desmatamento pode liberar vírus desconhecidos e piorar o ciclo de secas e queimadas, afetando todo o continente.
  • Grandes Cidades: Em São Paulo, as internações por problemas respiratórios disparam em dias de poluição extrema.
  • Nordeste: A seca crônica leva à escassez de alimentos e água, agravando a desnutrição e doenças infecciosas.

O que pode ser feito?

O estudo propõe medidas imediatas:
Hospitais resilientes: Construir unidades com energia solar, sistemas de refrigeração eficientes e estoques estratégicos para emergências.
Monitoramento climático em tempo real: Usar dados meteorológicos para prever surtos de doenças e alocar recursos com antecedência.
Treinamento médico: Capacitar equipes para lidar com doenças emergentes e crises em massa (ex.: golpe de calor em multidões).
Políticas integradas: Combater desmatamento, reduzir emissões e investir em saneamento básico para prevenir epidemias.

A crise climática exige ação imediata

“O clima está reescrevendo a história da saúde pública”, alertam os autores. Se nada for feito, os sistemas de saúde entrarão em colapso antes mesmo de 2050. A solução exige não apenas cortes de emissões, mas uma revolução na medicina – transformando hospitais em estruturas adaptáveis e priorizando a prevenção.

 

Referência:

Understanding the health impacts of the climate crisis

Mark Maslin, Raina D. Ramnath, Gavin I. Welsh, Sanjay M. Sisodiya

Future Healthcare Journal

Volume 12, Issue 1, March 2025, 100240

https://doi.org/10.1016/j.fhj.2025.100240

 

 
in EcoDebate, ISSN 2446-9394
 

[ Se você gostou desse artigo, deixe um comentário. Além disso, compartilhe esse post em suas redes sociais, assim você ajuda a socializar a informação socioambiental ]

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O conteúdo do EcoDebate está sob licença Creative Commons, podendo ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, ao EcoDebate (link original) e, se for o caso, à fonte primária da informação