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A Ecologia Humana na Educação de Jovens e Adultos

 

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A Ecologia Humana na Educação de Jovens e Adultos

Em uma nova perspectiva, a sociedade contemporânea demanda por novas instâncias e saberes em relação à formação escolar

Vagner Luciano Coelho de Lima Andrade (1)

Antes de aqui opinar deixo claro que usarei a expressão EJAI – Educação de Jovens, Adultos e Idosos, pois não concebo um atendimento parcial, mais sim integral à toda e qualquer pessoa humana. Os idosos cada vez mais se inserem positivamente na sociedade, incluindo participação ativa nos processos de escolarização, que variam do básico, passando pelo técnico até a graduação e especialização. E para eventuais idosos que não terminaram seus estudos, eis a EJA, ou melhor, a EJAI.

Os processos de escolarização da EJAI atendem a um conjunto de premissas legais e constitucionais, frutos de um processo histórico, político e social. As múltiplas políticas públicas que o concebem, e o planejam atendem a uma demanda de reafirmação de direito de desconstrução de toda uma realidade excludente do passado.

Tendo como principal aspecto, ser um dos desdobramentos da Constituição Federal de 1988, efetivado a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN – Lei Federal nº 9.394 de 20/12/1996), a Educação de Jovens, Adultos e Idosos é uma modalidade educacional que acolhe os discentes que pararam seus estudos em um dado período (Ensino Fundamental e Médio) da Educação Básica, ou àqueles que nunca tiveram a chance de instruir-se.

Essa modalidade busca elementos humanos, legais, pedagógicos e materiais que os acolham e os encaminham para a devida escolarização permitindo novos avanços e oportunidades diante dos dilemas, desafios e demandas da realidade socioambiental, de caráter cada vez mais globalizado, competitivo e exigente.

O acesso e a permanência tanto na escola como nos processos escolares decorrentes são legalmente garantidos como Direito e devem ser priorizados e respeitados por parte das instâncias públicas.

Por se tratar de uma política pública efetiva e legitimada, o país através de seus entes federados (a União, o Estado e o Município), devem obrigatoriamente possibilitar as múltiplas condições para que os alunos da EJAI estudem com êxito e dignidade, buscando evitar a evasão escolar, muito expressiva nesta etapa em específico. Assim, o texto da Lei 9.394/1996, define claramente as deliberações constitucionais que asseguram a permanência dos alunos na EJAI, efetivando a inclusão de jovens, adultos e idosos.

A inclusão não se refere apenas à destinação e atendimento escolar aos que não tiveram, oportunidades legítimas de frequentar o ensino regular na idade “definida”, ou ainda, àqueles que devidos às circunstancias existenciais, familiares e comunitárias frequentaram parcialmente essas etapas da Educação Básica.

Muito mais do que apenas inclusão escolar trata-se de respeito para com a pessoa humana, independente de suas múltiplas condições socioculturais. E permitir que ela se torne efetivamente um cidadão pleno, consciente, coeso, crítico e engajado em sua realidade.

Ao nos referirmos à EJAI – Educação de Jovens, Adultos e Idosos, uma histórica dualidade se consolida denominada e dominada pela égide urbano-industrial capitalista: o currículo e a concepção didático-pedagógica vertem para a CLÁSSICA DICOTOMIA – relações humanas versus formação para a empregabilidade.

Num mundo globalizado cada vez mais dominado pelo viés mercadológico é preciso refletir sobre a questão da formação geral (historicidade e temporalidade humana) e da aprendizagem para reformulação da ação e atuação no competitivo, alienante e excludente mercado de trabalho (perspectiva reducionista e cartesiana).

A escola do século XIX, o currículo do século XX e o professor do século XXI quando comprometidos existencialmente e profissionalmente com a EJAI, devem verter seus compromissos sobre essa segunda questão que tende a hegemonicamente prevalecer sobre a primeira. Em uma nova perspectiva, a sociedade contemporânea demanda por novas instâncias e saberes em relação à formação escolar. Analisar a vida em sociedade, suas projeções, impactos e desdobramentos deve dissertar a escrita de novos projetos sociais fortemente construídos pelos alunos sobre suas realidades.

Diante dos impasses capitalistas surge o renascimento dessas premissas básicas, nas quais o ser humano e sua totalidade individual, coletiva e social sejam o fundamento para remodelar e reconstruir uma nova existência, através da ecologia humana e das relações humanas, mais justas e equitativas.

1 Educador e Mobilizador da Rede Ação Ambiental. Bacharel-licenciado em Geografia e Análise Ambiental (UNI-BH), Licenciado em História (UNICESUMAR) e especialista na área de Educação, Patrimônio e Paisagem Cultural (Filosofia da Arte e Educação, Metodologia de Ensino de História, Museografia e Patrimônio Cultural, Políticas Públicas Municipais). Licenciado em Ciências Biológicas (FIAR), Tecnólogo em Gestão Ambiental (UNICESUMAR) e especialista na área de Educação, Patrimônio e Paisagem Natural (Administração escolar, Orientação e Supervisão, Ecologia e Monitoramento Ambiental, Gestão e Educação Ambiental, Metodologia de Ensino de Ciências Biológicas). CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/3803389467894439

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in EcoDebate, ISSN 2446-9394

 

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