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Resposta ao artigo ‘Plásticos Biodegradáveis Fake’

 

Resposta ao artigo ‘Plásticos Biodegradáveis Fake’

Recentemente lemos um artigo intitulado “Plásticos Biodegradáveis Fake: a natureza não agradece” publicado no site Ecodebate

Nosso artigo de resposta começa informando que plásticos biodegradáveis e plásticos compostáveis são regulamentados por normas internacionais vigentes.

Elas tem em comum critérios de degradação, biodegradação e ausência de resíduos nocivos ao final do processo. A biodegradação aeróbia destes tipos de plásticos se dá por fungos e bactérias e resulta em água, biomassa e CO2. A diferença entre as normas dos plásticos biodegradáveis e dos plásticos compostáveis está onde a degradação e biodegradação vai acontecer, ao ar livre ou em compostagem industrial ou doméstica, além do percentual versus tempo de conversão em CO2 que deve ser de no mínimo 90% em 180 dias para os plásticos compostáveis e de 60% em 2 anos para os biodegradáveis.

Vale salientar que é o produto, e não a matéria prima utilizada nem sua origem que precisa cumprir todos os critérios contidos nelas, e também independe do termo técnico que define como o processo é iniciado, seja oxibiodegradável (OBP) oxidação, seja hidrobiodegradável (HBP) hidrólise.

O termo oxibiodegradável é definido em norma da União Europeia, e ensaios seguindo normas e seus critérios comprovam a degradação para um material que deixa de ser plástico, o que torna impossível gerar microplásticos.

A ECHA, agência de produtos químicos da UE encerrou investigação sem ter encontrado geração ou formação de microplásticos nos plásticos oxibiodegradáveis. Microplásticos são gerados pelos plásticos comuns, pelas redes de pesca, pneus, lavagem de roupas sintéticas e tudo o que contém plástico comum quando degrada.

Ao contrário do que os atores escreveram, Polipropileno (PP) biodegradável existe sim, e são aqueles produtos que atendem todos os critérios de aprovação contidos na norma internacional ASTM D6954, entre outras. Laboratório independente e acreditado ISO 17025 comprovou uma taxa superior a 90% de biodegradação em 180 dias para PP. Quanto à ANVISA, copos e outros produtos destinados a contato com alimentos devem cumprir as RDCs, e isso independe da biodegradabilidade ou não.

Plásticos oxibiodegradáveis não são proibidos em país algum do mundo, nem na União Europeia (UE). Na UE existe a diretiva SUP, que proíbe o uso de plásticos comuns e os oxidegradáveis em uma série de produtos descartáveis de uso único. Não existe na SUP qualquer referência ou proibição ao uso dos oxibiodegradáveis. Na Califórnia é proibido rotular uma embalagem plástica como sendo compostável, degradável ou biodegradável, mas nenhuma delas, tampouco as oxibiodegradáveis não são proibidas. A lei se refere apenas a rotulagem.

Pelo contrário, existem países onde uma série de produtos plásticos tem que ser oxibiodegradáveis por lei. Por exemplo, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, entre outros.

Sobre a citação no artigo a respeito da Fundação Ellen MacArthur (EMF) , a EMF evitou uma ação judicial ao publicar um relatório revisado com uma diferença fundamental. O relatório de 2017 disse que o plástico oxidegradável simplesmente se fragmentou, mas eles admitiram no relatório de maio de 2019 que “os plásticos oxibiodegradáveis são fabricados para que possam se degradar mais rapidamente do que plásticos convencionais e que eles se tornam biodegradáveis”.

Embora a EMF admita em seu relatório de maio de 2019 que os plásticos oxibiodegradáveis são fabricados de forma que eles podem se degradar mais rapidamente do que os plásticos convencionais e que se tornam biodegradáveis, eles dizem que “ainda não é possível prever com precisão a duração da biodegradação para tais plásticos.”

Isso jamais será possível por conta de fatores variáveis da naturezas, da mesma forma que a biologia não é uma ciência exata. É por isso que uma indicação ampla só pode ser dada quanto à escala de tempo. No entanto, é possível dizer com certeza que em qualquer hora e local em ambiente aberto, um item de plástico oxibiodegradável será biodegradável significativamente mais rapidamente do que um item de plástico comum. Esse é o ponto – queremos plástico que pode ficar ou flutuar por décadas, ou plástico oxibiodegradável que será reciclado de volta à natureza muito mais rapidamente? Claro, não queremos plástico no mar de jeito nenhum, mas essa não é a realidade atual.

A EMF frequentemente cita European Bioplastics, SPI Bioplastics Council, European Plastics Converters, Biodegradable Products Institute e Sustainable Packaging Coalition como autoridades, não deixando claro, ao contrário da Reivindicação FTC 260.6(e) Exemplo 2, que essas são organizações comerciais apoiando produtos comerciais em competição com o plástico oxibiodegradável.

Uma empresa do segmento dos plásticos oxibiodegradáveis teve uma reunião com a EMF e descobriu que o autor dos relatórios não é um cientista, e que ele havia entendido mal os artigos que citou – veja abaixo. É notável que em seu relatório dizem “não assumimos qualquer responsabilidade pela exatidão e integridade de tais informações”.

Depois de confrontados com os fatos, estudos e evidências apresentados por cientistas especializados, a EMF publicou um relatório posterior admitindo que os oxidegradáveis são diferentes dos oxibiodegradáveis, permanecendo apenas a observação que não é possível prever o tempo que leva para a degradação tenha início para este último. Isso é condizente com a proposta dos plásticos oxibiodegradáveis, afinal eles devem durar pelo tempo necessário para seu uso, reuso e reciclagem, para só após e se escapar da coleta e reciclagem, venha a atender as normas de biodegradação adequadas.

Portanto, ao contrário do que concluem os autores, as alegações de biodegradabilidade dos plásticos oxibiodegradáveis não são falsas e estão fundamentadas na verdade objetiva dos relatórios com os resultados dos testes seguindo os critérios de aprovação das normas.

Por fim, os autores do artigo Ítalo B. Castro e Paula C. Jimenez, que são pesquisadores do Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo (IMar/Unifesp), terão suas outras dúvidas satisfeitas ao saber que a Universidade Queen Mary de Londres (QMU), e a Agência de Pesquisas do Governo da França (ANR) publicaram estudos que comprovam a biodegradação mais eficiente e rápida dos plásticos oxibiodegradáveis no mar, sem resíduos perigosos para seres marinhos.

Agradecemos.

Atenciosamente,

Eng° Fernando Figueiredo
Presidente
InBioPack – INSTITUTO INTERNACIONAL DA CIRCULARIDADE E BIODEGRADABILIDADE DAS EMBALAGENS
www.inbiopack.org.br / contato@inbiopack.org.br

 

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in EcoDebate, ISSN 2446-9394
publicado no EcoDebate
 

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