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Artigo

A Índia só ultrapassará a China em número de idosos em 2067

 

A Índia só ultrapassará a China em número de idosos em 2067, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

O envelhecimento populacional será muito mais rápido na China, mas a Índia terá um maior número absoluto de idosos nas últimas 3 décadas do século XXI

 

Resumo: No artigo “A Índia só ultrapassará a China em número de idosos em 2067”, o autor José Eustáquio Diniz Alves explica que no primeiro semestre de 2023, a Índia ultrapassou a China como o país mais populoso do mundo, com uma estimativa de cerca de 3 milhões de habitantes a mais do que a China em julho. Embora a China ainda lidere em número de idosos até 2066, a Índia deverá ter o maior número de idosos a partir de 2067. A Índia tem uma estrutura etária mais rejuvenescida e tem vantagens demográficas em comparação com a China, mas ambos os países enfrentam desafios devido à degradação ambiental e ao aquecimento global. A preservação da biodiversidade e a saúde dos ecossistemas são essenciais para garantir a qualidade de vida de todas as gerações.

 

A demografia mundial protagonizou uma marca histórica neste primeiro semestre de 2023, quando a Índia ultrapassou a China como o país mais populoso do mundo. Ambos os países atingiram 1,425 bilhão de habitantes em abril, mas em 01 de julho a Índia já terá cerca de 3 milhões de habitantes a mais, segundo as estimativas da Divisão de População da ONU. No final do atual século, a Índia terá uma população de 1,53 bilhão, o dobro dos 767 milhões de chineses estimados em 2100.

Mas, em número de idosos, a China continua e continuará na liderança até 2066. A Índia só terá o maior número de idosos a partir de 2067. O gráfico abaixo mostra que, em 1950, a China tinha 44 milhões de idosos de 60 anos e mais de idade e a Índia tinha 19 milhões de idosos. Em 2023, os números passaram para 278 milhões na China e 153 milhões na Índia. A ultrapassagem acontecerá em 2067, quando a Índia com 484,5 milhões de idosos superará a China que terá 483,9 milhões de pessoas com 60 anos e mais de idade. Em 2100, o número de idosos será de 362 milhões na China e de impressionantes 552 milhões de idosos na Índia.
população idosa da China e da Índia

 

O gráfico abaixo mostra a percentagem de idosos (60 anos e mais de idade) na China e Índia entre 1950 e 2100. A proporção de idosos estava em torno de 6% da população dos dois países na década de 1960. Em 2023, a proporção de idosos na China passou para 19,5% e na Índia para 10,7%. Em 2067, a proporção de idosos será de 43,2% na China e de 28,6% na Índia. No final do atual século, as proporções de idosos serão de 47,2% na China e de 36,1% na Índia.

percentagem de idosos na China e na Índia

 

Os dados acima mostram que o envelhecimento populacional será muito mais rápido na China, mas a Índia terá um maior número absoluto de idosos nas últimas 3 décadas do século XXI. O mundo tem em 2023 cerca de 1,1 bilhão de idosos de 60 anos e mais de idade e terá 3,1 bilhões de idosos em 2100, sendo que algo como 30% de todas as pessoas idosas estarão nos dois gigantes da Ásia.

A Índia tem atualmente uma estrutura etária mais rejuvenescida e ainda tem vários anos para aproveitar as vantagens do 1º bônus demográfico e, sendo um país de renda baixa, pode ampliar a proporção da população ocupada para se tornar um país de renda média. Mas na segunda metade do atual século, a Índia também será uma sociedade envelhecida, embora em menor proporção quando comparada com a vizinha China. No futuro, os dois países terão que contar com o 2º bônus demográfico (bônus da produtividade) e o 3º bônus demográfico (bônus da longevidade).

Os jovens de hoje serão os idosos do final do século. Apesar das dificuldades, a China está mais bem posicionada economicamente do que a Índia para oferecer maior qualidade de vida para sua população como um todo e, em especial, para garantir um envelhecimento ativo e saudável. Mas ninguém vive sem o meio ambiente e crianças, jovens, adultos e idosos precisam se unir para garantir a sustentabilidade dos frutos da generosa biocapacidade do Planeta.

A China já é o maior emissor de gases de efeito estufa e a Índia caminha para ocupar o segundo lugar. Os dois titãs populacionais são também colossais poluidores. Ambos os países, assim como todas as nações do mundo, terão que lidar com os desafios da degradação ambiental e do aquecimento global, fenômenos que se agravam ano após ano e década após década. Só existe um Planeta cheio de vida e todas as gerações serão afetadas se houver um colapso ambiental.

Por conseguinte, não custa relembrar que as pessoas nos extremos da pirâmide etária (crianças e idosos) são as mais vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas. Em 2100, a expectativa de vida ao nascer está estimada em 90 anos na China e de 86 anos na Índia. Indubitavelmente, a perspectiva é que haverá mais idosos e idosos mais longevos.

Mas, independentemente da idade, a humanidade só terá uma maior qualidade de vida se a biodiversidade da fauna e da flora e a saúde dos ecossistemas forem preservadas e se houver paz e harmonia em toda a comunidade biótica.

José Eustáquio Diniz Alves
Doutor em demografia, link do CV Lattes:
http://lattes.cnpq.br/2003298427606382

Referências:

ALVES, JED. Demografia e Economia nos 200 anos da Independência do Brasil e cenários para o século XXI (com a colaboração de GALIZA, F), ENS, maio de 2022
https://ens.edu.br:81/arquivos/Livro%20Demografia%20e%20Economia_digital_2.pdf

ALVES, JED. A Índia emergente e o Brasil submergente, Ecodebate, 26/04/2023
https://www.ecodebate.com.br/2023/04/26/a-india-emergente-e-o-brasil-submergente/

 

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in EcoDebate, ISSN 2446-9394

 

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