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Artigo

Ecos da Guerra

 

artigo de opinião

Ecos da Guerra, artigo de Montserrat Martins

Parece longe de nós, mas essa guerra vai nos atingir de várias maneiras, inclusive no preço de alimentos, combustíveis e energia, que tendem a encarecer, a nível mundial.

Não só questões objetivas, nosso emocional também é atingido, sob efeito das bombas despejadas por ordem do Putin contra a Ucrânia, que invariavelmente atingem civis também.

O poderio dos invasores é tão maior que as defesas ucranianas que está mais para um massacre (ou genocídio) do que para uma guerra, pois todos já sabemos como ela vai terminar (a qualquer momento), com o país dominado pelos russos.

Porque resistem os ucranianos, então? Eles estão tirando da ficção uma frase dita no filme “Coração Valente” (protagonizado por Mel Gibson), quando lhe perguntam porque luta se é provável a sua morte: “Morrer todos vamos, o importante é como vivemos”.

O sentimento de revolta extrema contra humilhações – como a de seu país ser subjugado por outro – não acontece só nesse tipo de guerra, é claro. Um filme que retrata a revolta contra a pobreza é “Fique rico ou morra tentando”, história verídica de um rapper americano, cujo título já retrata o desapego à vida, mesmo se for para seguir uma “vida bandida” com risco de morte, desde que o resultado seja enriquecer e ser “poderoso”. Situações totalmente diferentes, mas manifestações de fenômenos extremos.

Nas redes sociais tem surgido comparações as mais diversas, como por exemplo gente protestando que “quando os Estados Unidos invadem países, vocês não reclamam”. O que aliás não é verdade, desde a Guerra do Vietnã existem protestos contra os americanos que inclusive os influenciaram naquela derrota. Campanhas mundiais contra a guerra aconteceram também na invasão do Iraque, sob justificativa falsa de Bush de que os iraquianos tinham armas químicas. Invasão que resultou noutro revés tempos depois, gerando o Estado Islâmico, mais violento que Sadam.

O imperialismo americano não serve de desculpa para justificar o imperialismo russo, porque não é defensável nenhum tipo de imperialismo no século XXI. Putin parece que contava com essas polêmicas das redes sociais, que confundem parcialmente a opinião pública – cuja importância é inegável, pois gera consequências das mais diversas.

Só uma revolta mundial muito forte contra Putin, capaz de influenciar os próprios russos, pode levar a que esse genocida dos ucranianos tenha o seu poder enfraquecido no seu país, depois de mais de duas décadas no poder.

Rejeitar Putin é como rejeitar Bush e todos que usaram seu poder pela guerra, contra a paz. Fora Putin!

Montserrat Martins é Psiquiatra

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394

 

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