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Refluxo gastroesofágico na gravidez: o que fazer?

 

Refluxo gastroesofágico na gravidez
Foto: Shutterstock

Refluxo gastroesofágico na gravidez: o que fazer?

Comum durante a gravidez, o refluxo gastroesofágico também é conhecido por seu principal sintoma: a azia ou queimação

A digestão, assim como todos os processos do corpo humano, precisa de uma engrenagem complexa para acontecer corretamente. Quando o músculo e os esfíncteres que impedem que o ácido do estômago saia do seu interior não funcionam de forma adequada, acontece o chamado refluxo gastroesofágico.

O retorno do ácido gástrico para o esôfago em direção à boca, pode causar azia, queimação e uma inflamação constante na parede do esôfago, trazendo grande desconforto. Este quadro pode ser acentuado quando a mulher já tem o refluxo antes engravidar, pois existem mais chances de ter durante a gestação.

“A causa comum nesse período acontece por dois fatores: aumento da pressão abdominal e o efeito da progesterona – hormônio que prepara o endométrio (tecido de revestimento do útero) para a gestação”, explica, Zuleica Barrio Bortoli, gastroenterologista e coordenadora do Núcleo de Doenças Intestinais Complexas – Nedic, do Hospital Brasília, empresa da mesma rede de saúde integrada da Maternidade Brasília, a Dasa.

Entenda melhor o que é refluxo gastroesofágico

Quando os alimentos são mastigados, eles passam pela faringe, depois esôfago e finalmente vão para o estômago. Justamente entre o esôfago e o estômago encontra-se uma válvula que abre para a passagem do alimento e se fecha logo em seguida para evitar que o suco gástrico reflua para o esôfago, que não está preparado para receber esse material.

Como durante a gravidez ocorrem mudanças no corpo da mulher, o útero ocupa mais espaço e pressiona o estômago e o intestino, fazendo com que uma pequena porção de alimento já seja suficiente para “encher” o estômago. Isso, associado ao aumento da progesterona durante a gravidez – hormônio que, de acordo com Zuleica, relaxa a válvula que separa o esôfago do estômago, podendo fazer com que o suco gástrico reflua ao esôfago provocando a sensação desconfortável de queimação.

“Normalmente, as gestantes sentem mais azia e têm má digestão na segunda metade da gravidez, podendo começar antes. E o quadro só irá passar após o nascimento do bebê”, explica a médica.

É comum ter refluxo gastroesofágico na gravidez?

A resposta é sim. O refluxo gastroesofágico é muito comum durante a gravidez, sendo a azia o sintoma mais comum. A maioria das mulheres começam a sentir os sintomas, normalmente, no final do primeiro trimestre e estes vão aumentando ao longo da gravidez.

O quadro, de modo geral, não oferece riscos para a gestante e os sintomas cessam após o nascimento do bebê, sendo possível que retornem em gestações futuras.

Como prevenir o refluxo na gravidez?

“Ainda que existam essas causas ligadas à gestação, é possível a mamãe evitar este desconforto adotando uma alimentação equilibrada e evitando o excesso de aumento de peso”, continua a médica. Ela pontua ainda que não há alimentos específicos que comprovadamente ajudem a prevenir esse quadro.

Outras orientações da especialista são: evitar se deitar com o estômago cheio, evitar tomar líquido durante as refeições, evitar bebidas gasosas, evitar ingerir volumes grandes de alimentos e preferir dieta fracionada em várias refeições ao dia.

O que fazer em casos de sintomas?

Os sintomas de refluxo gastroesofágico costumam ser desconfortáveis, mas comumente não apresentam gravidade. Eles se intensificam mais a partir da 27ª semana de gestação. Os principais são:

  • Azia e queimação;
  • Arrotos frequentes;
  • Regurgitação;
  • Tosse de difícil controle.​

Caso esses sinais fiquem intensos e recorrentes, busque orientação médica. O especialista poderá indicar antiácidos para neutralizar o ácido produzido no estômago e aliviar o desconforto. Não use medicamentos sem orientação médica.

Quando a grávida deve se preocupar com os sintomas de refluxo?

Apesar de a azia e o desconforto provocado pelo refluxo gastroesofágico não apresentarem riscos, como já mencionado, quando está acompanhada de outros sintomas, a atitude correta é buscar orientação médica. A especialista alerta para os seguintes sintomas:

Azia com dor intensa — isso pode indicar gastrite, úlcera ou algum problema digestivo;

Dor do lado direito e no alto da barriga — quando está acompanhada de enjoo pode indicar problema no fígado ou vesícula biliar.

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394

 

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