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Urgência na adoção dos princípios de Ecologia Urbana, artigo de Carlos Favoreto

Enchente em São Paulo
Enchente em São Paulo (Luiz Paulo Marques de Souza/Creative Commons)

Nos últimos 50 anos, os centros urbanos passaram por um processo de urbanização acelerada e desordenada. Planejamento urbano inadequado e insuficiente e a falta de cuidados mínimos com os impactos ambientais trouxeram problemas severos, que se agravam a cada dia.

Ainda pouco conhecida e menos ainda aplicada, a Ecologia Urbana é a resposta para que os impactos sejam mitigados e, na medida do possível, compensados. Derivada da ecologia tradicional, ela compartilha os mesmos conceitos e visão, apenas que aplicados ao ambiente urbano.

A maior parte da população mundial vive em áreas urbanas e, no Brasil, de acordo com o PNAD 2015, 84,72% dos habitantes moram em áreas urbanas.

Ecologia urbana é uma área que abrange diversos e importantes temas, como poluição do ar, do solo e da água, drenagem urbana, arborização, mobilidade, uso e ocupação do solo, gerenciamento e redução de riscos ambientais, desastres climáticos, etc.

Os casos recentes das inundações em BH e SP, demonstram que a expansão territorial destas capitais, não observou os cuidados necessários na preservação das áreas alagáveis e na instalação de sistemas de drenagem eficazes.

Cada vez mais impermeáveis, as cidades não conseguem lidar com chuvas intensas, que sem absorção pelo solo, sobrecarregam as galerias pluviais, terminando por forçar os rios para suas áreas de várzea, que estão impermeabilizadas e ocupadas.

Nas últimas décadas, SP e RJ investiram em piscinões, bombeamento e polderes, visando retardar o escoamento do excesso de água no sistema de drenagem. São sistemas funcionais, mas sua construção, operação e manutenção são caras e complicadas, ao mesmo tempo que as novas obras não conseguem acompanhar o ritmo, velocidade e intensidade das tempestades agravadas pelas mudanças climáticas.

No entanto, ao lado das grandes obras, existem alternativas e técnicas de microdrenagem que podem e devem ser aplicadas em larga escala, contando com o esforço coordenado dos governos, empreendimentos e da própria sociedade.

A substituição do asfalto atualmente utilizado, pelo asfalto drenante e pelo concreto poroso já traria um gigantesco aumento na capacidade de drenagem das bacias em áreas urbanas. No caso da pavimentação, asfalto e concreto poroso, basta imaginar a sua aplicação nos imensos e impermeáveis estacionamentos do shoppings.

O mesmo para as calçadas, que além do concreto poroso, também poderiam utilizar de calçadas verdes, trincheiras e valas drenantes

Aliás, trincheiras drenantes podem ser instaladas, sem grande dificuldade em casas e prédios. Sarjetas drenantes, de acumulação e infiltração, também são soluções relativamente simples e baratas, ao alcance da grande maioria das cidades.

O poder público deve oferecer incentivos para que os edifícios adotem cisternas para captação de água de chuva, para uso onde a água não precisa ser tratada e de telhados verdes. No caso de novos empreendimentos, pelo menos, as cisternas de água de chuva deveriam ser obrigatórias.

A arborização urbana ou, em versão ampliada, o reflorestamento urbano também é relevante, não apenas na redução da poluição do ar e na redução das ilhas de calor, mas também na manutenção da biodiversidade e na drenagem urbana.

Carlos Favoreto – Eng Agrônomo – Diretor Executivo da ECP Environmental Solutions. Pós-graduado em Ciências Ambientais. Prof. dos Cursos de Pós-Graduação em Ciências Ambientais, Gestão Ambiental e Auditoria e Perícia Ambiental

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 20/02/2020

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