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Vetores ambientais, artigo de Roberto Naime

 

Culex quinquefasciatus
Culex quinquefasciatus. Foto: Wikipedia

Vetores ambientais, artigo de Roberto Naime

[EcoDebate]

As doenças transmitidas pelos chamados vetores constituem importante causa de morbidade e mortalidade no Brasil e no mundo, se constituindo num dos principais problemas de saúde pública.

A comprovação de que insetos e outros artrópodes atuam no ciclo de transmissão de agentes infecciosos ao homem e a animais domésticos ocorreu somente no final do século XIX e nos primeiros anos do século XX com Sir Patrick Manson demonstrando que a filariose era transmitido durante a picada de fêmeas infectadas do mosquito do gênero Culex.

Doenças transmitidas por vetores são, aquelas que não passam diretamente de uma pessoa para outra, requerem a participação de artrópodes, principalmente insetos, responsáveis pela veiculação biológica de parasitos e micro-organismos no homem e nos animais domésticos.

No Brasil, inúmeras são as doenças transmitidas por vetores como dengue, malária, doenças de chagas, leishmaniose, febre amarela e encefalites, entre outras. Algumas destas doenças são amplamente distribuídas no território nacional como a dengue, enquanto outras são restritas a certas regiões do país.

O ciclo de vida dos vetores, assim como dos reservatórios e hospedeiros que participam da cadeia de transmissão de doenças, está fortemente relacionado à dinâmica ambiental dos ecossistemas onde eles vivem sendo limitadas por variáveis ambientais como temperatura, precipitação, umidade, padrões de uso e cobertura do solo.

As evidências sugerem que a variabilidade climática interanual e inter-décadas têm apresentado influência direta sobre a biologia e ecologia de vetores e sobre o risco de transmissão das doenças veiculadas por vetores.

As mudanças climáticas têm gerado uma preocupação sobre a possível expansão da área atual de incidência de algumas doenças transmitidas por vetores. Um dos maiores efeitos da mudança climática sobre as doenças vetoriais pode ser observado nos eventos extremos, os quais introduzem uma forte flutuação no ciclo das doenças.

Os padrões de precipitação podem ter efeito a curto e em médio prazo. O aumento da precipitação tem o potencial de aumentar o número e a qualidade dos locais de reprodução dos vetores tais como mosquitos, carrapatos e caramujos.

Os extremos de temperatura podem retardar ou acelerar o desenvolvimento e sobrevivência dos insetos vetores, assim como o período de incubação extrínseco de alguns patógenos.

O clima sozinho não pode explicar toda a história natural das doenças transmitidas por artrópodes, mas é um componente importante na distribuição temporal e espacial desses vetores de doenças, tanto limitando a sua propagação quanto influenciando na dinâmica da transmissão.

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Aposentado do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Sugestão de leitura: Civilização Instantânea ou Felicidade Efervescente numa Gôndola ou na Tela de um Tablet [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.

 

Referências:

BARCELLOS, C, MONTEIRO, A. M. V, CORVALÁN, C, GURGEL, H. C, CARVALHO, M. S, ARTAXO, P., HACON, S. e RAGONI, V. Mudanças climáticas e ambientais e as doenças infecciosas: cenários e incertezas para o Brasil. Epidemiol. Serv. Saúde, v.18, n. 3, 285-304. 2009.

GITHEKO, A. K., LINDSAY, S. W., CONFALONIERI, U. E. e PATZ, J. A. Climate change and vector-borne diseases: a regional analysis. Bull world Health Organ, v. 78, n. 9. 2000.

LOURENÇO-OLIVEIRA, R. Principais insetos vetores e mecanismos de transmissão das doenças infecciosas e parasitarias. In: Coura, J. R. Dinâmica das doenças infecciosas e parasitárias, 1ª edição, 2 vol., ISBN: 9788527710930. Editora: Guanabara Koogan.

ROSA-FREITAS, M. G., SCHREIBER, K. V., TSOURIS, P., WEIMANN, E. T. S. e LUITGARDS-MOURA, J. F., Associations between dengue and combinations of weather factors in a city in the Brazilian Amazon. Rev Panam Salud Publica, v. 20, n. 4. 2006.

http://www.climasaude.icict.fiocruz.br/index.php?pag=tc_ve

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 28/11/2019

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