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Alimentação integrativa, artigo de Roberto Naime

 

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Foto: Pixabay / EBC

Alimentação integrativa, artigo de Roberto Naime

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Anah Locoselli é terapeuta holística, alquimista da culinária e criadora do método da “Alimentação Integrativa”. Ela define alimentação integrativa como um método que reconhece no alimento um instrumento que pode expandir sua conexão interna, com aquilo que te traz satisfação, determina a pulsação do coração, e traz encantamento para cada instante do cotidiano.

Desenvolver uma postura atenta ao se alimentar conduz a presença de sabores únicos, relativos a cada um de nós, despertando vocações e habilidades individuais, convidando a apreciar o seres que as pessoas são. Trazer consciência para os processos alimentares é muito simples, permitindo determinar os significados da nutrição.

O ato de se alimentar é profundamente existencial. É o saber que se revela para fazer uma determinada escolha, é uma determinante vinculada com o contexto da trajetória de vida. O processo de nutrição tem fonte de inspiração grandemente determinada por situações decorrentes do cotidiano de vida. Esta significação não ocorre ser facilmente mensurada, porquanto é amplamente subjetiva.

A alimentação não é um processo que deva ser submetido a julgamentos de valor, apropriações críticas e sentimentos de culpa. É não somente uma ação de recomposição energética e nutricional, mas um ato ou um procedimento de plena satisfação sensorial e permanente busca de harmonização.

Os alimentos revelam outros significados, além de sabores e nutrientes. Existe a transição do comer para o ato de celebrar e a satisfação de comungar e compartilhar. O ato de alimentação é uma oportunidade de praticar a escuta interior e estreitar e fazer crescer o vínculo com suas próprias concepções e verdades.

A cada refeição é necessário buscar nutrir e satisfazer tudo que existe de mais pleno no conjunto holístico de cada indivíduo. Mais do que alimentos orgânicos, naturais ou industrializados ou com agrotóxicos, é necessário recuperar as dimensões existenciais e exercer celebração de vida a cada ritual de refeição que deve ser transformada em banquete de eucaristia para a vida.

O ato de se alimentar merece ser associado com descontração e espontaneidade. Estas são premissas para ritualização satisfatória e celebração adequada dos compartilhamentos. É a intuição sintonizada com as significações de vida que devem ser determinantes na escolha dos alimentos.

Todas estas recomendações que parecem simplórias e extremamente subjetivas, é que vão acabar determinando a consecução da plenitude dos sabores e da satisfação nutricional, gerando a elevação da auto-estima individual. Na alimentação integrativa, o contexto psicológico do indivíduo merece tanta relevância quanto os alimentos. É a condição psicológica que garante a absorção de nutrientes e a plena digestão.

A condição existencial e psicológica é tão ressaltada que até exercícios respiratórios análogos ao yoga são propostos para que haja sintonia entre todas as dimensões do indivíduo. Os estímulos à rapidez durante as refeições são totalmente substituídos por ritualísticas que enaltecem convívio e sociabilidade, compartilhamento e degustação sensorial dos alimentos.

Este é o processamento que permite a plena absorção dos estímulos internos e sua confluência com os gestos e rituais alimentares. Não que resíduos de agrotóxicos passem a produzir efeitos benéficos para os organismos, mas sem dúvida é uma outra concepção e muito apropriada de todas as dimensões que envolvem a alimentação.

Sentar à mesa e se alimentar é um convite para olhar com consciência o que se ingere, um momento para refletir sobre o que está sendo nutrido, como e porquê. Esse parar e refletir pode fazer muita diferença nas nossas escolhas alimentares, que acabam refletidas na vida como um todo.

Poderia se argumentar que é neste momento que se hierarquizam alimentos, se combinam anseios e ações, se racionalizam volições, e se buscam valorizações. E que até se decida buscar alimentações naturais, com reduções de sais e lipídios.

A grande descoberta ocorre ao acessar a percepção de que, às vezes, a fome é para acalmar uma dor existencial ou cessar a ansiedade acumulada ou despertada por um ato relacional de sociabilidade. Está comprovado de que o aumento do consumo de doces e açúcares ocorre como forma de compensação psicológica a alguma coisa e não necessidade de consumir doce, ou aquela substância.

Não faz sentido buscar numa compensação alimentar procurar encontrar a paz desejada. Pode se comparar esta compulsão em consumir doces com a mesma compulsão que leva ao alcoolismo, ambas são fugas ou compensações mal elaboradas.

O ato de apreciar é esquecido, a saciedade se perde em uma busca daquilo que está em outro lugar e a ansiedade só faz é crescer. É preciso saber o que está sendo nutrido, e a verdadeira causa da ansiedade, e com essa revelação se apropriar de novas escolhas, agora mais conscientes, buscando sanar a causa e não o sintoma.

O alimento nutre algumas coisinhas que nem se imaginava ser possível. Ele alimenta o corpo físico, e mais ainda, as emoções, os pensamentos e a espiritualidade.

Este movimento que conduz a um novo olhar sobre a alimentação. É libertador, pois rompe com atitudes repressivas ou meramente repetitivas. A Alimentação Integrativa é um convite para transformar e fazer escolhas conscientes que nutrem o que há de melhor em cada ser humano.

A alimentação integrativa pode trazer uma nova dimensão de vida para todos os seres humanos que ainda possam refletir e adotar novos posicionamentos existenciais.

 

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Aposentado do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Sugestão de leitura: Civilização Instantânea ou Felicidade Efervescente numa Gôndola ou na Tela de um Tablet [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.

 

Referência:

http://nutrichefsbiopora.com/tag/alimentacao-integrativa/

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 18/07/2019

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