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O pensamento ecossistêmico e a cidade, artigo de Roberto Naime

 

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O pensamento ecossistêmico e a cidade, artigo de Roberto Naime

[EcoDebate] OLIVEIRA e MINIOLI (2012) considerando as tendências do crescimento e a crescente urbanidade, a civilização planetária e globalizada convive com importantes impactos e enfrenta todo tipo de destruição dos recursos naturais, culturais e do meio ambiente além de desigualdades socioeconômicas.

E

sgotamento dos recursos naturais se associa com o acúmulo de resíduos e poluição, e estão inter-relacionados com a diminuição da biodiversidade e às mudanças climáticas.

Estes problemas fazem parte de um “círculo vicioso” que, inevitavelmente, ameaça a vida no e do Planeta, cuja fragilidade ambiental está interconectada à vulnerabilidade da estabilidade social.

A sobrevivência da sociedade sempre dependeu da manutenção do equilíbrio entre as variáveis da população, dos recursos naturais e do meio ambiente.

Mesmo assim, o pensamento mecanicista produziu a especialização e a quantificação, objetivou apenas a dimensão econômica, incorporou grandes escalas até a planetária, e parece desconsiderar o futuro das próximas gerações.

O ser completo é complexo e se expande às dimensões social, cultural, ecológica e espiritual, bem além do econômico. Os problemas também têm complexidade social, cultural, ecológica, institucional e econômica o que leva a pensar o desenvolvimento atrelado a todas estas dimensões.

PRIGOGINE e STENGERS (1997) falam da transformação conceitual da ciência. Dentro desta transformação, planejar o crescimento das cidades com vistas à sustentabilidade do desenvolvimento exige uma nova abordagem. Busca-se como alternativa a abordagem ecossistêmica.

Na abordagem ecossistêmica, para tratar os problemas urbanos das cidades, interagem entre si o ecossistema, a paisagem, a região e a biosfera e o ser humano com todas as suas dimensões, os quais não podem ser tratados separadamente porque são interdependentes.

Esta relação de interdependência entre humano e natureza tem implicação no plano de uso do solo, e na utilização do espaço urbano.

Jane JACOBS (2001, p. 484) apresenta a história do pensamento moderno sobre as cidades como um equívoco no tratamento dos seus problemas. Pois, os problemas são complexos por terem diferentes, diversificadas e interconectadas variáveis e assim devem ser resolvidos, de forma complexa, aos moldes do pensamento sistêmico de Capra e Morin.

A autora já percebeu, em 1961, que os problemas da cidade como complexidade organizada e que o planejamento urbano convencional não acompanhou o pensamento moderno sobre as ciências biológicas. Vários autores respondem que a possibilidade da sustentabilidade do desenvolvimento está justamente na abordagem sistêmica dos assentamentos humanos e das cidades, aos moldes da natureza.

Partindo desta premissa, o objetivo deste trabalho é uma forma de planejamento e gestão das cidades diferente do modelo insustentável e predador, usado pelo sistema linear. A evidência do fenômeno dos sistemas em tudo associa o pensamento ecossistêmico às cidades que traz consigo a complexidade, o paradigma emergente, capaz de auxiliar nesta tarefa.

Portanto, este trabalho apresenta os princípios do pensamento sistêmico referendado ao desenvolvimento com bases no ecossistema sustentável o qual está aliado ao conhecimento interdisciplinar de todos os ramos da ciência.

Busca na análise sistêmica uma contribuição para entender as relações entre a sociedade, o desenvolvimento e o meio ambiente como subsídio que permitirá que as cidades possam enfrentar os desafios do crescimento.

O resumo do pensamento de CAPRA (1996) e MORIN (2003), na abordagem dos sistemas, foi considerado para fundamentar os assentamentos humanos e da cidade, dentro da abordagem ecossistêmica.

Pretende atingir a população como um todo e definir objetivos para ordenar o crescimento físico, econômico e sociocultural, que devem se reconstruir sob as características dos ecossistemas. Para o desenvolvimento e consolidação da sua saúde ambiental e social e da sustentabilidade.

Esta proposta supõe um mundo onde todos ganham, onde o coletivo desenha novas formas de viver em integração perfeita com a natureza. Exprime outro modo não atrelado ao pensamento analítico e desatrelado do modelo que parece apoiar e financiar catástrofes e disfunções das cidades, e parece não auxiliar a construção de um mundo com comunidades sustentáveis.

 

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Sugestão de leitura: Civilização Instantânea ou Felicidade Efervescente numa Gôndola ou na Tela de um Tablet [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.

 

Referências:

CAPRA, Frijof. A Teia da Vida: uma nova compreensão dos sistemas vivos. 1996. [tradução Newton Roberval Eichemberg] – São Paulo: Cultrix, 2006.

JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

MORIN, Edgar. O método: a natureza da natureza. Porto Alegre: Sulina, 2ª edição, 2003. 480p.

PRIGOGINE, Ilya e STENGERS, Isabela. A Nova Aliança, Editora Universidade de Brasília, 1997, 3ª edição, 247 p.

OLIVEIRA, Izes Regina de e MILIOLI, Geraldo, O pensamento ecossistêmico e a cidade: uma proposta para repensar o lugar e regenerar a cidade em resposta ao contexto de degradação sócio ambiental e das mudanças climáticas, VI Encontro Nacional da ANPPAS, 18 a 21 de setembro de 2012, Belém – PA – Brasil

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 28/05/2019

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