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As taxas de suicídio no mundo, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

 

As taxas de suicídio no mundo, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

taxas de suicídio no mundo

 

[EcoDebate]

O suicídio é um fato social que ocorre, com maior ou menor intensidade, em todos os países e afeta indivíduos de todas as regiões, culturas, religiões, gerações, gêneros, raças, classes, etc.

O sociólogo francês Émile Durkheim escreveu um livro clássico sobre o suicídio, em 1897, onde define 4 tipos de suicídio:

1) Egoísta: reflete um prolongado senso de não-pertencimento, de não estar socialmente integrado em uma comunidade. Resulta do senso que o suicida tem de total desconexão. Esta ausência pode levar à falta de sentido da vida, apatia, melancolia, e depressão;

2) Altruísta: caracterizado por um senso de estar totalmente absorvido pelos objetivos e crenças de um grupo;

3) Anômico: reflete a confusão moral de um indivíduo, e a ausência de direção social, que são relacionados a distúrbios sociais e econômicos dramáticos;

4) Fatalista: ocorre quando uma pessoa é excessivamente regulada, quando seus futuros são impiedosamente bloqueados, e as paixões violentamente estranguladas por disciplina opressiva.

De fato, como mostra a tabela acima, as estatísticas indicam que as maiores taxas de suicídio do mundo ocorrem em países com condições sociais, econômicas e culturais incrivelmente diversos.

Entre os países com as maiores taxas estão países de clima frio e que fizeram parte da antiga URSS, como Lituânia (31,9 por 100 mil), Rússia (31 por 100 mil) e Bielo Rússia (26,2 por 100 mil. Mas também aparecem dois países de clima quente da América do Sul: Guiana (29,2 por 100 mil) e Suriname (22,8 por 100 mil).

O Japão que é um país idoso e muito citado quando se fala em suicídio aparece em 14º lugar no ranking global, com taxa de 18,5 mortes por 100 mil habitantes.

O Chile é um outro país muito citado, pois segundo a “fábrica de Fake News da Internet”, possui uma taxa muito elevada suicídios anômicos que ocorrem devido às políticas neoliberais que fizeram uma reforma da previdência desfavorável aos idosos. Contudo, essa explicação simplista não resiste ao fato de que a taxa de suicídio do Chile é de 10,6 por 100 mil não está entre as mais altas do mundo e coloca o país sul-americano no 57º lugar no ranking global.

Por exemplo, a taxa do Chile é bem menor do que a de Cuba, pois o país que é considerado um pilar do antineoliberalismo e que, em tese, possui um amplo sistema de proteção social, apresentou uma taxa de suicídio de 13,9 mortes por 100 mil habitantes, ficando em 34º lugar no ranking global.

O Brasil com taxa de 6,5 suicídios por 100 mil habitantes ficou em 106º lugar no ranking global em 2016. No total, segundo o Datasus, o número de suicídios foi de 11.433 mortes em 2016, o que dá 31,3 suicídios por dia ou 1,3 suicídio por hora. Portanto, embora a taxa seja baixa o número absoluto é bastante significativo e tem aumentado nos últimos anos, pois houve “apenas” 6.780 no ano 2000. Entre 1996 e 2016 o número de suicídios acumulados no Brasil foi de 183.48 mortes.

Embora o Brasil esteja em 106º lugar no ranking de suicídios do mundo, há a preocupação com os níveis de depressão e a saúde mental da população, que tendem a transformar as lesões letais autoprovocadas em epidemia e grave problema de saúde pública.

 

José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 30/01/2019

[cite]

 

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One thought on “As taxas de suicídio no mundo, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

  • Valdeci Pedro da Silva

    Tenho dúvida sobre a validade das taxas apresentadas no artigo em apreço, devido ao fato de muitas mortes que são consideradas como naturais terem sido causadas pela própria pessoa que veio a falecer. Essa minha afirmação tem respaldo em dois casos de parentes meus, os quais foram reconhecidos por alguns por algumas outras pessoas (parentes e não-parentes) como suicídios, mas não foram registrados como suicídios – um dos casos foi tido como acidente, mas há testemunhas oculares que garantem não ter havido acidente, que a queda foi proposital; o outro caso foi diagnosticado como pneumonia, mas o próprio se recusou a se alimentar durante alguns dias, e a usar a medicação de uso contínuo, e quando questionado pelos parentes mais próximos se estava querendo morrer logo, afirmou que sim. Estes dois casos de que tenho conhecimento, levam-me a crer que se repetem em todo o planeta e não são contabilizados como sendo suicídios. Se o autor do artigo puder se pronunciar a respeito da questão que acabo de expor, acredito que será esclarecedor para todos os leitores, e eu, particularmente, ficarei muito grato.
    Parabéns ao Doutor José Eustáquio Diniz Alves pela produção e divulgação de tão importante artigo.

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