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Fiscalização como resposta para conservação permanente

 

Atol das Rocas foi a primeira Unidade de Conservação Marinha criada no Brasil. Arquivo ICMBio
Atol das Rocas foi a primeira Unidade de Conservação Marinha criada no Brasil. Arquivo ICMBio

 

Ocupando a chefia da Reserva Biológica Atol das Rocas há 23 anos, Maurizélia Brito afirma que o monitoramento contínuo é o que garante a preservação do local até hoje

O controle ininterrupto na Reserva Biológica (REBIO) Atol das Rocas, no Rio Grande do Norte, desde 1991, mostra que é possível cumprir o principal propósito de criação de uma área como essa, que é a proteção integral do ecossistema. À frente da Unidade de Conservação há 23 anos como chefe do local, a técnica Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Maurizélia de Brito Silva é uma das palestrantes do IX Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC), que será realizado entre os dias 31 de julho e 2 de agosto, em Florianópolis (SC).

Com o tema “Modelo de sucesso na proteção de áreas naturais no Brasil”, Zélia – como é conhecida – traz em sua apresentação, no dia 31 de julho, a prova de que é possível manter a natureza conservada no Brasil. “Minha maior função é criar estratégias para manter infratores distantes da UC e isso só tem sido possível devido à ocupação contínua, ocorrendo em sistema de rodízio, por meio de mais de 350 expedições científicas envolvendo as áreas de Biologia Marinha, Ecologia, Oceanografia, Geologia, Medicina Veterinária e Psicologia”, relata a bióloga.

Além do acompanhamento dos estudos científicos, as atividades de rotina envolvem o patrulhamento marítimo e aéreo, o monitoramento ambiental, o desenvolvimento de programas de pesquisas que focam na proteção e no manejo adequado do ambiente e a manutenção da estação e seus equipamentos. Todo o conjunto de atividades tem como principal objetivo manter o Atol das Rocas como um ambiente estudado, protegido, preservado e com seus valores ecossistêmicos cada vez mais reconhecidos nacional e internacionalmente. “Infelizmente, hoje, no Brasil, para conservar é preciso fiscalizar”, analisa Maurizélia.

Reconhecimento merecido

A REBIO Atol das Rocas é classificada e reconhecida como Sítio do Patrimônio Mundial Natural e Sítio RAMSAR. Este é o principal instrumento adotado pela Convenção sobre Áreas Úmidas de Importância Internacional, conhecida como Convenção Ramsar, um tratado intergovernamental criado inicialmente no intuito de proteger. Assim, a REBIO a apresenta grande relevância para a conservação e perpetuação de muitas espécies, sendo uma das principais áreas de reprodução, de dispersão, de alimentação e de abrigo para diversos animais, a exemplo de tartarugas marinhas como a tartaruga-verde.

O local tem como papel salvaguardar espécies e amostras de ecossistemas raros e representativos da biodiversidade brasileira. Por esses motivos, não permite visitação pública, nem qualquer outra forma de exploração comercial, buscando proteger integralmente a fauna, flora e demais atributos naturais existentes em seus limites. Além disso, a REBIO apresenta um grande valor científico agregado à conservação, pois constitui um laboratório natural para estudos de comportamento, ecologia, genética, geologia, dentre outros. Também atua como modelo em estudos de comparação devido suas condições ideais em relação às áreas impactadas por ações antrópicas.

Riqueza ambiental

A Reserva Biológica do Atol das Rocas foi a primeira Unidade de Conservação Marinha criada no Brasil, em 1979. O local, localizado a 266 km da costa do Rio Grande do Norte e a 148 km do Arquipélago de Fernando de Noronha-PE, abriga o único atol – recife fechado, construído por corais, algas calcárias e outros organismos – do Oceano Atlântico Sul e possui uma área protegida por lei de 36.249 hectares, incluindo o Atol e as águas que o circundam até a isóbata – linha imaginária que, em uma carta hidrográfica, une os pontos da mesma profundidade no relevo submarino – de 1.000 metros. Em seu interior há duas pequenas ilhas, a do Farol e a do Cemitério, que formam uma importante colônia reprodutiva de cerca de 150 mil aves marinhas de cinco diferentes espécies, além das aves em rota de migração. Suas águas são consideradas um berçário natural para a biodiversidade marinha, muitas delas ameaçadas de extinção, endêmicas ou raras, com mais de 150 espécies de peixes, 70 espécies de esponjas – duas delas novas e também endêmicas para o Atol das Rocas – ou seja, não sendo conhecidas de áreas vizinhas – e oito espécies de corais

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 31/05/2018

 

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