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Produção em harmonia com a natureza, artigo de Roberto Naime

 

 

Produção em harmonia com a natureza, artigo de Roberto Naime

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Ocorre frequentemente desvairada defesa do atual modelo do agronegócio, utilizando a argumentação de que é necessário ampliar a oferta de alimentos, desconhecendo de forma estranha, que com a natureza em desequilíbrio, vai se tornar cada vez mais difícil e oneroso ampliar a oferta de alimentos. Que é tão necessária em tempos de crescimento populacional.

E para manter em harmonia a produção e o meio ambiente, se trabalha em soluções que promovam o aumento da produtividade com a conservação dos recursos naturais. Houve um grande avanço no tratamento da questão ambiental nos últimos anos, mas esta realidade de cenário ainda não é suficiente, permanecem inalterados alguns sofismas disseminados há bastante tempo e uma compreensão superficial de algumas complexas relações ecossistêmicas. Como se “venenama” fosse resolver tudo e se tornar apanágio de molduras e paisagens idealizadas.

Com o aumento surpreendente da produção e a tecnologia do atual tipo de agronegócio tropical dominada, o questionamento a respeito da abertura de novas áreas passou a ter maior relevância a partir da metade dos anos 1990. Debates sobre temas como as áreas de preservação permanente, biodiversidade e conservação da água e do solo, no entanto se tornaram exigências.

Isto ocorre de tal forma, que hoje não se discute agricultura sem colocar na pauta o meio ambiente. E, em médio e longo prazo, a agricultura se mostra como um setor da economia capaz de reduzir as emissões de gases geradores de emissões de efeito estufa.

Em 2010, com a participação da Embrapa como protagonista, foi elaborado o Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura; chamado de plano ABC. A ação liderada pelo Ministério da Agricultura surgiu como parte do compromisso assumido pelo Brasil diante de outros países na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (COP 15), em 2009, na Dinamarca.

O Governo brasileiro se comprometeu a reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa entre 36,1% e 38,9% até 2020.

Entre as ações propostas estão a diminuição em 80% da taxa de desmatamento na Amazônia e em 40% no Cerrado, a recuperação de 15 milhões de hectares de pastagens degradadas, a ampliação do plantio direto em 8 milhões de hectares, a expansão da área de florestas plantadas para produção de madeira, fibras e celulose para 9 milhões de hectares, o aumento da área com integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), a ampliação do uso da fixação biológica de nitrogênio e o maior tratamento dos dejetos animais para a geração de energia.

Nem estes compromissos foram cumpridos, e novas demandas já foram assumidas pelo governo central do país, que não tem o menor prurido em firmar compromissos com os quais não se compromete. E falta de compromisso é geral, com modificações político-ideológicas dos detentores de poder ou não, políticas engajadas no cumprimento de metas de comprometimento não são vislumbradas por atores dos cenários de interesse. Se noticiam, muito genericamente programas creditícios vinculados com metas ambientais, mas muito generalistas.

O desafio mínimo passa pelo fortalecimento da extensão rural para que as tecnologias sejam incorporadas de maneira correta no campo e criação de outros mecanismos e controles para atingir os objetivos propostos.

Com as diferentes linhas de ação, se trabalha a temática ambiental em várias dimensões. Considerando as causas da relevância da mitigação dos motivos do aquecimento global. E também avaliando a necessidade de adaptação às mudanças que já ocorreram no clima. Dentro destas concepções, podem ser citadas tecnologias como novas plantas mais tolerantes a estresses climáticos e modificações nos próprios sistemas produtivos.

Com as indicações dos zoneamentos ecológicos-ambientais, que consideram época de plantio em diferentes tipos de solo e ciclos de cultivares em todo o país, tornando o risco aos produtores reduzido e o acesso ao crédito e ao seguro rural, facilitados.

Se por um lado o debate entre ambientalistas e produtores se tornou mais forte nos últimos anos, por outro está cada vez mais clara a constatação de que o Brasil reúne as condições necessárias para conciliar preservação com mais produção.

O conhecimento gerado nas instituições de pesquisa vem colaborando para que o País alcance o equilíbrio tão necessário na questão ambiental. Texto da EMBRAPA, recomenda que a solução é a intensificação produtiva sustentável, fazendo com que seja possível elevar os índices de rendimento das lavouras sem práticas de desmatamentos.

Para alcançar os objetivos propostos para o País, agricultura e pecuária devem atuar de forma integrada e sinérgica. A criação de gado precisa trabalhar com grande atenção o melhoramento das pastagens, a genética dos animais e a própria integração com grãos ou florestas. É a intensificação da pecuária vai ter grande ação sinérgica com a melhoria e o incremento das práticas agrícolas.

Existem simulações e estudos feitos pela EMBRAPA e outros núcleos a respeito do que pode ocorrer no futuro a partir das mudanças climáticas como a intensificação do surgimento de pragas e doenças, o efeito do estresse hídrico nas plantas, o uso sustentável da água e as práticas conservacionistas que podem ajudar a reverter uma série de problemas.

São notáveis os desafios para atores que muitas vezes carecem das mínimas condições de realizarem apropriações adequadas sobre inter-relações ecossistêmicas simples ou complexas e cenários de homeostase ambiental.

Por isso se admoesta tanto que não serão leis que vão resolver os problemas. Mas antes valorização dos saberes tradicionais, melhores níveis de escolaridade e boas práticas agropecuárias ou exercício de bom senso nas ações cotidianas.

Referência:

Revista A Granja O Brasil Agrícola, Edição 781/2014 – Meio Ambiente
http://www.edcentaurus.com.br/materias/granja.php?id=5769

 

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Sugestão de leitura: Civilização Instantânea ou Felicidade Efervescente numa Gôndola ou na Tela de um Tablet [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 20/02/2018

[cite]

 

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