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18 anos do desastre na Baía de Guanabara: mutirão e parque ecológico

 

Mutirão marca 18 anos do Mangue Vivo: resposta ao desastre na Baía de Guanabara

No próximo dia 27 de janeiro, cerca de 150 voluntários vão participar do primeiro mutirão de limpeza do Manguezal da Praia de Mauá, em Magé. Essa é uma das regiões mais afetadas pelo derramamento de óleo que atingiu a Baía de Guanabara, ainda nos primeiros dias do ano de 2000. O mutirão não vale só de alerta para o desastre ambiental, que completa 18 anos este mês, mas principalmente é uma comemoração por esta área ter sido recuperada, ter virado Unidade de Conservação e por faltar tão pouco para se tornar um parque público ecológico.

O evento é uma iniciativa do projeto Mangue Vivo, do Instituto OndAzul – que já foi presidido por Gilberto Gil e que hoje tem à frente o ambientalista Alfredo Sirkis. O Mangue Vivo já plantou 177 mil mudas de mangue e recuperou 67,7 hectares, hoje considerada uma das maiores áreas de manguezais em recuperação no Brasil. A região recebe mais de 1500 visitantes por ano, número que certamente crescerá muito assim que virar oficialmente Parque Natural Municipal Barão de Mauá.

Acidente ambiental: 18 anos

Em 18 de janeiro de 2000, um duto da Petrobras que ligava a Refinaria Duque de Caxias (Reduc) ao terminal Ilha d’Água, na Ilha do Governador, rompeu-se, provocando um vazamento de 1,3 milhões de litros de óleo combustível nas águas da Baía de Guanabara. A mancha se espalhou por 50km², atingindo 23 praias. O episódio entrou para a história como um dos maiores acidentes ambientais do Brasil. O vazamento afetou famílias que viviam da pesca. Mais de 600 pescadores e catadores de caranguejo ficaram por um longo período sem poder exercer suas atividades. Também destruiu por completo a área de manguezal da região e transformou a área de manguezal em um deserto compactado, com presença de muito lixo. Especialistas do IBAMA que avaliaram o caos pós-desastre desenganaram a região. Parecia mesmo que a vida não voltaria ao mangue. Contrariando todas as previsões, no ano seguinte, foi iniciado um lento e penoso trabalho de recuperação do manguezal – batizado de projeto Mangue Vivo.

Finalmente, o Parque!

Quase duas décadas da saga do mangue, o Parque Natural Municipal Barão de Mauá já tem data para ser entregue à comunidade: 2019. Situado na divisa dos Municípios de Magé e Duque de Caxias, o Parque será público, aberto à comunidade, um espaço não apenas de visitação, mas de educação ambiental, conscientização e preservação de um ecossistema de suma importância para o Rio de Janeiro. Desde o ano passado, um recurso do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) operado pelo FUNBIO, no âmbito do Fundo da Mata Atlântica, vem garantindo a construção de uma torre de observação e de passarelas suspensas para facilitar os acessos dentro do mangue, a recuperação de mais quinze hectares de mangue, com construção de viveiro, preparação e plantio de mudas, além da realização de um plano de manejo (o primeiro que será feito para uma das quatro Unidades de Conservação da região), instrumento fundamental para planejar a gestão e o uso sustentável dos recursos naturais do novo Parque.

Quem vive do mangue

Quando o derramamento de petróleo atingiu a Baía de Guanabara, Adeimantus Carlos da Silva – assim como boa parte de sua família – era pescador e catador de caranguejo. Um dos muitos efeitos negativos do desastre foi a contaminação dos peixes e a consequente proibição da pesca, por um longo período. Em uma reação imediata, os pescadores começaram a tentar limpar os milhares de litros de óleo, retirar o lixo, recolher peixes e aves mortos que boiavam sobre as águas. Adeimantus foi então convidado a integrar o projeto Mangue Vivo, liderado pelo Instituto OndAzul. Ele está no projeto desde o início. “Hoje, ouço meus parentes, ainda pescadores, comentarem que a quantidade de peixe aumentou. Até mesmo o caranguejo que havia sumido dessa área, praticamente triplicou de quantidade. Devolvemos a vida a essa região. Replantar é muito bonito. Acompanhar uma planta que você viu como semente, plantou e viu crescer, e ela cresce quase chega a sua altura… tomando conta de tudo”.

Colaboração de Lilia Giannotti, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 24/01/2018

 

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