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A importância do solo na definição das faixas de matas ciliares – uma reflexão sobre o Código Florestal, por Marco Antonio Ferreira Gomes e Lauro Charlet Pereira

 

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A importância do solo na definição das faixas de matas ciliares – uma reflexão sobre o Código Florestal, por Marco Antonio Ferreira Gomes e Lauro Charlet Pereira

O ambiente que compõe a mata ciliar, também conhecida como zona ripária, envolve vários aspectos ou condicionantes chamados de geoambientes

[EcoDebate] Em 2014 os autores do presente trabalho já haviam chamado a atenção sobre a importância de se conhecer o tipo de solo nos diversos ambientes, associados às matas ciliares dos cursos d’água em todos o país.

No trabalho intitulado “Aspectos geoambientais e áreas frágeis no Brasil”, os autores enfatizam a fragilidade das áreas de matas ciliares e o comportamento, pouco adequado, de muitas pessoas em relação à conservação dos recursos hídricos.

O ambiente que compõe a mata ciliar, também conhecida como zona ripária, envolve vários aspectos ou condicionantes chamados de geoambientes, tais como: geologia, geomorfologia e pedologia (solos), além da cobertura vegetal, clima e uso e ocupação do solo.

Como tais condicionantes são muito diversificadas pelo país afora, dadas suas dimensões continentais, com certeza refletem as condições e particularidades de cada local ou região, evidenciando situações próprias e naturais de equilíbrio. Talvez seja isso que falta ao homem: aprender com a natureza como se estabelece o equilíbrio entre os diversos componentes ou compartimentos ambientais/geoambientais.

Em termos técnicos isso quer dizer que a cobertura vegetal (mais ou menos densa, e mais ou menos larga – faixas dos cursos d’água) deve levar em conta o tipo de solo e a declividade ou inclinação do terreno e, ainda, ao índice pluviométrico ou regime de chuvas da região, considerando a média dominante na bacia hidrográfica. Se considerarmos que no país existem, pelo menos, 14 classes de solos (Alissolo, Argissolo, Cambissolo, Chernossolo, Espodossolo, Gleissolo, Latossolo, Luvissolo, Organossolo, Neossolo, Nitossolo, Planossolo, Pintossolo e Vertissolo), 6 classes de declividade ou relevo (plano, suave ondulado, ondulado, forte, montanhoso e escarpado) e, ainda, cerca de 4 índices pluviométricos básicos distintos (equatorial – muito alto; tropical – alto; subtropical – médio e semi-árido – baixo), teremos uma combinação fatorial de: 14 x 6 x 4 = 336. Isto se traduz em 336 combinações teóricas, em território brasileiro, envolvendo solo, declividade do terreno e clima. Entretanto, na prática, existem restrições para determinadas combinações, o que reduz o número citado.

Todavia, ainda assim, centenas dessas combinações são perfeitamente possíveis, principalmente quando se introduz nessa abordagem o caráter pedomorfoagroclimático (solo + relevo+ uso agrícola + clima), expressão usada pelos autores em outros trabalhos e que serve de referência para exemplificar diversos cenários associados (ou vizinhos) ao ambiente de mata ciliar.

Diante do exposto, fica evidente que a simples redefinição de faixas de cobertura vegetal, como estabelece o atual Código Florestal, não traduz a realidade brasileira que é muito complexa, considerando as particularidades regionais, principalmente as climáticas, geomorfológicas e pedológicas.

De forma conclusiva, o não avanço nessa área de conhecimento como também a não tomada de decisões, implicará, sem dúvida, na geração de impactos negativos sobre os recursos hídricos, endossados pelas mudanças climáticas, comprometendo o meio ambiente e a sociedade como um todo.

Fonte: GOMES, M.A.F.; PEREIRA, L. C. Aspectos geoambientais e áreas frágeis no
Brasil. Intellectus. Revista Acadêmica Digital da Faculdade de Jaguariúna, v. 01,
p. 05-19, 2014.

 

Marco Antonio Ferreira Gomes e Lauro Charlet Pereira, Pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente
E-mail:marco.gomes@embrapa.br; lauro.pereira@embrapa.br

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 06/11/2017

 

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