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Autopoiese socioambiental, artigo de Roberto Naime

 

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[EcoDebate] Autopoiese ou autopoiesis (do grego auto que é “próprio” e poiesis que é “criação”) é um termo cunhado na década de 1970 pelos biólogos e filósofos chilenos Francisco Varela e Humberto Maturana para designar a capacidade dos seres vivos de produzirem a si próprios.

Segundo esta teoria, um ser vivo é um sistema autopoiético, caracterizado como uma rede fechada de produções moleculares em que as moléculas produzidas geram com suas interações a mesma rede de moléculas que as produziu.

A conservação da autopoiese e da adaptação de um ser vivo ao seu meio são condições sistêmicas para a vida. Portanto, um sistema vivo, como sistema autônomo está constantemente se autoproduzindo, autorregulando, e sempre mantendo interações com o meio, onde este apenas desencadeia no ser vivo mudanças determinadas em sua própria estrutura.

De origem biológica, o termo passou a ser usado em outras áreas por Steven Rose na neurobiologia, por Niklas Luhmann na sociologia, por Gilles Deleuze e Antonio Negri na filosofia e por Patrick Schumacher na arquitetura.

Em nossas exposições, frequentemente a autopoiese vem sendo utilizada na acepção socioambiental e não no sentido puramente biológico.

A abordagem sociológica e antropológica alicerça movimentos da sociedade que propugnam alterações ideológicas como apanágios para a solução de problemas ambientais.

Não ocorre encaminhamento de soluções, pois tanto as vertentes socialistas como da livre iniciativa rezam pela cartilha de crescimento permanente como forma de incrementar círculos econômicos virtuosos.

A civilização humana determinará nova autopoiese sistêmica, na acepção de Niklas Luhmann e Ulrich Beck, que contemple a solução dos maiores problemas e contradições exibidas pelo atual arranjo de equilíbrio.

Que é um sistema instável, muito frágil e vulnerável. Para sua própria sobrevivência, o “sistema” socioeconômico vai acabar impondo uma nova metamorfose efetiva.

Autopoiese foi utilizada para designar os elementos característicos de um sistema vivo e sua estrutura. A definição de vida era tida como sendo a autonomia e a constância de uma determinada organização, ou das relações em um dado sistema entre os elementos constitutivos desse mesmo sistema.

Organização essa que é autorreferencial no sentido de que a sua ordem interna é gerada a partir da interação dos seus próprios elementos. É também auto-reprodutiva no sentido de que tais elementos são produzidos a partir dessa mesma rede de interação circular e recursiva.

Essa construção conceitual foi rapidamente difundida e começou a ser empregada em outras áreas do conhecimento até ser introduzida na seara das ciências sociais. O responsável pela colocação da autopoiese no meio social foi Niklas Luhmann.

Foi este alemão que na década de 1980, transformou a teoria autopoiética em um método de observação do arranjo social. Os postulados luhmannianos hegemonicamente são sistêmicos, com a aplicação da autopoiese sobre os marcos já existentes na teoria dos sistemas, que começa com o biólogo Ludwig Von Bertallanfy e se espalha por várias áreas do conhecimento.

Tanto a criação da teoria autopoiética como a sua aplicação aos sistemas sociais representou uma revolução epistemológica.

Essa proposta de mutação no foco epistemológico propiciou uma melhor observação do meio e suas características.

A proposta da teoria autopoiética, diferentemente da postura analítica, parte da observação de determinado objeto pela interação de seus elementos, possibilitando a construção de um arcabouço científico embasado nas relações entre os elementos e as funções exercidas no todo comunicativo dos sistemas.

Esta é uma aplicação que muito se adéqua aos ecossistemas, mas também aos arranjos sociais.

A autopoiese vem sendo utilizada como marco teórico dos Direitos Fundamentais.

Referência:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Autopoiese

 

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Sugestão de leitura: Civilização Instantânea ou Felicidade Efervescente numa Gôndola ou na Tela de um Tablet [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 29/08/2017

[cite]

 

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