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Eliminação global de hidrofluorcarbonetos (HFCs) traz avanço na luta contra o aquecimento global, artigo de Reinaldo Dias

 

Foto: EBC
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[EcoDebate] Os países signatários do Protocolo de Montreal sobre as substâncias que destroem a camada de ozônio encerraram reunião em Kigali, Uganda, com um acordo histórico para a redução gradual, até a eliminação, dos gases hidrofluorcarbonetos (HFCs), que são os principais gases de efeito estufa (GEE) usados nas geladeiras e nos sistemas de refrigeração.

O Protocolo de Montreal foi assinado em 1987, visando a eliminação dos gases que destroem a camada de ozônio que protege o planeta da ação de raios solares mais nocivos, entre os quais a radiação ultravioleta (UV) que pode provocar o câncer de pele. As ações colocadas em prática conseguiram eliminar diversas substâncias químicas, entre os quais os clorofuorcarbonetos (CFCs) que deixaram de ser produzidas nas últimas três décadas. Nesse período a camada de ozônio vem se recuperando e, segundo estimativas recentes, pode se recompor até o ano de 2065, o que poderia economizar bilhões de dólares em atenção à saúde e custos agrícolas em todo o mundo.

No Brasil, país signatário do Protocolo de Montreal a maior parte da indústria é livre de CFC e o consumo e uso remanescentes desses gases estão praticamente limitados à manutenção de equipamentos domésticos e comerciais de refrigeração, condicionadores de ar automotivos e resfriadores centrífugos, por exemplo.

Em todo o mundo os gases CFCs foram substituídos nas geladeiras e aparelhos de ar condicionado pelos HFCs, menos agressivos à camada de ozônio, mas que provocam forte impacto no aquecimento global do planeta por aprisionarem milhares de vezes mais calor do que, por exemplo, o CO2, embora existam em quantidade menor na atmosfera.

A medida adotada pode ser considerada como uma das maiores contribuições ao acordo sobre o clima firmado em Paris no final do ano 2015 (COP21). O objetivo é reduzir o consumo desses gases em até 85% em relação aos valores atuais. A eliminação dos HFCs poderá evitar a emissão de bilhões de toneladas desses gases até 2050, o suficiente para um significativo avanço sobre a meta de se alcançar um aquecimento de no máximo até 2ºC. Na temperatura do planeta.

Durante os últimos anos cresceu significativamente a emissão de HFC devido à crescente demanda de aparelhos de refrigeração, principalmente nos países em desenvolvimento, devido ao rápido crescimento da classe média e pela elevação das temperaturas nos períodos de verão.

Diferentemente do Acordo de Paris, o pacto acertado em Kigali é mais efetivo pois é juridicamente vinculante, ou seja, deve ser seguido obrigatoriamente pelos países signatários, tem prazos específicos e o compromisso dos países ricos de ajudar os países mais pobres na adaptação de suas tecnologias.

Esse acordo é uma demonstração de que a humanidade é capaz de enfrentar e superar os problemas que ela mesma causa. É um passo significativo que serve de modelo para que outras ações sejam efetivadas para combater o aquecimento global que já vem penalizando diversas regiões, alterando ecossistemas, gerando problemas de saúde e causando mortes e deslocamentos de enormes contingentes humanos devido às mudanças climáticas.

Reinaldo Dias é professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, campus Campinas. Doutor em Ciências Sociais e Mestre em Ciência Política pela Unicamp e especialista em Ciências Ambientais.

 

in EcoDebate, 20/10/2016

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