Onde está a alegria? artigo de Daniel Clemente
[EcoDebate] Uma indagação norteia o pensamento preparatório do sermão do Pastor Allan Alves Leite, amigo de brilhantes reflexões, capelão do Colégio Adventista de Santos, gerando consulta por uma definição em sua página no facebook: “O que é alegria”? As causas desse sentimento podem ocorrer através das mais variadas situações vividas e almejadas, com atribuição de valores das decorrências culturais. Porém, mesmo diante das distintas possibilidades, existe o ponto de convergência, momento onde a alegria manifesta, se faz presente, proporcionando sentimento comum nos indivíduos culturalmente diferentes: é a “potência de agir”.
Meus filhos acordam diariamente às seis horas da manhã, exceto no período de férias e recessos escolares, e todos os dias o sacrifício é enorme, a “potência de agir” é muito baixa, o rompimento brusco do relaxamento corporal com a obrigação acadêmica provoca uma severa luta travada nas dependências da residência, escovar os dentes constitui uma tortura digna de constar no Estatuto da Criança e do Adolescente, colocar o uniforme proporciona dores corporais extremas, carregar o material escolar é sinônimo de mutilação. Mas nem todas as manhãs são iguais, nos dias de passeio proporcionado pelo colégio se faz necessário acordar uma hora mais cedo, às cinco da manhã, e quanta diferença! Alegria triunfante! Em poucos minutos todas as obrigações são realizadas, e logo estão prontos para partir, “potência de agir” elevada. Portanto, “potência de agir” é a vitalidade de buscar a satisfação de seus valores, a “alegria” é o resultado da busca bem sucedida.
A filosofia se debruça sobre o tema há séculos, provavelmente sendo o sentimento de maior dimensão, agregando valor conceitual aos demais. A definição de “alegria” como “potência de agir” é muito bem enfatizada pelo filósofo Clóvis de Barros Filho, contemporâneo, professor catedrático da Universidade de São Paulo, presente na grande mídia com ênfase nos espaços virtuais. Porém, a classificação “potência de agir” para compreender o sentimento de “alegria” foi consagrada por Espinoza, filósofo do século XVII, racionalista, procurava compreender os sentimentos humanos fora da herança cultural da Europa medieval teocêntrica, onde todas as reações humanas eram emanadas de forma transcendental, isto é, provenientes de fora de sua própria existência.
É da competência dos indivíduos em encontrar a satisfação propulsora da “alegria”, e a aquisição sobre os ensinamentos de Deus gera a “potência de agir”, fruto de um conhecimento obtido e identificado como motivador do próprio ser. Sendo assim, buscar a Deus pressupõe um ato de “alegria”, de “potência de agir”, orar e seguir os ensinamentos adquiridos é a “potência de agir”, e o resultado dessa busca se traduz em “alegria”.
Quando os atos diários estão desprovidos da “potência de agir” significa uma busca mal sucedida pela “alegria”’, assim, os dias são longos enfados. Ao contrário, os dias potencializados pela ação satisfatória passam rápido, pois a “alegria”’ é o sentimento vivido que se deseja a eternidade.
Daniel Clemente
Professor de Historia
Colégio Adventista de Santos
Pós Graduação em História Sociedade e Cultural PUC-SP
Pós Graduação Docência Universitária UNASP
in EcoDebate, 17/08/2016
[cite]
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