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Pesquisadora brasileira lança livro open acess sobre indicadores de sustentabilidade

 

Dez estudos de casos no Brasil, África e Europa mostram como medir corretamente o desenvolvimento proporcionado pelos projetos

 

 

Os conflitos entre o bem-estar humano, a conservação ambiental e o desenvolvimento econômico são um desafio ao se definir indicadores de sustentabilidade. Para debater este tema, dez estudos de casos no Brasil e ao redor do mundo sobre o uso prático de indicadores de sustentabilidade foram relatados no livro Indicadores de Sustentabilidade na Prática, que será lançado dia 10 de março na Livraria Argumento, no Leblon, a partir das 19h pela cientista Agnieszka Latawiec, uma das editoras do livro, coeditado pela cientista africana Dorice Agol e um grupo de mais de 20 pesquisadores, entre brasileiros e estrangeiros. O livro é open acess e pode ser baixado para download no site da editora De Gruyter (http://www.degruyter.com/view/product/465479).

Co-fundadora do Instituto Internacional para Sustentabilidade (IIS) no Rio e pesquisadora de pos-doc na PUC Rio, a polonesa Agnieszka Latawiec, especialista em projetos ligados à conciliação do desenvolvimento e conservação da natureza, explica que o livro mostra a importância da utilização adequada dos indicadores de sustentabilidade, que muitas vezes na prática não acontece.

Segundo Agnieszka, os indicadores podem ser utilizados de forma inadequada, mesmo se for considerado um bom indicador. “Os indicadores estão sempre sujeitos à controvérsia, à subjetividade e as preferências de seus usuários. No entanto, como mostra este livro, há indicadores que, com base na opinião de especialistas, abordam as questões críticas da sustentabilidade em um contexto específico de uma maneira mais, ou menos, abrangente”, explicou.

Um bom exemplo vem da área de restauração florestal. “O que é medido por indicadores de sustentabilidade deve depender do objetivo que foi definido antes de uma determinada intervenção. Por exemplo, se o objetivo for a restauração ecológica, a mera área reflorestada pode não ser suficiente para indicar o sucesso da restauração. Em vez disso, a diversidade das espécies plantadas e a sua sobrevivência durante determinado tempo devem ser levadas em consideração”, exemplificou. Outro exemplo é associado com indicadores sociais: “criação dos postos do trabalho é muitas vezes citado como bom indicador, mas do ponto da vista da sustentabilidade um indicador que deveria complementar é treinamento do trabalhador e capacity building pois esses são efeitos que vao durar além da duração do posto do trabalho. Isso deveria ser considerado quando analisar, por exemplo, os efeitos sustentáveis, ou não, das olimpíadas’. Ela acrescenta que muitas vezes o pesquisador se sente pressionado, principalmente pelos financiadores, a mostrar um resultado imediato de um projeto que pode levar anos para dar retorno do ponto de vista sustentável.

A publicação aborda indicadores de projetos em áreas como agricultura, pecuária, recursos hídricos, saneamento, floresta, biodiversidade, poluição atmosférica, entre outras. O livro é direcionado para professores, estudantes profissionais de empresas e o público em geral que acompanha o tema. “Esperamos que este livro contribua para que todos entendam melhor a complexidade do uso dos indicadores e possam avaliar os usos e mal usos dos indicadores de acordo com a realidade local. Esperamos também que esse livro inspire mais projetos, maior participação e colaboração neste tema relevante, complexo e interessante. Que ele possa ajudar os profissionais no campo através da aplicação de algumas das soluções que são sugeridas aqui e ainda estimule um interesse maior pelos indicadores de sustentabilidade”, disse Agnieszka.

Um bom indicador deve ter algumas características:

1. Devem compreender os processos e pessoas para os quais são relevantes.

2. Podem ser quantitativos e qualitativos, mas ambos devem ser uma medida, e não uma vaga aproximação daquilo que pretenda ser medido.

3. Devem ser bem desenvolvidos e cuidadosamente escolhidos a fim de evitar declarações e decisões erradas, que podem resultar em consequências negativas para o desenvolvimento sustentável.

4. A mediação deve depender do objetivo que foi definido antes de uma determinada intervenção.

5. Devem capturar os cenários futuros.

Sobre as editoras:

Agnieszka Latawiec

Dra. Agnieszka Ewa Latawiec é um co-fundadora e diretora de pesquisa do Instituto Internacional para a Sustentabilidade (IIS) no Brasil e professora Associada da Universidade de Tecnologia de Opole, na Polônia. É também pesquisadora pós-doutorado no Departamento de Geografia e Meio Ambiente na PUC Rio. É PhD em Ciências Ambientais pela Universidade de East Anglia da Inglaterra, onde atualmente é pesquisadora na Escola de Ciências Ambientais. Agnieszka pesquisa os aspectos mais amplos da gestão da terra e liderou uma série de projetos relacionados com a mudança do uso da terra e modelagem. Em 2013, participou da concepção da primeira disciplina de Ciência Sustentabilidade na PUC Rio. Desenvolve pesquisa interdisciplinar e colaborativa em temas: ciência do solo, manejo da terra, tomada de decisão ambiental, mudança no uso da terra, as avaliações de impacto, ciência sustentabilidade e indicadores.

Dorice Agol

Dr. Dorice Agol is consultora internacional em meio ambiente, gestão dos recursos naturais e do desenvolvimento internacional e é pesquisadora na Escola de Desenvolvimento Internacional da Universidade de East Anglia (UEA), no Reino Unido. Dorice é PhD em Desenvolvimento Internacional da UEA, MSc. Ciências Biológicas e Gestão de Recursos Naturais, na Universidade de Leicester e professor na Universidade de Southampton, no Reino Unido. É uma cientista de pesquisa multidisciplinar com um leque de conhecimentos especializados, incluindo: técnicas quantitativas e qualitativas de pesquisa, avaliação de impacto ambiental socioeconomico, gestão de projetos, análise jurídica e política, acompanhamento e avaliação, governança dos recursos naturais, serviços dos ecossistemas, água, alterações climáticas, a responsabilidade social das empresas e HIV / AIDS. Possui experiência de mais de 15 anos de trabalho na África Oriental e Europa.

in EcoDebate, 10/03/2016

 

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2 thoughts on “Pesquisadora brasileira lança livro open acess sobre indicadores de sustentabilidade

  • Mais uma milagrosa na área!!!!!!!!!

  • Sem mudança de regime e sem redução controlada e pacífica da população humana na Terra, esse papo de sustentabilidade ambiental é conversa fiada.

Fechado para comentários.