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2014 pode ser o ano mais quente do Holoceno, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

 

 

[EcoDebate] A Agência de Pesquisa Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA), órgão da Agência Espacial norte-americana (NASA) disse que outubro de 2014 bateu o recorde de temperatura para o mês. Os dados divulgados no dia 20 de novembro mostram que a média conjunta da temperatura do solo e da superfície do oceano ao redor do globo em outubro ficou 0,74º C acima da média do século 20 (de 14º C para outubro), confirmando as tendências do aquecimento global.

A temperatura global da superfície terrestre foi de 1,05° C acima da média do século 20, de 9,3° C, a quinta maior para outubro no registro. A temperatura global da superfície do mar de outubro foi de 0,62º C acima da média do século 20 de 15,9°, a maior já registrada para outubro.

Os dez primeiros meses de 2014 foram os mais quentes já registrados no planeta desde que a temperatura global começou a ser medida por cientistas, em 1880, de acordo com informações da NOAA. No período de janeiro a outubro deste ano, a temperatura ficou 0,68ºC acima da média registrada pelos termômetros ao longo do século passado (14º C). Tudo indica que 2014 será o ano mais quente do Holoceno (os últimos 12 mil anos).

O gráfico mostra como a temperatura global tem aumentado, especialmente depois de 1980. Entre 1950 e 2013 o aumento por década foi de 0,12º C. Se esta média se mantiver no século XXI haverá um aumento na temperatura global de 1,2º C. Somando aos cerca de 0,8º C já ocorridos desde o fim do século XIX, pode-se chegar a mais de 2º C de elevação da temperatura do Globo até 2100. Mas a média aumentou nas duas últimas décadas e o aumento da temperatura do globo pode chegar a 4% até 2100.

 

 

O limite de aumento da temperatura global de até 2º C é o que os acordos internacionais buscam alcançar para evitar cenários mais graves para as mudanças climáticas. Contudo, se as emissões de gases de efeito estufa (GEE) continuarem o limite de 2º C pode ser ultrapassado, com consequências sérias para a sobrevivência na Terra.

O último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC, na sigla em inglês) mostrou que o aquecimento global é uma realidade provocada pelas atividades humanas e que os danos causados por estas mudanças poderão ser irreversíveis. Nenhuma parte do mundo ficará intocada. O relatório afirma que a mudança climática já aumentou o risco de ondas de calor severas e outros eventos extremos e também alerta que o pior está por vir, incluindo escassez de alimentos e conflitos violentos.

Se o ano de 2014 for o ano mais quente do Holoceno então as perspectivas globais são de mudanças climáticas muito danosas para o ser humano e as demais espécies. Seria preciso repensar todo o modelo de desenvolvimento atual.

Porém, a ONU acaba de aprovar o rascunho da proposta de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que reafirma a ideia de “desenvolvimento sustentado e sustentável”. Isto quer dizer que as emissões de gases de efeito estufa vão continuar em decorrência do crescimento econômico.

Se não houver um redirecionamento de rumo do desenvolvimento ecocida e antropocêntrico o colapso econômico e ambiental pode deixar de ser uma possibilidade imaginada pelos pessimistas para se tornar uma realidade cada vez mais provável.

José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

Publicado no Portal EcoDebate, 05/12/2014


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