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Artigo

O ser humano (político-religioso) e o capitalismo, artigo de Gilmar Passos

 

opinião

 

[EcoDebate] No Brasil, o ano de 2014 está marcado pela “democratização”, onde todas as pessoas ficam divididas entre eleitores e candidatos. Porém, há uma categoria silenciosa que cresce assustadoramente a cada ano e que neste ano vem com força potencialmente destruidora, estamos falando dos investidores de campanha. Sobre essas questões, todos nós brasileiros precisamos ficar muito atentos.

Os ventos sopram com força desenfreada causando destruição sobre questões negligenciadas propositalmente. Muitas questões são negligenciadas a cada quatro anos e neste último período não tem sido diferente. O que é preocupante é que as questões essências da vida humana não estão fazendo parte de nossas conversas, ou quando estão, são unilaterais carregadas de preconceitos. Isso deixa claro que mais uma vez estamos passando por um grande momento e não estamos usando a nossa maior arma que é a capacidade de pensar, de refletir para agir bem.

Todo brasileiro sabe que a os profissionais da política brasileira estão nas mãos dos grandes empresários do país e do mundo. São eles que ditam as regras do jogo político antes e depois das eleições. Se determinado candidato não compactua com os interesses de tais empresas poderosas correm o risco de perder a eleição nas urnas.

O sistema político brasileiro deixa claro que quem manda durante os 4 anos de mandatos não são aqueles que foram eleitos pelo “povo”, mas aqueles que investiram (ou financiaram) as campanhas. A pergunta que se faz é: Qual o interesse de um empresário em financiar milhões de reais para partidos políticos? A resposta todos nós temos e vemos claramente, ou seja, não é uma simples oferta, é um investimento e retorno será em dobro, triplo e etc. Mas os candidatos também investem e tiram muito mais além do necessário. Há quem diga que nesse jogo a exceção que eu particularmente acredito, mas é realmente um número do tamanho de um grão de mostarda, mas já é uma diferença especialmente positiva.

Tudo isso acontece no Brasil, país democrático e defensor da liberdade que pune quem não comparece as urnas para registrar o voto. É o mesmo país, onde os democráticos insistem em afirmar que quem é religioso não é político e faz a exclusão da religião e da política. Eu particularmente gostaria de saber como dividir o ser humano integrado em ser religioso e em ser político. Se fosse para colocar em lados opostos religião e política as pessoas religiosas estavam isentas de irem às urnas. Mas vamos deixar essa questão para outro momento.

Todavia, vamos chamar à responsabilidade todo brasileiro, ou seja, todo cidadão religioso ou não que seja natural do Brasil. Pois bem, se pensarmos um pouco veremos que todo ser humano tem uma dívida com a sua nação e com o mundo. Não estamos falando de dívida econômica, essa é simples e fácil de resolver, falamos da dívida humana, aquela que é fruto da inteligência e sabedoria e busca fazer o bem a qualquer pessoa sem querer receber nada em troca. Essa dívida está nos custando caro e seu adiamento de quitação está trazendo prejuízo aos cofres humanos, como as filas e mortes dentro dos hospitais enquanto se espera atendimento.

Estamos vivendo o período eleitoral e vemos as movimentações frenéticas para garantir a segurança econômica das empresas e dos trabalhadores. Não é hora de deixarmos que mais uma vez tudo ocorra como antes, como se já estivesse programado e não temos como fazer diferente. É hora de acordarmos do sono da ilusão e da manipulação e darmos um salto adiante. Está na hora de pensarmos, não a política, mas a vida, se isso acontecer poderemos diminuir o impacto da destruição humana com a política brasileira e mundial.

Somos um país de maioria religiosa, entendendo aqui a expressão que cada um tem e manifeste. No entanto deixamos muito a desejar, pois deixamos crescer enormemente a corrupção que é uma das causas do desastre social. Fala-se muito dos políticos que se vendem, mas temos também muitos eleitores que vendem o voto. Isso é vergonhoso, porque vender o voto é entregar para o outro o direito pessoal de pensar, de escolher e de decidir.

O que nos falta entender é que somos parte de uma mesma família, isto é, somos humanos. Mas o fato de sermos da família humana não nos dar a garantia de viver a liberdade, a honestidade e o caráter, essas riquezas humanas só são reais na pessoa quando ela pratica-as na sociedade e, consequentemente, no mundo. Isso significa que todo ser humano tem essas qualidades, mas se não as vive se torna um desumano.

Portanto, vamos viver a política em favor da vida e não do capital e dos seus derivados.

Gilmar Passos é Administrador Paroquial da Paróquia Santa Rita de Cássia da Diocese de Estância (SE) e tem uma formação cristã ampla. Estudou Filosofia no Seminário Maior Nossa Senhora da Conceição, Aracaju-SE e Teologia no Seminário Diocesano Rainha das Missões. Obteve a validação do Curso de Teologia pelo MEC na Faculdade Católica de Fortaleza. Atualmente cursa Pós-Graduação em Docência do Ensino Superior no Instituto de Ciências Humanas João Paulo II (IJOPA). É membro da Academia Estanciana de Letras (AEL), em Estância/SE. Professor no Instituto de Teologia João Paulo II. Passos é autor de dois livros: Identidade cristã no século XXI (2012) e Miopia humana e mensagem cristã: uma leitura de fé em tempos de crise (2013), ambos publicados pela Fonte Editorial.

 

EcoDebate, 08/09/2014


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One thought on “O ser humano (político-religioso) e o capitalismo, artigo de Gilmar Passos

  • Eu não sabia, Gilmar, que o Brasil já havia abolido o sistema capitalista.

Fechado para comentários.