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Notícia

No período de 2008-2011, a incidência de tuberculose em indígenas aumentou em 10%

 

A tuberculose (TB) se mantém como um dos principais problemas de saúde no Brasil, atingindo principalmente os povos indígenas. Para descrever a situação epidemiológica da TB, segundo raça/cor no Brasil, o aluno do mestrado em Epidemiologia em Saúde Pública da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) Paulo Victor de Sousa Viana avaliou os casos novos de TB notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). No período de 2008-2011, foram notificados 278.674 casos novos no Brasil, correspondendo a uma incidência média de 36,7/100 mil habitantes. Segundo raça/cor, as taxas revelam que os indígenas apresentaram as maiores incidências, registrando-se aumento de 95,4/100 mil em 2008 para 104/100 mil em 2011, um incremento de aproximadamente 10%. Houve predomínio de casos em doentes homens, e na faixa de 20 a 44 anos em todas as categorias de raça/cor.

 

indígenas
Na opinião do mestrando, para a elaboração de estratégias efetivas, as autoridades brasileiras devem desenvolver estratégias de controle da TB específicas, considerando as diferenças de cada grupo específico, com foco nos doentes de raça/cor indígenas e negros, abordando os determinantes sociais de saúde nestes grupos (Foto: Antonio Cruz/ABr)

 

“Chama atenção a elevada proporção de casos entre crianças indígenas menores de 10 anos em todas as macrorregiões, sendo proporcionalmente até seis vezes maior, quando comparado ao adoecimento de crianças das outras categorias de raça/cor. O adoecimento por TB em crianças é um indicador de transmissão ativa na comunidade, decorrente de contato com adultos bacilíferos, e sugere a existência de falhas na vigilância dos contatos nas aldeias”, aponta o aluno.

Segundo dados do Inquérito Nacional de Saúde Indígena, realizado em 123 aldeias do país entre 2008-2009, mais de 40% das crianças indígenas apresentavam cronicamente desnutridas e mais da metade sofria de anemia. Quanto à escolaridade, a pesquisa observou que os indígenas apresentaram o maior percentual de analfabetismo (16%). No que diz respeito à procedência das notificações, 66,3% eram da zona urbana. A forma clínica pulmonar foi a mais frequente, ficando em 82,3%, em todas as categorias.

De acordo com Viana, houve predomínio de cura em todas as categorias de raça/cor, sendo que os percentuais mais elevados foram registrados entre os indígenas (76,8%). “Os maiores percentuais de óbitos por TB foram entre os negros (3,4%). Nas baciloscopias de controle, os brancos apresentaram maiores percentuais de positividade no 2º e 4º mês (5,3% e 1,1%, respectivamente), já os amarelos no 6º mês (0,7%)”. A distribuição das notificações, por macrorregiões, revelou a pesquisa, indica que 129.573 casos (46,5%) eram provenientes da Região Sudeste, 76.035 (27,3%) do Nordeste, 33.926 (12,2%) do Sul, 26.773 (9,6%) do Norte e apenas 12.367 (4,4%) do Centro-Oeste. Na opinião do aluno, para a elaboração de estratégias efetivas, as autoridades brasileiras devem desenvolver estratégias de controle da TB específicas, considerando as diferenças de cada grupo específico, com foco nos doentes de raça/cor indígenas e negros, abordando os determinantes sociais de saúde nestes grupos.

O autor

Paulo Victor de Sousa Viana tem graduação em Enfermagem pela Universidade Federal do Amazonas (2010). Atuou como professor substituto de graduação pela Escola de Enfermagem de Manaus em 2011. Atualmente, cursa o doutorado em Epidemiologia em Saúde Pública na Ensp.

Informe Ensp/AFN, publicado pelo EcoDebate, 17/04/2014


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