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Karl Marx ou Sigmund Freud? A grande questão, artigo de Valdeci Silva

 

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[EcoDebate] O eleitorado dos países capitalistas não elege candidatos aos cargos legislativos e executivos, de todos os níveis (municipal, estadual e federal) para que estes, ocupando os cargos, desenvolvam projetos que tenham por objetivos a abolição do capitalismo e a implantação do socialismo. Não, isto nem passa pela cabeça do eleitorado dos países capitalistas.

O eleitorado dos países capitalistas elege candidatos objetivando a criação e implantação de projetos que gerem as melhores condições para o desenvolvimento do capitalismo, o que garante o crescimento das empresas e a geração de mais empregos, e, consequentemente, a relativa estabilidade social e governamental.

Mas o desenvolvimento capitalista depende do crescimento da população humana, e esse crescimento, em uma população que já ultrapassa, em muito, as condições de recuperação do planeta Terra, associado ao desenvolvimento científico e tecnológico, produz agravamento da devastação ambiental, alterações climáticas importantes e instabilidade social.

Mas o capitalismo é indomável: seu único objetivo é o desenvolvimento econômico, e ele conta com todos os recursos – os meios de produção – e com o apoio da grande maioria da população, que luta pela sobrevivência e pela melhoria do padrão de vida particular e familiar, e tem dois fortes e imbatíveis aliados: as religiões e a mídia. Em suma, o capitalismo dispõe de amplas condições de “perpetuar-se” no poder, pois se constitui em um grande e poderoso grupo de Estados nações que se organizam e se inter-relacionam com essa finalidade, e contam, ainda, com as estruturas dos Estados, as quais promovem uma atuação midiática, um incentivo a práticas religiosas, tradicionais ou não, uma “educação” – preparação para ocupar um lugar no mercado de trabalho, e forças armadas, elementos que, em conjunto, o torna superpoderoso.

Ao capitalismo não importam os danos socioambientais que sejam causados em seu benefício, nem as condições sub-humanas a que é submetida grande parte da população humana.

A maioria das pessoas que nascem sob o manto do capitalismo é, imediata e inconscientemente, “filiada” a uma religião, e, mesmo antes do nascimento, no útero materno, já recebe, através de impulsos, informações que contribuem para a formação adequada ao seu desenvolvimento e sobrevivência na “sociedade” repressora e punitiva, sob domínio do capitalismo.

Tudo que dissemos do capitalismo, até agora, é verdade, mas há uma reticência quanto ao seu futuro, quanto ao futuro da humanidade e quanto ao futuro da vida de todas as espécies: a Terra tem condições limitadas e essas já foram ultrapassadas. Portanto, estamos caminhando em direção ao colapso.

Se nós, seres humanos, possuímos um mecanismo adaptativo em que coexistem a COMPETIÇÃO e a COOPERAÇÃO, devemos, nestes momentos decisivos, tentar descobrir se há possibilidade de se promover uma educação que seja capaz de fazer com que o sentimento de COOPERAÇÃO sobrepuje o de COMPETIÇÃO, a ponto de que este se torne insignificante, e permita a constituição de uma verdadeira sociedade humana igualitária.

Karl Marx defendeu isso, e Sigmund Freud, que estudou profundamente as reações psicológicas humanas, não aderiu a suas teorias. A História da humanidade depõe contra a possibilidade de prevalência da cooperação sobre a competição. Temos o exemplo da União Soviética socialista que sucumbiu.

Para mim, que desde a juventude, defendi o socialismo com a finalidade de se chegar ao comunismo, se formulou, recentemente, as seguintes questões: 1) A ESPÉCIE HUMANA DISPÕE DE CONDIÇÕES PSICOLÓGICAS PARA, ATRAVÉS DE UM TRABALHO EDUCATIVO, ADQUIRIR A FORMAÇÃO NECESSÁRIA PARA CRIAR UMA SOCIEDADE SOCIALISTA QUE EVOLUA PARA O COMUNISMO? ; 2) CASO A RESPOSTA À PRIMEIRA PERGUNTA SEJA POSITIVA, HAVERÁ TEMPO SUFICIENTE PARA SE IMPLANTAR ESSA EDUCAÇÃO E ALCANÇAR OS RESULTADOS DESEJADOS; e 3) HAVERÁ POSSIBILIDADE DE SE IMPLANTAR ESSA EDUCAÇÃO, EM TEMPO HÁBIL?

Analisarei com muita atenção e carinho as informações que me sejam enviadas sobre essas questões.

Valdeci Silva, Arquiteto e Urbanista. E-mail: val.val2705@hotmail.com

EcoDebate, 03/03/2014


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4 thoughts on “Karl Marx ou Sigmund Freud? A grande questão, artigo de Valdeci Silva

  • Álvaro R Santos

    Caro Valdeci,
    O dilema que você propõe é hoje questão cruscial para a Esquerda. Na verdade, o Socialismo não é um resultado da evolução natural das sociedades Humanas, como foram os sistemas anteriores, desde as sociedades comunitárias primitivas até o Capitalismo. O Socialismo é uma concepção humanista-cultural proposta para o Homem como elemento civilizatório de correção das desigualdades e injustiças sociais geradas pelo Capitalismo. Mesmo que experiências socialistas vinguem terão que conviver ainda por muito tempo com os apelos competitivos que estão cravados cultural e geneticamente na espécie humana. Por certo os processos educativos com base nas teses generosas do Humanismo poderão um dia gerar um novo tipo de cidadão, naturalmente propenso à uma vida social colaborativa e comunitária, mas isso está antropologicamente ainda muito distante. Até lá muita guerra ideológica ainda terá que passar por debaixo da ponte.

    Infelizmente a evolução do capitalismo para o socialismo não se mostrou tão “automática” como acreditávamos em nossos sonhos juvenis, o que não nos deve desanimar no esforço de aprimorar civilizatoriamente nossa sociedade, mas, para o bem do espírito, é bom esfriar um pouco a expectativa de grandes conquistas a curto prazo. Até porque, o Capitalismo, ao contrário do que muitos diziam, mostrou ter 7 fôlegos, e uma capacidade enorme de se reciclar. O que acredito também acontecerá, já está acontecendo, diante das limitações ambientais.

    Abs
    Álvaro

  • Mucha gente de buen corazón busca en la forma de gobierno del comunismo una receta para salvar a la humanidad del mal, pero como toda receta depende del que interviene en su realización, ejemplos: Rusia y cuba que muertos Stalin o Lenin, o de Cuba que vive pendiente del hálito de Fidel, la revolución se enfría y de nuevo entra en juego el más capaz contra el menos capaz (la competencia).
    Siempre se da un pasito a través de un lider (el mismo Jesús, muerto este, sus apóstoles empezaron a pelear por el poder; y estamos hablando de “santos”), pero es indudable que algo cambió en la sociedad; solamente que los cambios son lentísimos.
    Entonces lo importante no es capitalismo o comunismo, pues son simples herramientas, lo importante es luchar contra lo ilusorio.
    Desde mi punto vista faltan sócrates actuando en la red social para enseñar a ver y a oir y así acabar con el mar reinante hoy día.

  • Sou grato a Álvaro R. Santos e a Adelina por seus comentários, que são muito importantes.
    Continuo aguardando uma avaliação das condições psicológicas dos seres humanos, conforme formulado no artigo, seja de Psicólogos ou de estudiosos de outras áreas.
    Considero-me um curioso sobre Psicologia e Psicanálise, pois estudei toda a obra de Freud, quando eu ainda era jovem, e, ao longo da vida, li muitas obras sobre psicologia, e me encontro, agora, para a qual não tenho resposta: será a espécie humana capaz de fazer prevalecer a COOPERAÇÃO sobre a COMPETIÇÃO, e, assim, ter condição de chegar ao Socialismo? Não me refiro ao Socialismo sob ditadura, conforme proposto por Marx, mas ao Socialismo libertário, que seja defendido e praticado por todos os seres humanos, sem exceção.

  • Pedro Bartolomeu Jacinto Lima

    Caro Álvaro, não sou especialista e nem por isto creio que especialistas conheçam lá grandes coisas. Olho a mim mesmo e entre meus “Eus” vejo alguns apenas parcialmente “domáveis”, pois somente sob intensa vigilância eles ocasionalmente poupam os “Eus” do outro. Isso é fato ontológico. O problema é que somos muitíssimo complexos e coletivamente não nos daremos conta da beleza da abordagem acerca das nossas realidades pela via do conhecimento complexo, já que ao contrário do que normalmente acreditamos, não somos animais racionais em nosso estado cru, mas sim manipulados por paixões, vontades e desejos. O caminho teria sido longo, mas lindo. A moral e a vaidade ganharão a batalha em proveito da deterioração geral. Mas concordo quando afirma que não devemos desistir.

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