EcoDebate

Plataforma de informação, artigos e notícias sobre temas socioambientais

Notícia

Fiscalização localiza dono de confecção que tentou vender imigrantes como escravos

 

Oficina em que bolivianos trabalharam produzia para a Atmosfera, empresa que atende indústrias, hospitais e hotéis, e é considerada uma das principais do setor no país

Por Igor Ojeda, da Agência de Notícias Repórter Brasil.

Cabreúva e Jundiaí – Fiscalização realizada nesta segunda-feira, dia 17, em Cabreúva (SP), localizou o dono de uma oficina de costura que, na semana passada, tentou vender dois trabalhadores imigrantes como escravos no bairro do Brás, na região central de São Paulo. O proprietário da confecção em questão admitiu ao Grupo Especial de Fiscalização Móvel ter pago a passagem de ambos e mais um terceiro, e afirmou que os apresentou na capital para tentar “ajudá-los” a conseguir outro emprego.

oficina de custura

Oficina de costura pertencente ao homem que tentou vender os dois imigrantes em São Paulo. Fotos: Igor Ojeda/Repórter Brasil

Ele foi localizado durante fiscalização conjunta realizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, Ministério Público do Trabalho, Defensoria Pública da União e Polícia Federal, acompanhada pela Repórter Brasil.  Para a equipe de fiscalização que acompanhou a ação, o proprietário da oficina pretendia, ao tentar comercializar os dois trabalhadores, reaver o que gastou com as passagens de ambos. Os trabalhadores são bolivianos e entraram no país pelo Paraguai. A transferência para o pagamento das passagens foi feita via Western Union, conforme revela comprovante de envio encontrado pela fiscalização.

vvv

O dono da oficina anotava num caderno as dívidas dos trabalhadores. Para mais detalhes, clique na imagem

Endividados ao chegar ao Brasil, eles teriam de trabalhar para pagar o valor da passagem, o que configurou servidão por dívida. Além de trabalho escravo contemporâneo, também foi caracterizado tráfico de pessoas.  De acordo com os auditores fiscais Renato Bignami e Luís Alexandre Faria, o consultado da Bolívia intercedeu e os dois trabalhadores já regressaram à Bolívia. O terceiro não foi encontrado. O MTE pretende localizá-los para garantir o pagamento de verbas rescisórias e o salário referente ao período em que trabalharam na oficina de Cabreúva.

O proprietário da confecção pode sofrer um processo criminal. O MTE pretende encaminhar toda a documentação relativa ao caso para o Ministério Público Federal e para a Polícia Federal para que as medidas cabíveis na esfera criminal sejam tomadas.

Responsabilidade
A oficina em questão produzia exclusivamente para a empresa Atmosfera Gestão e Higienização de Têxteis, que foi considerada responsável pela situação a que os três bolivianos foram submetidos. Além do episódio da venda de trabalhadores em que foi configurada escravidão e tráfico de pessoas, a fiscalização constatou que dois adolescentes trabalhavam na produção das peças. Para assegurar os direitos de ambos, o Conselho Tutelar de Cabreúva foi acionado e ficou de informar o Ministério Público Estadual.

SONY DSC

A confecção produzia uniformes para a Atmosfera, de Jundiaí (SP)

A Atmosfera, cuja sede é em Jundiaí (SP), apresenta-se como líder no mercado de gestão e higienização de têxteis, atendendo indústrias, hospitais e hotéis. O grupo, que foi adquirido recentemente pela empresa francesa Elis, uma das maiores do mundo no setor, informa em sua página na internet ter mais de três mil clientes e operar na Bahia, Minas Gerais, Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro. A Repórter Brasil tentou contato com os representantes da empresa no começo da noite desta segunda-feira, sem sucesso.

 

EcoDebate, 19/02/2014


[ O conteúdo do EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, ao EcoDebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]

Inclusão na lista de distribuição do Boletim Diário do Portal EcoDebate
Caso queira ser incluído(a) na lista de distribuição de nosso boletim diário, basta clicar no LINK e preencher o formulário de inscrição. O seu e-mail será incluído e você receberá uma mensagem solicitando que confirme a inscrição.

O EcoDebate não pratica SPAM e a exigência de confirmação do e-mail de origem visa evitar que seu e-mail seja incluído indevidamente por terceiros.

Remoção da lista de distribuição do Boletim Diário do Portal EcoDebate
Para cancelar a sua inscrição neste grupo, envie um e-mail para ecodebate@ecodebate.com.br. O seu e-mail será removido e você receberá uma mensagem confirmando a remoção. Observe que a remoção é automática mas não é instantânea.

Alexa