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Os novos revolucionários: Cientistas do clima exigem mudança radical, por Renfrey Clarke

 


Hashtag que aparece na página da Conferência de Redução Radical de Emissões, organizada pelo Centro Tyndall

Traduzo este texto, originalmente publicado na revista online “Climate and Capitalism”, no último dia 09/01. Trata-se de um artigo muito interessante, que mostra até onde podem chegar conclusões baseadas essencialmente na Ciência do Clima e no balanço de carbono. Evidentemente, concluir que existe um antagonismo entre a manutenção do equilíbrio do clima global e a permanência dos sistemas planetários de suporte à vida (humana, inclusive) e o modo de produção capitalista amplifica as vozes de contestação ao sistema. Mesmo antes dessa posição surgir mais claramente e crescer, a oposição ao uso de combustíveis fósseis já explica em si muito dos ataques sistematicamente lançados por esta aos cientistas. Pelo visto, esse acirramento do conflito entre ciência e status quo tende a crescer quantos mais forem os cientistas dispostos a se posicionarem como descrito neste artigo. Fica o convite à leitura.
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Os novos revolucionários: Cientistas do clima exigem mudança radical

Para evitar uma mudança climática catastrófica, os maiores especialistas da Grã-Bretanha pedem cortes de emissões que exigem “mudança revolucionária na hegemonia política e econômica”

por Renfrey Clarke

“Hoje, após duas décadas de blefes e mentiras, o restante do balanço [de carbono] para 2°C restante exige mudança revolucionária na hegemonia política e econômica.” Isso foi publicado em uma postagem de blog no ano passado por Kevin Anderson, professor de Energia e Mudanças Climáticas da Universidade de Manchester. Um dos cientistas do clima mais eminentes da Grã-Bretanha, Anderson também é vice-diretor do Centro Tyndall para Pesquisas sobre Mudanças Climáticas.

Kevin Anderson e Alice Bows são alguns
dos “cientistas radicais” do Centro Tyndall

Ou, podemos passar esta mensagem direta, a partir de uma entrevista em novembro: “Precisamos de ação de baixo para cima e de cima para baixo. Precisamos de mudança em todos os níveis.” Proferiu essas palavras a pesquisador sênior do Centro Tyndall e professora da Universidade de Manchester Alice Bows-Larkin. Anderson e Bows-Larkin são especialistas líderes mundiais sobre os desafios da mitigação das mudanças climáticas.

Em dezembro, os dois foram atores centrais da “Conferência de Redução Radical de Emissões”, promovida pelo Centro Tyndall e realizada nas instalações de Londres da instituição científica de maior prestígio da Grã-Bretanha, a Royal Society. O “radicalismo” do título da conferência se refere a uma chamada pelos organizadores para cortes de emissões anuais na Grã-Bretanha de pelo menos 8 por cento – o dobro da taxa comumente citada como possível dentro das estruturas econômicas e políticas de hoje.

A conferência chamou atenção e recebeu ampla cobertura. Em Sydney, o Daily Telegraph, de propriedade dos Murdoch, descreveu os participantes como “desequilibrados” e ” eco-idiotas”, passando a citar um “conselheiro de mudanças climáticas sênior” para a Shell, dizendo:

“Essa era uma sala cheia de catastrofistas (referindo-se a ‘aquecimento global catastrófico’), com a visão predominante… de que o problema só poderia ser resolvido pela completa transformação dos sistemas de energia e político globais… uma conferência de ideologia política.”

De fato. A postura de “reticência”, tradicional dos cientistas, que, no passado, visavam principalmente ater-se às suas especialidades e evitar comentários sobre as implicações sociais e políticas de seu trabalho, não é mais como era.

Irritados

Os cientistas do clima têm ficado particularmente irritados com a recusa dos governos de agir, mesmo com as repetidas advertências sobre os perigos da mudança climática. Para aumentar a amargura dos pesquisadores, em mais do que em casos isolados, foram colocadas demandas sobre eles para aliviar suas conclusões, de modo a evitar mostrá-las a governantes e decisores políticos. As pressões para que se evite levantar “questões fundamentais e desconfortáveis ​” podem ser fortes, explicou Anderson em uma entrevista em junho passado.

“Os cientistas estão sendo persuadidos a desenvolver conjuntos cada vez mais bizarros de cenários … que ssejam capazes de entregar mensagens politicamente palatáveis. Tais cenários subestimam a taxa de crescimento das emissões atual, assumem picos ridiculamente precoces nas emissões e trocam os compromissos para ficar abaixo [de um aquecimento] de 2°C por uma porcentagem de chance de 60 a 70 de exceder esses 2°C”

Anderson e Bows-Larkin têm sido capazes de desafiar tais pressões ao ponto de terem sido coautores de dois artigos notáveis ​e relacionados entre si, publicados pela Royal Society em 2008 e 2011.

No segundo delas, os autores fazem uma distinção entre países ricos e pobres (tecnicamente, nas categorias do “anexo 1” e “não-Anexo 1” da ONU), ao calcularem as taxas de redução de emissões em cada conjunto, que seriam necessárias para manter a temperatura média global a não mais que 2 graus dos níveis pré-industriais.

A notícia embaraçosa para os governos é que os países ricos do Anexo 1 precisam começar imediatamente a cortar suas emissões com taxas de cerca de 11 por cento ao ano. Isso permitiria que os países fora do Anexo 1 atrasem seu “pico de emissões” até 2020, permitindo o desenvolvimento de suas economias e a elevação dos padrões de vida de seus habitantes.

Mas os países pobres também teriam, então, de começar a cortar suas próprias emissões a níveis sem precedentes – e as chances de aquecimento superior a 2 graus de aquecimento ainda seriam em torno de 36 por cento. Mesmo para uma chance de 50 por cento de aquecimento superior a 2 graus, os países ricos teriam de cortar suas emissões a cada ano a uma taxa de 8-10 por cento.

Como Anderson aponta, é praticamente impossível encontrar um economista mainstream que veja reduções anuais de emissões de mais de 3-4 por cento como compatíveis com qualquer coisa, exceto recessão severa, com uma economia constituída nos atuais termos.

Quatro graus?

E se o mundo mantiver suas economias baseadas no mercado e, depois de um pico em 2020, começar a reduzir suas emissões com base nestes 3-4 por cento “permitidos”? Em seu artigo de 2008, Anderson e Bows-Larkin apresentam números que sugerem um possível nível de dióxido de carbono na atmosfera equivalente de 600-650 partes por milhão como resultado. O climatologista Malte Meinshausen estima que 650 ppm daria uma probabilidade de 40 por cento de exceder não apenas dois graus, mas quatro!

Anderson, no passado, já se pronunciou sobre o que podemos esperar de um “mundo de quatro graus”. Em uma palestra pública em outubro de 2011 ele descreveu como “incompatível com uma comunidade global organizada”, “provável que esteja além da adaptação” e”devastador para a maioria dos ecossistemas”. Além disso, um clima quatro graus mais quente teria “uma alta probabilidade de não ser estável”. Isto é, quatro graus seria uma temperatura intermediária, rumo a um nível de equilíbrio muito mais quente.

Conforme relatado no jornal The Scotsman, em 2009, ele se concentrou no elemento humano :

“Eu acho que é extremamente improvável que nós não tenhamos morte em massa a 4°C [de aquecimento global]. Se tivermos uma população de nove bilhões até 2050 e chegarmos a 4°C, 5°C ou 6°C, pode-se ter meio bilhão de pessoas sobrevivendo”.

Não admira que essas pessoas bem informadas estejam se revoltando.

Métodos de mercado?

O IPCC cumpriu e cumpre um papel fundamental
ao trazer a tona a questão da crise climática, mas
muitos dos cientistas que tratam das possíveis
políticas de mitigação permanecem presos a
ilusões sobre soluções “de mercado”. Tais visões,
porém, começam a ser questionadas dentro da
própria comunidade da Ciência do Clima.

 
Anderson também emergiu como um poderoso crítico da ortodoxia de que a redução das emissões deve ser baseada em métodos de mercado, se se deseja que ela funcione. Seus pontos de vista sobre este ponto foram trazidos para o foco em outubro passado, em uma resposta afiada para o chefe das Nações Unidas sobre mudanças climáticas – e entusiasta do mercado – Rajendra Pachauri:

“Eu discordo do otimismo do Dr. Pachauri que mercados e preços possam garantir compromissos da comunidade internacional em limitar o aquecimento a 2°C”, como publicado no jornal britânico Independent, citando Anderson. “Eu sustento que tal abordagem baseada no mercado está condenada ao fracasso e é uma distração perigosa de um quadro regulatório padronizado e abrangente”.

Crítico dos esquemas de redução baseados no mercado, Anderson centra sua conclusão em que o limite de dois graus “não é mais possível por meio de mitigação gradual, mas apenas através de cortes profundos nas emissões, ou seja, reduções não-marginais no nível de mudança qualitativa.

“Uma premissa fundamental da economia neo-clássica contemporânea é que os mercados (incluindo os mercados de carbono) só são eficientes na alocação de recursos escassos, quando as mudanças que estão sendo considerados são muito pequenas – ou seja, marginais.

“Para termos uma boa chance de ficar abaixo de dois graus Celsius”, Anderson observa, “as emissões futuras do sistema energético da União Européia … necessitam de redução a taxas de cerca de 10 por cento ao ano – uma mitigação para colocá-las muito abaixo do que a redução marginal que os mercados são capazes de nos oferecer.”

Se forem feitas tentativas de assegurar essas reduções por meio de métodos de cap-and-trade, argumenta, “o preço do carbono será quase certamente muito além de tudo do que possa ser descrito como marginal (provavelmente muitas centenas de euros por tonelada) – daí os argumentos de ‘eficiência’ e os ‘benefícios de menor custo’ alegados pelos que defendem o mercado já não se aplicam.”

Ao mesmo tempo, as implicações do ponto de vista da equidade e justiça social seriam devastadoras. Anderson ressalta:

“O preço do carbono poderá ser sempre pago pelos ricos. Podemos comprar um 4WD/SUV ligeiramente mais eficiente , reduzir um pouco nossos voos frequentes, considerar ter uma casa de veraneio menor, mas no geral nós continuar com nossas vidas como de costume. Enquanto isso, as camadas mais pobres da nossa sociedade … teriam que fazer ainda mais cortes no aquecimento e na energia em suas moradias alugadas, inadequadamente isoladas termicamente e mal projetadas”.

A agenda da energia

No curto prazo, Anderson argumenta, uma “agenda de energia para dois graus” requer “reduções rápidas e profundas na demanda de energia, com início imediato e continuação por pelo menos duas décadas”. Isto permite ganhar tempo enquanto um sistema de abastecimento de energia de baixo carbono é construído. Um “plano radical” para redução de emissões, ele indica, está entre os projetos em curso no âmbito do Centro Tyndall.

Cada uma dessas “fatias” é responsável por metade das
emissões mundiais de carbono. Limitar as emissões e
conter o aquecimento global passa fundamentalmente
por uma sociedade mais equânime.

 
O custo dos cortes de emissões, insiste, precisa recair “naquelas pessoas principais responsáveis ​​pelas emissões”. Como citado pela escritora Naomi Klein, Anderson estima que 1-5 por cento da população é responsável por 40-60 por cento das emissões de carbono.

Embora não rejeitando mecanismos de preços num papel de apoio, Anderson argumenta que o volume necessário de cortes de emissões só pode ser alcançado através de regulamentos rigorosos e cada vez mais exigentes. Sua “lista provisória e parcial” inclui o seguinte:

  • Padrões de energia/emissões estritos para os eletrodomésticos, automóveis, etc., com uma sinalização clara para o mercado de que tais normas irão apertar anualmente, por exemplo começando com restrição de 100gCO2/km para todos os carros novos a partir de 2015, reduzindo em 10 por cento a cada ano até 2030.
  • Normas de fornecimento de energia estritas, por exemplo, para 350gCO2/kWh na geração de eletricidade como o nível de emissões médio da carteira de um fornecedor de centrais elétricas; com redução em torno de 10 por cento ao ano.
  • Um programa de implantação de normas de energia/emissão rigorosas para equipamentos da indústria.
  • Padrões de eficiência mínima rigorosos para todas as propriedades para venda ou aluguel.
  • Um padrão mundiais de baixa energia para todas as casas novas construções, escritórios, etc.

Fazer valer esses padrões radicais, argumenta ele, “pode ser alcançado, pelo menos inicialmente, com as tecnologias existentes e com pouco ou nenhum custo adicional”.

Crescimento econômico

Para se ter uma chance razoável de manter o aquecimento abaixo de 2 graus, Anderson defende, os países ricos teriam de abrir mão de crescimento econômico por pelo menos dez a vinte anos. Aqui, ele se baseia na sabedoria convencional de “modeladores de avaliação integrada” – e pode estar bastante errado. O americano Joseph Romm, blogueiro líder em clima, no ano passado, chegou a conclusões bastante diferentes:

“A última revisão do IPCC da literatura econômica dominante mostra que mesmo para a estabilização em níveis de CO2 tão baixos quanto 350 ppm, os custos médios macroeconômicos globais em 2050 correspondem a uma desaceleração do crescimento médio anual do PIB mundial em menos de 0,12 ponto percentual. Deveria ser óbvio que o custo líquido é baixo. O consumo de energia é responsável pela esmagadora maioria das emissões e os custos de energia são tipicamente cerca de 10 por cento do PIB”.

Numa conjuntura em que não faltam trabalhadores desempregados e grande parte da capacidade industrial mantém-se não utilizada, mobilizar recursos e mão de obra para substituir equipamentos poluentes poderia aumentar drasticamente o Produto Interno Bruto. Além disso, essas contas precisam considerar os absurdos do próprio PIB como uma ferramenta de medição, já que conta a construção de presídios e o desenvolvimento de sistemas de armas como atividades produtivas. Anderson destaca algumas dessas contradições, quando afirma:

“As taxas de mitigação bem acima dos 3 a 4 por cento ao ano dos economistas ainda podem revelar-se compatíveis com alguma forma de prosperidade econômica.”

Na verdade, reconstruir nosso sistema industrial ineficiente e poluente poderia permitir que a grande maioria de nós pudesse levar uma vida mais rica e mais gratificante.

Represálias

Usinas termelétricas (a carvão, óleo e gás) terão de ser
paralisadas e reservas imensas de combustíveis fósseis têm
de permanecer intocadas para termos chance de limitar o
aquecimento global a dois graus.

 
Onde Anderson não está errado é em antecipar, em vários momentos, no seu blog e em entrevistas, que qualquer movimento sério para reduzir as emissões com as taxas exigidas irá encontrar resistência feroz. Ativos industriais principalmente gigantescas usinas movidas a combustível fóssil, ficariam “encalhados”. Reservas já comprovadas de carvão, petróleo e gás terão de ser deixadas no chão.

Como os cientistas acusados ​​em 2009 no caso espúrio do “Climategate”, as pessoas que falaram na Conferência de Redução de Emissões Radical agora esperam sentir as queimaduras do maçarico das represálias conservadoras.

Junto com Anderson e Bows-Larkin, é provável que um alvo em particular seja o diretor do Centro Tyndall, Professor Corinne Le Quéré, que apresentou o caso científico para a redução de emissões rápidas. Quatro acadêmicos australianos que contribuíram via rede, inclusive o cientista do clima Mark Diesendorf, já estão sob ataque pessoal venenoso por parte do Daily Telegraph.

O “crime” cometido pelos pesquisadores do Centro Tyndall é muito maior do que os e-mails vagamente formuladas que foram apreendidos em como pretexto para “Climategate”. Com outros membros da comunidade científica do clima, essas pessoas corajosas têm desafiado a ideia de que corporações poluidoras e os governos que as apoiam dão a mínima para a preservação da natureza, da civilização e da vida humana.

Texto traduzido e publicado por Alexandre Costa [Ph.D. em Ciências Atmosféricas, Professor Titular da Universidade Estadual do Ceará] no blogue ‘O que você faria se soubesse o que eu sei?

EcoDebate, 29/01/2014


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Alexa

2 thoughts on “Os novos revolucionários: Cientistas do clima exigem mudança radical, por Renfrey Clarke

  • O mais assustador de todo esse texto não são as consequências para a economia da redução necessária para se manter o clima razoavelmente estável. São as consequências para a economia e tudo o mais de não se manter.

    Mas o grande problema é que o que estes cientistas estão propondo não será feito. Será adiado, e adiado, e adiado… alguns vão propor que se reutilizem sacolinhas de supermercado ou sugerir artesanato com garrafas pet e… e tudo vai continuar como está indo. Como já vem sido feito. E as alternativas ficarão piores e piores (um dia, manter o clima abaixo de 2oC de aquecimento global teria sido mais simples… mas…).

    E isso não é só porque a grande maioria das pessoas não tem noção de quanto as coisas estão ruins. Até que bastante gente sabe que tem algo de errado hoje em dia. A parte do “baixo para cima” é a única que anda tendo alguns resultados ultimamente. Mas só isso não vai segurar o rojão.

    E quem poderia parar o rojão não vai. Não vale à pena para eles. Com perspectivas de que a população mundial seja reduzida para meio bilhão se esperaria que eles pensassem na possibilidade de não ganharem nessa loteria, mas além de terem mais de um bilhete (bem mais) eles têm mais uma coisa: são velhos.

    Olhe para a maioria dos dirigentes de petrolíferas, de ruralistas desmatadores, de gente que justifica o impensável com as mesmas desculpas toscas de sempre e você vai notar um padrão: são todos muito, muito velhos. Eles não vão estar aqui em 2050. Portanto eles não dão a mínima para 2050. Qualquer sacrifício no modo de vida deles hoje é um preço demasiado a pagar pelo futuro, pois eles não vão estar nesse futuro mesmo.

    Claro, tem velhos do outro lado também. Tem quem se preocupe com o que vai acontecer mesmo que isso aconteça depois dos seus anos. Mas é que a humanidade tem gente egoísta e gente que se importa com os outros. E não precisa de muita gente egoísta… olha a enormidade que é: 1% da humanidade causando cerca de 40% das emissões de carbono.

    E já houve estudos genéticos mostrando que os mesmos genes que predispõe à psicopatia também predispõe a pessoa a alcançar altas posições na hierarquia econômica, como CEO. A explicação era que a diminuição da empatia podia ser uma vantagem nos ambientes altamente competitivos.

    Mas a diminuição da empatia também significa avaliar friamente a idéia de se fazer sacrifícios agora e não ter uma desgraça em 2050, bem depois de sua morte, e falar “que se dane”.

    E o maior problema de todos, quanto às mudanças climáticas, é que desde a década de setenta tem gente poderosa olhando a bola de neve crescer e falando “que se dane”.

    Tanto quanto posso compreender a situação, o problema é este. Não sei o que pode ser feito quanto a isso no mundo de hoje. Tenho medo do que vai acontecer, e de que as mudanças de “baixo para cima” não vão servir para nada. Posso tentar mudar a mim mesma, afinal, mas apesar das histórias e músicas e sonhos de criança, já sou velha o suficiente para não ter mais esperanças de mudar o mundo.

    Não que eu não espere chegar a 2050. Por isso, só tenho esperança de estar muito, muito errada.

  • Fico assustado como cientistas saem dos seus laboratórios para atuar na arena política. Quase que invariavelmente eles rogam por maior controle do estado e uma sociedade ao estilo 1984 (George Orwel). Tem-se dois exemplos que ainda estão aí, como James Hansen (considerado o “”Pai” do aquecimento global antropogênico catastrófico e pior do que ele, Paur Ehrlich. Este último depois de ficar décadas fazendo predições que erraram longe (The Population Bomb), agora está engajado no ativismo do aquecimento global. Ele pregava que apenas uma pequena elite poderia ter filhos, pregava a esterilização forçada e até anticoncepcionais na água da população. Ao meu ver, um grande e ilustre idiota.
    James Hansen, em seu testemunho no senado americano sobre aquecimento global, em 1988, traçou 3 cenários para as temperaturas mundiais. Errou LOOOOnnge. Ultimamente passou para o ativismo, que ao meu ver é uma rota de fuga para o fracasso científico.
    Os 2C são uma invenção política, criada durante o fracasso de Copenhagem. Este número foi tirado da manga de um outro aquecimentista famoso, Hans Joachim Schellnhuber. Ele é do PIK ( Potsdam Institute for Climate Impact Research) e um alarmista compulsivo.
    As visões de catástrofe eminente sempre foram exploradas exatamente pelo 1% por séculos e séculos. Agora, as catástrofes saem dos computadores, que rodam modelos viciados, errados e parametrizados para servir o 1%. Nada mais. Não creio em cientista-ativista ou em cisntista-cidadão. Ivariavelmente eles vão continuar a servir quem lhes paga. Não esperava outra coisa de um centro de pesquisas em mudanças climáticas (Tyndal). Se o problema não existir, eles também deixam de existir. Então, de-lhe alarme na popualção, para que esta pressione os políticos, para que estes garantam a sua sobrevivência. Faltam 35 anos para 2050. A anomalia de temperatura global neste século já está negativa. Para subir mais 1,3C até 2050 ela deveria estar perlo de 0,3C década. Não está. Os modelos erraram. As temperaturas estão planas há 17 anos e em queda nos últimos 10, enquanto as emissões de carbono não pararam de subir. Mais uma tentativa de manter a agenda em curso. Só isto.

Fechado para comentários.