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Notícia

Governo do Maranhão veta lei que pune empresas que façam uso de trabalho escravo

 

Na foto, José Maria Batista, lavrador de Riacho do Mel
Maioria dos trabalhadores resgatados em trabalho escravo é do Maranhão. A Comissão Pastoral da Terra (CPT) mostra que de 1995 a 2011 foram resgatadas 41,6 mil pessoas. Desses, estima-se que 28,31% são maranhenses. Em dois povoados na zona rural da cidade, Riacho do Mel, com 68 famílias, e Pequi da Rampa, com 42, em todas as casas, há algum morador, parente ou amigo próximo que deixou a comunidade para se submeter a péssimas condições de trabalho. Na foto, José Maria Batista, lavrador de Riacho do Mel. Foto de Marcello Casal Jr./ABr.

 

No Maranhão, um projeto de lei que pune empresas que fazem o uso direto ou indireto de trabalho escravo foi aprovado pela Assembleia Legislativa, mas foi vetado pelo Executivo estadual.

O Maranhão aparece no topo de listas de trabalho escravo. Além de ser a principal origem dos trabalhadores resgatados em todo o país – 28,31% nasceram no estado -, aparece em quinto lugar com o maior número de pessoas e empresas flagrados em condições análogas às de escravo na lista suja do Ministério do Trabalho e Emprego (MTb).

O Projeto de Lei 169/2013 determinava a cassação da inscrição no cadastro de contribuintes do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) de qualquer empresa que faça uso direto ou indireto de trabalho escravo ou em condições análogas. O projeto estabelecia também que caberia ao Executivo a publicação no Diário Oficial do estado da relação nominal das empresas que fossem punidas.

No início de agosto, a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), vetou o projeto de lei. Procurado pela Agência Brasil, o governo do estado encaminhou a mesma justificativa apresentada à Assembleia Legislativa: “Apesar de reconhecer-se a relevância da propositura, entende-se não poder ser a mesma sancionada quando se verifica que o projeto representa matéria cuja competência é de iniciativa privativa do governador do estado, por se tratar de matéria tributária”.

Em nota, o governo esclarece ainda que o veto deu-se porque a lei tinha “teor inconstitucional à época – a decisão da governadora é anterior à aprovação pela AL [Assembleia Legislativa] da proposta que modificou o texto da Constituição sobre o tema”. No início de setembro, a assembleia manteve o veto da governadora.

O governo maranhense diz ainda na nota que “vem tomando medidas efetivas para a permanência da mão de obra no estado, qualificação do trabalhador, atração de novos empreendimentos e, consequente, erradicação do trabalho escravo, buscando impedir que maranhenses sejam vítimas dessa prática criminosa”. Segundo o texto, o estado participa de programas como o Programa Marco Zero, iniciativa do Ministério do Trabalho que faz o acompanhamento prévio das vagas de trabalho oferecidas fora do Maranhão para trabalhadores maranhenses, numa busca por empregos que não tenham qualquer ligação com essa prática.

Além disso, o governo do estado está presente na Caravana da Liberdade, voltada à prevenção ao trabalho escravo e trabalho infantil. Os programas Maranhão Profissional e Viva Estágio Primeiro Emprego qualificaram aproximadamente 350 mil profissionais. “O objetivo é fazer com que os maranhenses sejam a principal mão de obra em fábricas e indústrias que estão se instalando no estado”.

Os últimos dados do Ministério do Trabalho mostram que o problema do trabalho escravo persiste no estado. De março a junho deste ano, foram fiscalizados 17 estabelecimentos e 70 trabalhadores foram resgatados. Em 2012, foram fiscalizados dez estabelecimentos e 67 trabalhadores foram resgatados de março a outubro.

Matéria da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 07/10/2013


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