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Notícia

Go Amazon mapeará os impactos da área urbana na floresta Amazônica

 

Órgãos brasileiros e internacionais estão envolvidos no projeto

 

Programa de Larga Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia
Foto: Programa de Larga Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia

 

[Por Deborah Rezaghi, para o EcoDebate] A influência que uma grande área urbana pode trazer para a floresta ao seu redor é a resposta que o projeto Go Amazon tentará encontrar. A previsão é que as pesquisas comecem em janeiro de 2014, na região de Manaus, e tenham duração de dois anos. Um dos integrantes do projeto é Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da USP, membro do CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente), com atuação no LBA (Programa de Larga Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia). “Vamos tentar entender qual é o impacto de uma grande área urbana, como a cidade de Manaus, na interação da floresta no entorno da cidade. E o que isso traz do ponto de vista da produção de ozônio, de partículas, na alteração das propriedades das nuvens e das chuvas, e assim por diante” afirma Artaxo.

Na região da Amazônia vivem 25 milhões de pessoas. Diferente de 40 anos atrás, quando apenas 3,5% da população viviam em cidades, hoje o número subiu para 73%. As áreas metropolitanas de Manaus e Belém, por exemplo, abrigam cerca de 2 milhões de habitantes cada uma. “A Amazônia é uma cidade. A maior parte da população é urbana” diz Artaxo.

O processo de urbanização repentina das cidades trouxe vários problemas, como apontam os números: 90% dos municípios não dispõem de aterros sanitários, o que faz com que o lixo seja disposto a céu aberto ou despejado in natura nos rios; e somente 9,7% dos domicílios da região Norte estão ligados à rede coletora. Além do que, a urbanização também trouxe outros problemas, como a disseminação de doenças como a malária, típica das florestas, para o coração das cidades. Porto Velho (RO), Cruzeiro do Sul (AC) e Manaus (AM) concentram juntas 25% das ocorrências nacionais da doença.

Para Paulo Artaxo, o impacto da urbanização também é sentido nas florestas: “Com esse processo pode-se prejudicar as plantas que irão fazer menos fotossíntese.” Além disso, não é só no Brasil que isso está acontecendo. “A urbanização está ocorrendo em todas as regiões tropicais, como na África e na Ásia. Precisamos entender melhor esse processo para poder incluí-lo nos modelos climáticos globais e saber quais políticas públicas adotar”.

A Amazônia é a maior fonte de carbono do mundo. Por conta disso, o pesquisador afirma que qualquer alteração que faça as plantas absorverem mais ou menos carbono trará grandes consequências. E será exatamente esse o impacto que o projeto Go Amazon buscará mapear. “Será que a produção de ozônio, a partir da interação dos óxidos de nitrogênio emitidos pela cidade, com os compostos orgânicos voláteis da vegetação, é assim tão significativa mesmo como a gente espera que seja? Essa é uma questão científica que ainda não tem resposta, mas que teremos daqui a dois anos quando terminarmos o experimento”.

O LBA (Programa de Larga Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia)é um experimento de grande escala da biosfera e atmosfera da Amazônia que teve início no final dos anos 1980 por iniciativa de um grupo de pesquisadores. As perguntas principais do experimento eram entender como funciona naturalmente o ecossistema Amazônico, e como as atividades produzidas pelos humanos poderiam alterar os processos físicos, químicos e biológicos que sustentam seu funcionamento. O programa conta hoje com 12 torres que têm entre 55 e 85 metros de altura e medem o quanto a floresta está absorvendo de carbono. “Isso nos permite ter uma visão única do ecossistema como um todo”, afirma Artaxo. No projeto Go Amazon estão envolvidos diversos órgãos, entre eles o INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), USP (Universidade de São Paulo), INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), UEA (Universidade do Estado do Amazonas), UFAM (Universidade Federal do Amazonas), além de entidades internacionais como Universidade de Harvard (EUA), Instituto Max Planck (Alemanha), além de um grupo grande de universidades americanas que estão interessadas no experimento.

*Deborah Rezaghi é estudante de jornalismo e participa do “7º curso Descobrir a Amazônia – Descobrir-se Repórter”, módulo do Projeto Repórter do Futuro que é organizado pela OBORÉ Projetos Especiais em Comunicações e Artes, IEA/USP – Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo e Abraji – Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo.

 

EcoDebate, 31/05/2013


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